quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O MEU PRIMEIRO DIA DE AULAS .

Para mim, o primeiro dia de aulas, 
era o dia da libertação .

Ao fim de quase três meses e meio de férias, quantas vezes
prisioneiro de tios e tias, mesmo acompanhando o meu avô,
sujeito a um autêntico regime de clausura, com regras e im-
posições de toda a natureza, 
para mim, quando se aproximava o mês de Outubro,
nascia-me uma alma nova, 
o sol voltava a brilhar de novo .

O regresso dos amigos, o desafio feito aos professores,
a prespectiva de novas aventuras e peripécias,
o recreio quotidiano, em que o jogo de futebol contra o
professor Ramos, era o prato forte, quer chovesse ou 
fizesse sol, a descoberta de novas malandrices, a cum-
plicidade dos nossos sonhos e quimeras, a visita à escola
das raparigas,  sempre vigiadas , situada longe da escola 
dos rapazes, 
e toda a imaginação e fantasia de usávamos e abusáva-
mos, 
tudo isso fazia com que as aulas durassem sempre 
um bom pedaço a mais.

Estudar ?.
Trabalhos de casa ?.
Explicações .

Tudo isso nada importava .
Era um desperdício .

Como diria o Poeta :

Trabalhar é coisa pouca.
Estudar é coisa lousa.

Quando havia um furo, ou algum professor faltava,
era motivo de júbilo

Quando a neve nos fazia uma visita, era decretado feriado  
oficial,
e partíamos em debandada, rumo às lutas entre escolas,
a que a população se associava alegremente .

E ainda há malta que não gosta de ir às aulas ...

Trata-se de gente malsã e muito 
estranha,
ou alguém com algum parafuso a menos .
.