quinta-feira, 31 de março de 2016

LAVAGEM DE DINHEIRO OU DE BANCOS .

Assistimos a mais uma cerimónia religiosa, por alma
de mais uma instituição bancária .
Hão-de comparecer os finórios do costume, desfiar
os seus pecados mais convenientes, rezam-se uns pa-
dre nossos e avé marias, ouvem os responsos tradicio-
nais, a incomodar os coitados, está tudo perdoado, vão
em paz, meus irmãos .

Com uma confissão apressada, que tempo é dinheiro,
vão-se perfilando à vez, uns atrás dos outros, debruça-
dos no no genuflectório, e retornam imaculados, como
se nada se tivesse passado .

Regressam aos mesmos ou a outros bancos, arrepende-
ram-se sem qualquer convicção, as rezas devem bastar .

E a roda da roubalheira gira sempre, sem passar .

São os terroristas 
de colarinho branco .

Isto é lavagem de dinheiro,
ou de bancos ?.

Cadê a a barrela e a esfregona ?

Ninguém ousa aplicar aguarrás ou lexívia no bestunto
desta canalha ...
.

quarta-feira, 30 de março de 2016

O SONHO ALEMÃO .

O que é que fazem centenas de milhares de pessoas
avançar desesperadamente em direcção ao Continente
Europeu, 
numa altura em que ele atravessa uma das maiores cri-
ses política, financeira e securitária, sem meios físicos 
e humanos para acolhimento de um exército de gente 
espavorida,
desafiando as balas, os canhões, a fome, a doença, a mi-
séria, o arame farpado, e os crimes de cupidez e ganân-
cia de uma seita de bandidos, que semeiam o terror  en-
tre os que pretendem chegar ao sonho alemão ?.

Será mesmo este, 
o sonho alemão ?
.

terça-feira, 29 de março de 2016

UMA PAIXÃO .

Quem já passou por essa vida, e não viveu,
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu,
Porque a vida só se dá, para quem se deu,
Para quem amou, para quem chorou, 
para quem sofreu .

Ah, quem nunca curtiu uma paixão,
Não vai ser nada, não .

Não há mal pior do que a descrença,
mesmo amor que não compensa,
é melhor que a solidão .

Abre os teus braços meu irmão, deixa cair,
Para quê somar, se a gente pode dividir ;
Eu francamente já não quer nem saber
De que não vai, porque tem medo de sofrer,

Ai de quem rasga o coração, 
esse não vai ter perdão .

Quem nunca curtiu uma paixão,
Nunca vai ter nada, não .

Vinicius de Moraes
e Touquinho .

.


segunda-feira, 28 de março de 2016

O REGRESSO À POLÍTICA ?...

Marcelo acaba de promulgar o Orçamento de Estado 
para 2916, salientando que, na sua análise, não encontrou
qualquer vestígio de inconstitucionalidade .

Por sua vez, dias atrás, o PR veio secundar a posição de
António Costa, contra a intriga de Passos, o qual criticou
o Primeiro Ministro  de se imiscuir em questões bancárias,
em que estaria em causa o interesse nacional .

O Coelho continua a destilar o seu venenozinho  anti demo-
crático ...

Prevejo a sua reeleição para o Congresso Nacional, por uma
taxa roçando os 100%,
mas trata-se de uma tentativa desesperada para o levar de-
pressa à sua morte política , convenientemente anunciada .

A Esquerda agradece, reconhecida .

Afinal, a Gerigonça funciona ?  .
.

domingo, 27 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 6 .

Aguarelas, 
Water colors, 
Tintas de água .

Pigmentos geralmente minerais, facilmente solúveis
em água .
Podem usar-se as mais diversificadas substâncias e
diluir com mais ou menos água, de acordo com a sen-
sibilidade do artista e do efeito que se pretende .

Tinta da China, vioxene, café, vinho e até sangue .

Existem diferentes suportes, sendo o preferível o papel
poroso, de alta gramagem .

Andei na Ar.Co, cerca de dois anos a procurar e experi-
mentar todos os tipos de papéis que descobria, desde
papelarias, até depósitos de lixo .

Os artistas mais consagrados fabricam o se próprio 
papel, como é o caso do pintor José de Guimarães, 
fazendo uma papa de papel com água, obtendo o ta-
manho e espessura mais convenientes 

Outro bruxedo reside na técnica usada, conjugando 
espessura do papel, com diluição das tintas .

Por exemplo, gosto de pintar por acção da gravidade,
inclinando  o papel, para cima e para baixo, com dife-
rentes inclinações, e deixando deslizar a bolha de água
corada, até obter uma mistura controlada das cores .

Outra proposta, que tenho vindo a trabalhar, é com-
binar aguarelas com colagens, obtendo bonitos efitos
de luz e transparências .

São as Aqualagens ou Colarelas .

Dos artistas mais célebres que começaram a utilizar a
aguarela, primeiramente para fazer esquissos e para 
fazer a mão, mais tarde, criando um tipo de arte autó-
noma, temos o maior, a nível Mundial, William Turner,
e um dos portugueses mais consagrados, Roque Ga-
meiro .

Ai, se eu soubesse pintar ...

Querias aguarelas, ora toma ...


.

sábado, 26 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 5 .

Há meio século, os Debuxadores eram pessoas muito importantes,
fadados pelo talento e pelo destino .
Eram já nessa altura, uns oráculos da moda  .

Preparavam as amostras para os tecidos que iriam ser produzidos e
vendidos no ano seguinte .
Eram dotados de saber e experiência, conhecimento do mercado e
possuíam o toque da fada madrinha - a sorte .

Hoje em dia o problema da cor é essencialmente um problema técni-
co, tratado pelos computadores e outros instrumentos .

Naquele tempo, era o talento dos debuxadores ( e do tintureiros )
que tinha um papel central na escolha dos padrões e das tonalidades
dos tecidos, que atraíam o gosto dos consumidores .

A principal tarefa do debuxador era a selecção e preparação do mos-
truário, fazendo-o circular pelos caixeiros viajantes ou empregados das
fábricas têxteis, mostrá-no nas principais lojas e entrepostos, nas gran-
des cidades do País - Lisboa, Porto, Braga e Guimarães .

Um simulacro de Feira da moda .

Os teares aguardavam com impaciência, para a todo o tempo, começa-
rem a tecer os padrões seleccionados .

As coisas eram um pouco mais facilitadas, para o caso dos tecidos de
homem .
Mais complicadas eram as solicitações das senhoras, em especial no que
respeitava aos problemas das cores  e dos tons seleccionados, muitas das
quais, embora escolhessem o desenho, punham demasiados entraves nas
questões das cores .

Era aí que aparecia uma outra tarefa dos debuxadores (conjuntamente 
com os tintureiros ) .

Era o problema da selecção da cor 

Tarefa árdua e demorada, feita empiricamente, por mistura das três cores 
fundamentais. por repetidas tentativas .

Era então que emergia o génio do debuxador, conseguindo obter a cor mais se-
menhante à solicitada, com a menor quantidade de experimentações .

As aguarelas entram já a seguir ...

.






sexta-feira, 25 de março de 2016

A EUROPA DE PERNAS PARA O AR .

Ao que isto chegou ...

Agora a Europa passa o tempo a brincar aos polícias
e aos ladrões .
Parece que é à séria, mas Deus nos defenda destas papi-
patéticas forças de segurança, ou da insegurança .

Como foi possível que pessoas que saíram da Europa para 
ir treinar a guerra, fizeram atentados, regressaram ao Médio
Oriente, passaram vários países, várias fronteiras, vários
controles, são referenciados, são indiciados, são avisadas 
as autoridades congéneres, e vão repetir os ataques, noutra 
cidade, noutra hora, com o mesmo método, e há quem con-
siga fugir de novo .

E depois ainda se congratulam com os resultados alcançados .

A União Europeia é um tigre de papel.
Um motivo de troça e de tragédia .
.

quinta-feira, 24 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 4 .

Até ter chegado à escola da noite,
os desenhos eram uma mera brincadeira de puto aberto 
ao mundo .

Depois tudo começou a fiar mais fino .

Primeiro era preciso adquirir o material necessário,
coisas que eu desconhecia, o próprio papel especial para
representação dos fios, a teia ao alto, a trama, na horizon-
tal . Isto para o desenho técnico, que abordava a estrutura
dos tecidos, os tipos de fios, a ordem de cor, os efeitos ex-
pectáveis quando se combinam todos estas coisas .

Debuxo, desenho em espanhol

era a cadeira fundamental do curso .
Havia várias outras cadeiras técnicas, abordando as peças 
e as técnicas que permitiam conhecer as diferentes fases do
fabrico dos tecidos .

A tinturaria mexia com as cores, mas era baseada em conhe-
cimentos técnicos, mas envolvia também a parte instintiva  
dos alunos, e era abordada já na parte final do curso .

Mas, para mim, o fundamental era a oportunidade de ter 
imensas aulas de desenho à vista ( cópia) e 

desenho decorativo. 

Era a porta aberta para o desenvolvimento da criatividade,
era finalmente a liberdade que se me oferecia de partir do pa-
pel do em branco, e chegar directamente ao belo .

Todas as técnicas eram válidas, todos os métodos eram bons, 
desde que se chegasse a um bom resultado .

Foi então que comecei a encontrar o meu próprio caminho .
Primeiro com o lápis, depois com o carvão, mais tarde com o 
guache, e eis que me cruzo, pela primeira vez, com

a maravilha das aguarelas .
.

O ELO DO MEIO .

A minha cadeia de afectos teve quatro anéis, 
e nela fui  que fui sempre o elo mais fraco .
Quando o meu avô Garcia nos deixou, passá-
mos a ser três .
O meu Pai sempre foi o homem forte da família,
comandava tudo e todos, em todos os aspectos .
Fiquei sempre na sua sombra .

Quando o meu Filho apareceu, tornou-se o elo
principal, o nó preponderante .
Só a espaços, eu fui o elo dominante .

Depressa me tornei outra vez, o elo quebradiço .
O auxiliar, o suplente, o nó secundário .
Convivi bem com a minha condição .
Dei sempre a direita ao meu Pai e depois ao meu 
Filho .

Muita vezes fui tomado como egoísta .
Nunca perceberam nada .
Entre dois nós poderosos, mágicos, enormes,
o meu Pai e o meu Filho, foram sempre o máximo .
O medo que eu sempre tive de vir a poder perdê-los .
O que viria a acontecer .

Agora, sem apoio, sem suporte físico e psicológico,
Vegeto por aí, como um anjo que perdeu as asas .
Fiquei órgão de Pai e Filho .
Sou apenas o elo do meio .
O elo perdido .
Sem passado e sem futuro .
.


quarta-feira, 23 de março de 2016

O PARADOXO .

Quem idealiza as armas ?

Quem projecta as armas ?

Quem constrói as armas ?

Quem experimenta as armas ?

Quem vende as armas ?

Quem compra as armas ?

Quem dispara as armas ?

Quem recolhe as armas ?

Quem destrói as armas ?

Afinal,

quem está interessado em 
usar as armas, 
como modo de ganhar a vida ?

Quem está disposto a prescindir
delas, tornando o mundo muito 
menos perigoso ?

Quem ?
.



terça-feira, 22 de março de 2016

GUERRAS ASSIMÉTRICAS .

No amor e na guerra, 
nunca se sabe quem dá o primeiro passo .

Pode saber-se como começa uma guerra, 
mas nunca se saberá como ela acabará .

Por mais que a guerra seja justa, 
a guerra é a guerra .

É o ódio que vence batalhas,
nunca o amor .

Se não podes vencer o inimigo,
junta-te a ele, para o dominares .

A vingança serve-se fria .

Se o inimigo mostrar fraqueza,
persegue-o sem parar .
Se o inimigo tiver mais força,
protege-te cuidadosamente .

O seguro morreu de velho .

Quem te avisa, teu amigo é .

Cá se fazem, cá se pagam .
.





segunda-feira, 21 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 3 .

Tinha começado a minha 2ª. vida .
Foi como se tivesse emigrado para um país novo .
Novos horários, novas rotinas, novos companheiros,
novos problemas, novas brincadeiras .

À dureza do Inverno,
juntou-se a dureza das condições de vida,
feito homem muito antes da idade adequada .
Tornei-me adulto à força .
Mas como dizia o outro :
Ai aguentas, aguentas .

Adaptei-me rapidamente ao novo cenário,
como no romance de  Redol, 

A Lã e a Neve .

As escolas da noite,
são uma desesperada esperança, a última e mais dramática
captação de alunos de cadeiras profissionais,
trabalhadores a tempo inteiro, 
a quem se dá a última oportunidades de singrar na vida .

O meu Pai nem a isso teve direito,
acabou a 4ª. classe e empregou-se no escritório 
de um advogado .
A sua formação foi a vida,
e um curso de contabilidade por correspondência .

A vida depressa nos ensina o essencial .

O horário da Escola era das i9 às 23 .
Rapidamente fiz amigos :

O Raul Peixeiro, o Cunha e o Paixão .

Uma espécie de D/Artagnan e os 3 Mosqueteiros .
Escolhi-os por serem amigos à primeira vista,
com idade mais próxima da minha
e por serem de classe humilde .



Foi então que comprei o material escolar,
uma caixa de guaches novinha em folha,
papel de Debuxo,
com um quadriculado muito pequenino
e um conta-fios .

Não eram ainda as aguarelas,
mas estava lá muito perto .
.

domingo, 20 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 2 .

Foi então que a minha vida deu um 
enorme trambolhão .

O meu pai sabia do meu jeito para o desenho .

Um dia, sem que nada o fizesse prever, inscreveu-me na
Escola da noite, na Escola Campos Melo, da Covilhã,
no Curso de Debuxador, acumulando com os estudos do
liceu, no Colégio Moderno, daquela cidade .
Eu nem sabia o significada daquela palavra .

Começava então a minha vida de duplo malandro .

Malandro de dia .

Malandro de noite .

Malandro a todo o terreno.
Malandro profissional,

Como era necessário fazer um estágio, ainda me sobravam 
algumas horas para frequentar a Fábrica dos Rosetas, junto
ao local onde hoje funciona a Universidade da Beira Interior .

Dirão alguns,
mas o que é que isso tem a ver com as aguarelas ?
Tudo, responderei eu .

De repente,
passei de menino a adulto,
de uma noite para a outra .
Aos 14 anos, ganhei a chave de casa,
quase nunca não via a família,
a minha mãe preparava-me o jantar à pressa, 
comia à parte,
era a única parte do dia que com ela convivia,
chegava a casa às horas que me apetecia,
sem dar cavaco a ninguém .

Mas tinha-me libertado das aulas de música,
de passear o cão à noite,
e dos trabalhos de casa quotidianos .

Era quase livre .

E então as aguarelas ?1.
.

sexta-feira, 18 de março de 2016

A VIDA .

A vida
é uma doença sexualmente transmissível
que abrange toda a população mundial
e que acaba por conduzir, inevitavelmente,
à morte .
.

quinta-feira, 17 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS .

Não me lembro de fazer gatafunhos nas paredes 
das casas onde vivi em criança, nem nas escolas
que frequentei quando era puto . 

Tenho uma vaga ideia de uma das minhas avós me
falar do nosso tio Lucas, um avoengo que fazia fi-
guras de santos para as igrejas .
Não sei a que propósito me fazia essas conversas .

Naquele tempo não se visitavam museus .
Quando se ia a Lisboa, era para ver a Feira Popular,
a Torre de Belém ou o Estádio Nacional .

Foi no caminho da Horta, acompanhado do meu avô, 
que tomei contacto com o pintor coimbrão, de nome 
José Contente, que andava com o cavalete e a caixa 
das tintas, escolhendo os cantos mais giros da vila e 
do campo circundante .

Talvez que tenha tido então o meu 
clique artístico .

O homem enxotava-me sempre que me via, mas aca-
bou por entender que eu gostava de o ver pintar, pelo 
que me tornei uma companhia das férias grandes .

Lembro-me das minhas primeiras aguarelas, um peque-
no cartão com meia dúzia de cores coladas, pareciam pe-
dacinhos de barro .

E lembro-me da minha primeira aguarela, pintada nas
costas de uma caixa de chocolates, e que ainda hoje guar-
do .

Depois, já na escola, comecei a copiar as caras dos nossos 
escritores mais famosos .

Mas com tanta brincadeira com os meus amigos, como
poderia centrar a minha atenção nos bonecos .

O Prof. Ramos, uma fera, especialista em jogar à bola  
com a gente e cobrir-nos de pancadaria, tinha um filho
que fazia brinquedos em madeira, carros, barcos,
e eu gostava de o ver trabalhar , Com ele descobri as 
maravilhas da madeira de balsa, óptima para construir
aviões, que voavam e tudo, com a ajuda de um elástico  
retorcido .

O meu 2º. clique deu-se, quando um sapateiro alugou
a nossa loja, e eu passava horas às escondidas a vê-lo mano-
brar com maestria, aquela faca maluca, que cortava sola
como se fosse manteiga .

Negócio perigoso, que eu fora bem avisado .
Mas ficava à espera que a faca de sapateiro se gastasse, 
para eu depois a herdar .

E era em segredo que, de vez em quando ficava com um
dedo a sangrar, escondido no meu quarto, com medo de
descobrirem a minha paixão pela arte .
.

quarta-feira, 16 de março de 2016

A TRAVESSIA .

Há quem consiga ver um cisco 
no olho do vizinho e não consiga
descortinar um tronco no seu pró-
prio olho .


Enquanto se assiste a uma das maiores tragédias 
humanitárias de que há memória, no coração da
Europa, 

os dignitários europeus entretêm-se a discutir as 
quotas do carapau e da sardinha, e os subsídios à 
criação de porcos e galináceos,

com a mesma descontracção que então se discutia 
o tamanho dos preservativos e os defeitos dos olhos 
das batatas .

E todos continuam emaranhados com as vantagens 
de manter o défice num valor calculado ao calhas .

Pobre Europa ...

E os mortos, os doentes e os esfaimados, vão-se amon-
toando às portas da nova cortina de ferro gigantesca,
criando um imenso campo de concentração, fazendo 
lembrar os horrores da IIª, Guerra Mundial .
.

terça-feira, 15 de março de 2016

A BRANQUINHA .

Março, marsagão,
manhãs de Inverno,
tardes de verão .

Manhã cedo, 
quer chova, quer faça sol,
a Branquinha está à espera que eu acorde,
e vem cumprimentar-me .

Dou-lhe comida,
mas ela vem logo brincar comigo,
parecemos duas crianças pequenas,

já conhece os rituais habituais,
joga à apanhada, como se fosse um cachorrinho,
apanhando e trazendo à mão, as argolas do cabelo
que eu vou apanhando do chão .
os brinquedos preferidos .

Brincamos depois à bola, 
jogo em que é exímia,
agarra  no ar, mergulha rápida, 
como se de um guarda redes se tratasse .

Toda esta cena marada decorre em jejum
para os dois . 
Só quando dou a jogatana por acabada,
é que vamos os tomar o pequeno almoço .

Só temos uma contrariedade,
entusiasmada com a brincadeira,
vai - me dando dentadas, 
que ás vezes me magoam um pouco,
dentadinhas de amor .

O pior são as unhas, 
como se fossem bisturis .

Por isso temos que levar a gata à manicura,
uma vez por mês, com direito a tratamento
VIP .
.




segunda-feira, 14 de março de 2016

Folhas secas .

Sou como as folhas secas caídas,
arrastadas pelo vento  
para longe, muito longe .
Cai uma, logo outra  e mais outras,
voando desamparadas,
perdidas no turbilhão da ventasca .

O inverno está de resto,
vem aí a primavera,
que o sol começa a empinar .
Trás consigo
os primeiros raios de fogo
para aquecer o corpo e a alma .

A natureza não se repete jamais,
palpita de acordo o  relógio universal .
Nunca regressa ao ponto de partida .

Mas quem sabe,
talvez que um dias destes,
parta para muito longe,
rumo ao infinito sideral .

Talvez, então,
te possa reencontrar ,
agarrado aos teus braços,
pendurado nas pontas de uma estrela .
.

domingo, 13 de março de 2016

VIDA SOCIAL .

Queremos felicitar o nosso bom amigo
Tó Zé Seguro,
pelo triplo salto, com pirueta à retaguarda,
voando da sua vida académica, para a vida
pública .

Foi muito ovacionado e cumprimentado .

Parabéns e felicidades .

Mário Pedro,
Lena e Mário .
.

sábado, 12 de março de 2016

A DÚVIDA .

Sendo do conhecimento geral que a religião católica
é a que tem uma maior predominância entre os por-
tugueses,
como explicar que se tenham multiplicado, ad infi-
nitum, os casos de assassínio, suicídio, violação, violên-
cia doméstica, pedofilia, fraude, roubo, assalto, e cri-
mes de cariz económico, 
que são transversais, em vários aspectos e sem descri-
minação de formação, educação, religião, idade, classe 
social, sexo, 
quando existe entre nós uma pressão sobre a importân-
cia do pecado ou de qualquer outra censura ética ou 
moral ?.

Dá que pensar ...
.

sexta-feira, 11 de março de 2016

A PRIMAVERA MARCELISTA .

Já lá vai quase meio século que o conceito apareceu .

Salazar tinha caído da cadeira (terá  '...) e nunca mais
recuperou da trombose que o atingiu .
Foi operado pelos melhores especialistas portugueses,
( entre eles um conhecido cirurgião oposicionista, Prof.
Vasconcelos Marques), mas sem êxito .

Salazar foi-se apagando, ficando em estado vegetativo,
chegando a apresentá-lo, de dentro de um automóvel, 
no exterior da secção de voto, tendo-lhe posto o voto na 
mão, e alguém o foi depositar posteriormente na urna . 

Os fascistas tinham tal pânico, que costumavam levar 
o senhor para o gabinete onde tinha passado grande par-
te da vida, punham-lhe papéis à sua frente, para simular
que continuava a despachar os negócios de Estado .

Tantos anos a mandar nos outros, que os mais próximos
de Salazar não sabiam como descalçar a bota do botas,
como era conhecido pelos do reviralho .

O tempo urgia, até que ungiram Marcelo Caetano como
Chefe do Governo .
O que não foi nada fácil, porque a extrema direita não 
queria no poder um homem tão liberal .

Torciam pelo General Kaúlza de Arriaga, um dos briosos
comandantes que se haviam batido sem glória, no Norte de
Moçambique .

Como se sabe, a Primavera Marcelista, foi sol de pouca 
dura, apesar de alguns neo sebastianistas, como Marcelo
Rebelo de Sousa, nela acreditarem piamente .

O Império Português ia-se esvaindo em lágrimas e sangue,
até chegar o 25 de Abril .
.

quinta-feira, 10 de março de 2016

OS CONFETIS .

Desde a visita se sua Alteza, a Rainha Isabel II de Inglaterra
a Portugal ( aos anos que isso foi ...), que não se assistia a uma
tão grande pompa e circunstância, como a que o nosso Presiden-
te Marcelo I, preparou ao mínimo pormenor, para a sua investi-
dura .
Só faltou a cena da sua auto coroação ...

Mas Marcelo tem atenuantes .

Por um lado, conseguiu fazer apagar por completo a triste e vil 
figura do Presidente anterior .

Por outro lado, marcou o início de um tempo novo (oxalá...), de-
marcando-se do cinzentismo e da tristeza que nos têm acompanha-
do nos últimos anos .

Por acréscimo, mostrou aos estrangeiros que nos interpelam todos
os dias sobre a droga na nossa governação (é, mal comparado, uma
variante do episódio das tripas à moda do Porto, para uso externo ),
que Portugal ainda está vivo .

Só que não era preciso exagerar tanto . 

A fome dos pobres não se mata com confetis ...
.



 .


quarta-feira, 9 de março de 2016

REQUIEM POR CAVACO - 2 - (O KYRIE) .

Após ter feito umas férias na Faculdade de Economia de Lisboa,
Cavaco Silva concorreu às eleições presidenciais e perdeu .

Julgou-se que o homem de Boliqeime  tinha arrumado as chutei-
ras da política, mas que nada, persistiu e voltou a candidatar-se
10 anos depois, e ganhous, por falta de comparência de candi-
datos credíveis, à esquerda .

Começou então a crise financeira mundial, arrastando-se à
União Europeia, e posteriormente, a Portugal .

Era a época do governo Socrates .

Após uma certa acalmia nas relações entre Cavaco e Sócrates,
o caldo azedou, e tudo foi voltado do avesso .

Isso ainda hoje é tema muito controverso, mas conduziu à queda 
do Governo e à iminência da bancarrota em Portugal .
\
Cavaco Silva, tido como uma eminência da Economia e das Finan-
ças, ou nada percebeu do que estava em jogo, ou acobardou-se e
nada ajudou o Pais, o Governo, nem o Povo .

Portugal tinha voltado a ser intervencionado, apanhado nas garras 
dos dos credores, dos agiotas e dos Organismos Internacionais .

O governo da direita dita liberal, sempre encostado a Cavaco, foi
espremendo os portugueses até não poder .
Até na pensão do PR começou a faltar o 
dinheiro para as compras da semana .

O PS foi estrangulado entre a Toika, o Governo e o Presidente .

Inchou a miséria, o desemprego, a fome, a falta de remédios,
e a Dívida Pública quase duplicou .

O defice ora baixava, ora subia, consoante os bancos que rebenta-
vam ou aumentava a carga fiscal para tapar os buracos dos nossos
queridos bancos .

E que fazia Cavaco durante estes tristes anos da desgraças, dirão as
pessoas ?

Nada, rigorosamente nada .

A não ser recomendar investimentos em bancos falidos .

A credibilidade de Cavaco silva tinha-se esboroado,
e agora era preciso acabar com este cadáver adiado .

Foi ontem a enterrar .
.


terça-feira, 8 de março de 2016

REQUIEM PARA CAVACO ( O CREDO ) .

Chega ao fim a dolorosa e prolongada via sacra de Cavaco 
Silva, que se arrastou por mais de três décadas, de triste me-
mória, e que teria começado com a rodagem do seu carro, na
Figueira da Foz, em meados dos anos 80 .

Ganhou o congresso do PPD/PSD e duas maiorias absolutas,
estafando à farta, uma boa parte dos fundos comunitários, que
Mário Soares tinha conseguido com a ajuda dos seus amigos
da Internacional Socialista .

Chamou a governar os seus comparsas, para o Governo, tudo 
boa gente, como o tempo viria demonstrar .

Surgiu então a Mafia social-democrata, que se foi apoderando 
sistemática e continuadamente, de pedaços fundamentais do sis-
tema financeiro nacional, ao mesmo tempo que procedia ao des-
mantelamento de quase todas as infraestruturas das nossa pesca,
agricultura e indústria nacionais,
na idiota esperança de criar um grande entreposto internacional 
na área dos serviços, da inovação e da investigação . 

Encheu o território de autoestradas, estádios de futebol, criou 
o capitalismo social, uma nova reforma agrária, esbanjando mil-
lhões, em enormes projectos agrícolas fantasmas, muitos dos quais
não passaram do papel .

Foi a época dourada do cavaquismo . 

Tentou ir a Presidente da República, após doze anos como chefe
do Governo, perdeu, e por aí se ficou o nosso Aníbal, a fazer a 
travessia do deserto, e partir para novas conquistas .
.



segunda-feira, 7 de março de 2016

VARIAÇÕES .

Ninguém dá pontapés num cão morto .

Se não puderes vencer os teus inimigos,
junta-te a eles .

Os amigos são para as ocasiões .

Quem os inimigos poupa, às mãos lhe morre .

A inveja e o pior dos pecados .

A  indiferença mata mais do que os revólveres .

Com os amigos que tenho, 
não é preciso ter inimigos .

.

domingo, 6 de março de 2016

SOLIDÃO .

Dizem que se nasce sòzinho
e que sòzinho se morre também .

Mas acho que passamos a maior parte da nossa vida sós,
muitas vezes com a vaga sensação de estarmos acompan-
hados .

Não podemos entrar na cabeça dos outros, mas também 
não deixamos que devassem a nossa intimidade .

Vivemos de pequenos equilíbrios instáveis, tanto mais ins-
táveis, quanto a proximidade dos que nos rodeiam parece 
mais forte .

A partilha é muito importante na vida, mas só até um certo
patamar . Existe um ponto de viragem, em que começamos
a sentir-nos asfixiados e asfixiantes .

A cumplicidade existe, sim existe, mas é de pouca duração .

A  nossa personalidade acaba sempre por vir à tona e 
eclipsar a dos outros .

Claro que há situações em que as pessoas estão mais per-
meáveis à partilha de sentimentos,
o enamoramento, a paixão, o aparecimento de um filho, 
a dor, a doença, a morte, as dificuldades da vida, 
mas com o tempo, desaparece o estado de graça .

É uma punção da natureza .
Como na vida animal .
Em regra, são as fêmeas que cuidam das crias, 
e os machos tendem a isolar-se, na caça pela sobrevivência,
na disputa do território, na luta pela companheira, no com-
bate pela selecção natural .

A humanidade vai cumprindo a sua curva helicoidal, criando
regras para amaciar os comportamentos sociais, 
mas a nossa raiz instintiva, em momentos de grave crise, aca-
ba por vir à superfície .

É então que o (pre)conceito de igualdade se torna um tanto
ofuscado, mesmo deslocado, cavalgando a realidade imaginá-
ria .

O raciocínio perde sempre para o instinto .
.

sexta-feira, 4 de março de 2016

UM ACTO DE DIGNIDADE .

"Se Maomé não vai à montanha,
  terá que a montanha ir a Maomé ."

Após 3 meses de governo de António Costa, conseguiu 
o milagre impensável de reunir à mesma mesa, no Forte 
de São Julião da Barra,  Cavaco Silva para presidir, pela 
primeira vez, ao Conselho de Ministros .

O tema da reunião centrou-se, essencialmente, sobre as 
questões ligadas aos projectos a desencadear no mar por-
tuguês, nas suas águas territoriais e nas preocupações am-
bientais relacionadas com as nossas costas .
.

UMA QUESTÃO QUE METE NOJO .

Álvaro Barreto, o eterno ministro polivalente de Cavaco Silva,
esteve 12 anos a usufruir o ordenado de presidente da Soporcel,
acumulando com o vencimento de ministro, e toda a gente achou
bem .

Jorge Coelho, o número 2 de António Guterres, aguentou mais 
de seis anos, até ir para o sector privado, e mesmo assim, sempre 
enxovalhado, por suspeita de Corrupção .

Victor Gaspar Transitou em grande velocidade, do Banco Mun-
dial, para o governo de Passos Coelho, e na hora, regressou ao
Banco Mundial .

Maria de Belém, tinha uma avença no grupo de saúde, do grupo
Espírito Santo, enquanto desempenhou as funções de Ministra da
saùde .

Maria Luís Albuquerque foi contratada por um grupo inglês, na
área de gestão de falências, que tinha e tem ligações com negócios 
 em que se abordaram as manobras das negociatas ente a ex-minis-
tra das Finanças, e a dita instituição .

Palavras para quê ?. 

São artistas portugueses,

Malabaristas,
Equilibristas,
Jongleurs,
Trapezistas,
Palhaços,
Ilusionistas,

e Ladrões ...
.



 .

quinta-feira, 3 de março de 2016

O PALEIO .

Já tivemos um Presidente Militar .

Já tivemos um Presidente de Letras .

Um Presidente Economista .

Aguardamos impacientemente um Presidente
de Direito,

para endireitar a ladroagem dos bancos e dos
banqueiros, que já tarda ...

O que é que ele irá fazer ?!...

Paleio não lhe falta ...
.

A TELENOVELA .

" Por detrás do manto diáfano da fantasia,
   esconde-se a rude crueza da realidade ."

Vou sobrevivendo ás fantasias, com alguma credulidade,
a não ser quando alguma de encapsula fortemente e se 
transforma em ideia fixa, ainda que idiota, irreal e sem
qualquer nexo .

De resto, as fantasias chegam e partem, em regra, ao sabor
das marés ou do nevoeiro .

Mas quando a fantasia engrossa demasiado, é preciso expur-
gá-la do peito, o que por vezes não é nada fácil .

Dói muito .

E, afinal, uma vez desfeita, deixa de causar o sofrimento e o 
embaraço que proporcionaram .

Vá lá, um pouco de coragem, que diabo .

Ponto final, parágrafo .

Fim de capítulo .

Novela terminada .
.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A GERAÇÃO DO MÁRIO PEDRO .

Após uma dolorosa e tormentosa travessia do deserto,
a geração do Mário Pedro chegou ao poder .
Por portas e travessas, mas chegou .

Apesar do cisma duma das alas do PS se ter mantido à
margem dos acordos à esquerda, como se isso fosse pre-
ferível à continuação da palhaçada do Cavaco e do Pas-
sos, António Costa acelerou em força e esmagou o lacrau 
da direita liberal ( leia-se reaccionária e retrógrada ) .

E a gerigonça continua a laborar e a partir muita pedra, tal
o estado em que o País ficou, após 4 anos de eclipse quase
total da Democracia,
a contragosto das lamúrias mesquinhas , de sectores que
deixaram fugir o passaroco da pouca vergonha e da insídia,
dentro e fora do País .

Claro que a experiência da esquerda grega foi um total fra-
casso, por falta de projecto dos políticos gregos, mas tam-
bém pelo massacre a que foi sujeita anti democraticamente
por toda a gente bem comportada.

A Espanha está há dois meses sem governo à vista, dilace-
rada por dois blocos antagónicos, e tudo indica que o Rei
vai ter que convocar novas eleições .

A crise económico-financeira arrasta-se há quase 10 anos,
e a  crise dos migrantes é uma vergonha humanitária a céu 
aberto, em que as máfias internacionais encaminham mil-
hões de desgraçados para o caos, para o paraíso capitalista 
e para a fome, a desgraça e a morte .

Incomodado com tudo isto, e aproveitando a aberta, o UK 
faz o seu jogo de inimaginável chantagem, para fugir a este
inferno, e colocar-se fora desta confusão, daí tirando precio-
sas vantagens .

Foi este espólio, Pedro, que acabaste por herdar ...

E não há inocentes nesta narrativa .
.