Não sei nadar .
Não gosto muito de tomar banho,
e muito menos de andar de barco .
Navegar no Rio Douro foi uma enorme aventura,
foi o meu baptismo de navegação .
Fiz-me herói e fui tentar o passeio pelo Douro adentro .
Não que tenha perdido o medo,
mas ganhei o respeito .
O mais importante de tudo,
não foi a paisagem,
nem o legado deixado à humanidade,
e que torna em magia,
tudo o que nos rodeia nesta região .
Já vi muito mundo,
conheci muita coisa,
e o que mais me toca,
não é a maravilha da paisagem,
e a sua beleza envolvente.
O que mais fortemente me impressiona,
é o tentar imaginar
o gigantesco esforço que milhões de homens e mulheres,
desenvolveram ao longo de séculos,
para tornar possível esta maravilha .
O trabalho, o sacrifício, o suor, o sofrimento,
a prepotência, a injustiça, a dôr, os tormentos,
de tanta gente que nunca chegará a provar
esse néctar prodigioso,
que é o Vinho do Porto
Curvo-me perante a coragem
e a realidade cruel deste povo,
gente tornada escrava
que edificou este
Património Cultural da Humanidade,
que não Património da Justiça e da Equidade .
A Beleza, por vezes,
veste a máscara da desgraça
e da violência .
Portanto,
um Porto à vossa saúde .
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