sábado, 3 de maio de 2014
O RALLY PAPER DA PÁSCOA .
A Páscoa foi sempre uma época muito especial,
sobretudo nas terras da província .
Desde logo porque desfrutávamos de duas semanas
de férias, esquecendo por completo as nossas obrigações
de estudantes .
Depois era o período de tempo em que a as famílias se jun-
tavam, havendo gente que vinha de longe, para a reunião
pascal .
Mas divertido era o jogo do gato e do rato, entre o prior e
os seus acólitos, que davam Jesus a beijar a todos os crentes
da paróquia,recebiam a côngrua, para a despesas da Igreja,
e empaturravam-se de bons bolos e de melhores vinhos
e licôres,
evitando eventuais encontros com os que não gostavam do
padre, não seguiam os ritos tradicionais, ou, no limite, descriam
por completo dessa coisa da religião .
A minha família era enorme, e eu pertencia ao segundo grupo .
Numa terra pequena, como era a minha,
era um autêntico rally paper, percorrer as casas dos meus
familiares, provando o que havia de melhor posto nas mesas,
sem ter que dar cavaco aos bem aventurados difusores da fé
cristã .
Nos dias seguintes ia-mos repetindo as doses, ou trilhando os
caminhos de outros parentes, que poderiam ficar ofendidos por
não ter sido convidados para o festim .
Amêndoas nunca foi o meu forte,
mas as passas e os frutos secos eram de comer e chorar por
mais .
E havia cada bolo que nos fazia perder a cabeça e o juízo .
Bons tempos .
.