Cai um manto de pesado nevoeiro sobre a Europa inteira .
Denso como chumbo .
Como lama .
Como lodo .
Vai-se apagando cada vez mais a memória das coisas .
Meio século bastou para reascender os fantasma do passado .
Os demónios dos nacionalismos doentios, dos impérios crimi-
nosos, das fronteiras talhadas a régua e esquadro .
A herança do Congresso de Berlim .
A vergonha dos genocídios, de onde se destaca o Holocausto
Judeu .
As barbáries dos coloniaismos, em África, Ásia, um pouco por
todo o mundo .
As guerras intestinas da Espanha, Grécia, Turquia, Jugoslávi,
Irlanda .
De repente ficou tudo de escâncaras
.
Quem começou primeiro ?
Os alemães, os franceses, os britânicos ?
Que importa isso agora ...
Ficou de repente exposto todo o cenário
.
São essas memórias enjoativas que vão pairando, inevitavelmente,
sobre as nossas consciências .
A Europa nunca mais recuperará desse trauma.
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