Mesmo com tudo que eu vivi durante a Revolução
do 25 de Abril, sempre entendi que a minha Revolução
nunca seria possível em Portugal, nem em nenhuma
parte do mundo .
Julguei, todavia, que um certo patamar democrático po-
deria ser alcançado, até tendo em linha de conta o atraso
endedémico, que nunca conseguimos ultrapassar .
Muito se avançou em todos os domínios, política, eco-
nómica, social, e culturalmente .
Algumas elites foram cooptadas para o desenvolvimento de
Portugal, mas foi o povo anónimo e esforçado, quem ten-
tou saltar a cerca e quebrar as algemas do obscurantismo
em que estivemos mergulhados durante tanto tempo .
Quase conseguimos .
"O mundo, às vezes, pula
e avança, como bola colo-
rida,entre as mãos de
uma criança".
Mas a história acaba aqui .
Desgraçadamente .
A ganância, o roubo, a patifaria, o desatino, tomaram
de assalto o castelo e, como corsários desembestados,
derrubaram tudo e todos à sua passagem ,
Sócrates
Um menino e côro,
comparado com as hordas de Hunos que vieram a seguir .
E não há inocentes nesta cruzada, uns por convicção, ou-
tros por conivência .
A culpa não é só nossa,
mas não quisemos , ou não soubemos defender o nosso
quadrado, como já fizemos tantas vezes, ao longo da nos-
sa história .