É hoje a super terça-feira. Não, não falo da terça-feira gorda de Carnaval.
Poderá não ficar decidido hoje, tal como se prevê, mas seguramente é o dia mais importante na contenda dentro dos dois maiores partidos dos E.U.A. para a eleição do próximo Outono, dado que estão em disputa mais de 40% dos delegados.
Democratas e Republicanos vão a votos na grande maioria dos estados nas eleições primárias dos quais se destacam, pelo número de delegados em disputa à convenção, os da Califórnia, Nova York, Illinois, Nova Jersey, Massachusetts e Georgia.
Para o final ficarão as decisões dos delegados “unpledged” (não prometidos) entre os quais se incluem os Super Delegados que apontam vantagem para Clinton, embora a maioria ainda não tenha indicado em quem votará.
Se entre os Republicanos McCain vai ganhando vantagem nas sondagens gerais do lado dos Democratas o passeio que se julgava Hillary Clinton teria está longe de não ser sinuoso. Barak Obama vem recuperando nas sondagens e assume-se cada vez mais como a esperança de muitos norte-americanos.
Se desejarem saber com quem mais se identificam não fiquem indiferentes ao teste do Electoral Compass.
Nesta última semana os ânimos acalmaram, a que talvez se deva a saída da corrida de John Edwards sem apontar o seu preferido. Os ataques fervorosos de ambas as candidaturas aos adversários deram lugar a um clima pós-eleitoral com o horizonte apontado aos republicanos, desfazendo-se em elogios aos opositores. Normal, não é. Usual, sim e sempre visto em ambos os partidos.
Obama ganhou real possibilidade de vencer as primárias com a vitória na Carolina do Sul, não pelos 54 delegados em questão mas pela forma como ganhou (55-27 no geral e 80-20 no eleitorado negro).
Neste estado ficou demonstrado essencialmente que os democratas têm real possibilidade de vencer as eleições para presidente por quase terem duplicado o número de votantes (530.000) ultrapassando os republicanos (442.000).
Isto traz à discussão a normal confusão das eleições americanas. Não existe padrão na forma de eleição mas essencialmente as primárias são mais representativas da vontade geral do eleitorado em questão.
Existem variadas formas de eleição, desde a eleição total de delegados pelo vencedor em alguns estados nos republicanos, aos círculos uninominais distritais, e à proporcionalidade. Os eleitores vão desde apenas militantes a incluir também simpatizantes, que poderão variar em cada eleição, e normalmente é exigido um mínimo de 15% de votos para eleger delegados.
A realização das eleições nas datas marcadas é outro dos pontos polémicos com o exemplo de os 210 delegados democratas da Florida, ganha por Clinton, não contarem para as primárias por decisão da direcção central após o partido naquele estado ter decidido antecipar a eleição.
O que não deixa de ser curioso é o destaque dado ao vencedor do estado pela comunicação social. Tomemos um exemplo: no New Hampshire (10 Jan) Hillary venceu Obama (39-37) o que foi apontado como um relançamento da campanha depois da derrota no Iowa (5 Jan) com 38-29 (Edwards ficou em 2º lugar).
Ora nem no Iowa a diferença foi tão grande em delegados 16-15 (Edwards 14) com 18-18 final se contarmos os super delegados, nem
A vitória democrata não assentará seguramente se a focalização da discussão for em a mudança ser por o candidato ser uma mulher ou um afro-americano. O discurso de estado dos dois na última semana já aponta para que tenham interiorizado isto pois com o batalhão de conselheiros políticos e de imagem que cada um tem mau seria que isso não acontecesse.
As sondagens gerais dão a senadora eleita por Nova York de 60 anos com uma vantagem de apenas 2 pontos sobre o senador de Illinois de 46 anos, ou seja estão tecnicamente empatados. Amanhã o vencedor de hoje estará mais perto de ser nomeado na convenção democrata de Agosto mas não se prevê que tudo fique decidido.
Os dados estão lançados e espero que em Outubro de uma forma ou de outra seja feita história pois, e apenas pelo sinal dado, a Europa necessita de perceber o caminho de mudança que deverá trilhar, sob pena de as convulsões sociais se agudizarem.
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