sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PORTUGAL, PAÍS PARDACENTO .

Foi em 1972, que rumei pela 1ª vez para França, no âmbito
de um estágio professional, onde visitei Paris e outras cidades,
fábricas, organismos estatais, laboratórios e centros de inves-
tigação .

Apanhei uma enorme lufada de ar fresco, um banho  de civili-
zação .

Vinha de um País cinzento, onde tudo o que não era obrigató-,
rio, era proíbido .
Salazar, a Pide, a Legião, a Censura, a Guerra Colonial, onde
estive adormecido cerca de 5 anos, os longos xailes pretos que
tapavam o corpo das mulheres, muitas crianças ainda com os 
pés descalços, sem Assistência Médica e Social, com a maior 
taxa de mortalidade infantil Europa da, onde as mulheres rara-
mente saíam à rua, a não ser para frequentar a Igreja, e os ho-
mens das cidades, tinha lugares marcados na Missa e nos cafés .

Um mundo parado, à espera que chegasse a Tropa, à espera que
a guerra acabasse, à espera de arranjar um emprego, gente que
fugia para o estrangeiro, para não ir combater em África, ou
para ter uma vida melhor, longe da terra onde nasceu .
Muitos tentavam aguentar a tormenta, dentro do Sistema, como
os camaleões,  outros abraçavam a Clandestinidade e a Luta Ar-
mada .

Portugal permanecia parado, à espera de um pequeno empur-
rão que desatasse o imenso nó cego, que nos amarrava ao pas-
sado e à mediocridade .

As grandes potências, especialmente as que se diziam nossas
amigas e aliadas, sempre jogaram com um pau de dois bicos,
vendendo armas para o esforço de guerra nacional, enquanto
as davam aos Movimerntos de Libertação .

Foi com grande esperança e espectativa que voei para França, 
para tentar conhecer o outro lado do Mundo .
.