Uma vez terminada a tropa,
que me fez perder mais de cinco anos da minha vida profissional,
( as mulheres, nessa altura, não cumpriam serviço militar obrigató-
rio, razão porque centenas de engenheiras passaram à minha frente
na profissão - a esse assunto falarei noutra ocasião ),
apresentei-me na Escola onde havia dado aulas, com o meu diploma
oficial de Professor .
Era de Lei, que uma vez acabada a tropa, mantinha o lugar aquando
do meu regresso à vida civil .
Que nada, fiquei desempregado, situação em que me mantive quase
sete meses .
Como ainda não havia sindicatos a sério, tive que aguentar ...
Nesse entretanto, dividia o meu tempo entre o banco do Jardim das
Amoreiras e o balcão dos anúncios do Diário de Notícias .
Foram tempos inesquecíveis ...
Até parece a minha ida à guerra ,do Solnado,
ou as redacções da Guidinha, do Diáio de Lisboa ...
Mas lá acabei por obter uma resposta a um emprego :
Havia na Direcção-Geral em causa,
um furioso engenheiro, mau como as cobras,
que não conseguia ninguém para seu adjunto .
(Já antes havia concorrido curricularmente a um lugar :
mas como eram só duas vagas, fiquei em terceiro ) .
Foi então a minha sorte grande - comecei a trabalhar no dia seguinte,
como colaborador não efectivo, pago a recibo branco ( ainda não ha-
via dos verdes), pela verba de uma companhia de petróleos .
Assim entrei para o Estado .
Mas sabia que o iria chular toda a vida ...
Assim fui andando, até ao 25 de Abril .
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