Naquele tempo,
era proíbido pronunciar
a palavra VERMELHOS ...
Aos 14 anos, comecei a frequentar a escola da noite,
onde iniciei os meus primeiros contactos com os ope-
rários da indústria têxtil, no Tortozendo e na Covilhã .
Gente trabalhadora e solidária, de quem guardo as
melhores recordações, e que me ensinou a compreen-
der melhor a vida .
Pouco se falava de política, mas facilmente se pressen-
tia a acrimónia, quando não o ódio, aos patrões e seus
colaboradores
.
Passava-se isto na década de 50, num meio serrano,
sem assistência médica, escolas secundárias, sem o mí-
nimo de conforto, num clima muito frio, e com poucos
transportes, com os operários e operárias, trabalhando
em três turnos, sem parar .
Que dizer das condições sociais, assistência médica,
sem lares, nem cantinas, sem creches, sem nada ...
Estava-se então no período mais feroz da ditadura sala-
zarista .
Quem não viveu esses tempos, não sabe nada, de nada .
Foi nessa altura que soube que havia gente que se opun-
ha tenazmente ao odioso regime de António de Oliveira
Salazar, gente que sofria horrores com a prisão, a tortura,
e até a morte .
Essa gente, eram os membros do Partido Comunista Por-
tuguês, que viviam, por norma, na clandestinidade .