Trago sempre comigo as Montanhas
da Serra da Estrela .
Há tanto que me afastei delas para bem longe, mas conti-
nuam sempre dentro e mim .
Na minha memória, na minha imaginação .
Por elas passeio, todos os dias, quando divago pelos jardins
de Telheiras .
Falam comigo e por mim .
As cascas dos Plátanos, as sementes, as bagas, os líquenes,
têm a mesma côr das montanhas, e o branco do papel acres-
centa-lhe neve .
A Serra a Estrela está mesmo aqui, convivo com ela, no dia a
dia, a cada passo que dou .
Dizem que são ideias malucas, mas a gente só vê o que quer,
e o que sente .
Porque não tentar mostrar aos outros o mundo da fantasia que
carrego comigo ?.
Pouco ou nada custa ...
As urzes, as giestas, as mimosas, estão por aqui no bairro .
São as mesmas côres que vejo à minha volta , o castanho, o ama-
relo, o rôxo, o cinza, especialmente neste falso Inverno, esperan-
do a chegada a Primavera, que tarda ...
Muitos, de nada se apercebem, de tão apressados e distantes, a
caminho do trabalho e das preocupações a vida .
Mas para mim tudo é nítido e claro, como a
natureza em que vivo mergulhado .
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