A primeira vez que vi o mar,
foi numa das viagens em que o meu pai nos levou
de Seia para o Tortosendo, pela noite dentro .
A seguir à Srª do Espinheiro, virando à esquerda,
antes das Penhas Douradas, fizémos um pequeno
desvio, e chegámos ao Cabeço de Santo Estêvão .
De repente, ao subir uma pequena elevação, avistá-
mos o Mar , um mar de luz, centenas, milhares de
luzes, e ficámos extasiados, maravilhados com o es-
pectáculo imponente que se nos deparou .
Passados alguns momentos, quedámos em silêncio,
comovidos com a grandiosidade e a beleza daquela
visão .
Muitas vezes mais repeti a aventura, sempre que a
ocasião se proporcionava .
Mais tarde, era ponto obrigatório, nos passeios
com que brindava os familiares e amigos .
Seia foi uma das primeiras terras do país a viver
a saga da electricidade, introduzida nos anos 20,
do Séc. XX, no altiplano da Serra da Estrela , por
um visionário, chamado Alfredo Marques da
Silva, nascido em Gouveia .
Concessionou todas as águas da Serra da Estrela,
pelo espaço de um século.
Em troca, fornecia electricidade quase de borla,
a todo o Concelho de Seia .
Todo o vale do Mondego (e vale do Dão), De Celo-
rico da Beira, até às proximidades de Coimbra,
todos os anos a rede eléctrica ia levando o progres-
so, a dezenas e dezenas de terras, cidades e peque-
nas povoações .
Foi assim, que Seia viria a tornar-se uma terra
importante desde muito cedo .
E, eu, tive a dita de aí nascer e crescer,
e viver bastaste tempo .
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