sexta-feira, 31 de março de 2017

MENINA DOS OLHOS TRISTES .

Menina dos olhos tristes
O que tanto a faz chorar
O soldadinho não volta
do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
Olhe o cachimbo a apagar
O soldadinho não volta 
Do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
Porque a fadiga o tear
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
Uma carta o faz chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar 

A lua que é viajante
É que nos pode informar
O soldadinho já volta
Está mesmo quase a chegar

Vem numa caixa de pinho
Do outro lado do mar
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar 

Zeca Afonso

Adriano Correia de Oliveira 
.



quarta-feira, 29 de março de 2017

OS ANOS DE CHUMBO .

Quando fui à inspecção militar, o meu quartel era o RAL 1 (mais
tarde rebaptizado RALIS), toda a gente ficava toda a gente apurada 
para todo o serviço, só se safavam  os cegos, os estropiados, ou ou 
que não acusavam nada na balança .

Era tudo aproveitado como carne para canhão .


Havia quem se mutilasse  para fugir à tropa . Um bom truque era de-
cepar o indicador direito, pois isso impedia disparar a espingarda .

Mais expedito e eficaz, para os ricos, claro, era arranjar uma cunha po-
derosa, que colocasse os mancebos em lugares de excepção, ou os se-
leccionasse para serem mais úteis à Pátria, trabalhando em actividades
reconhecidamente imporrtantes, de preferência colocados no estrangeiro
em missão oficial .

Mas o grosso dos não combatentes, ou fugia a salto de lapin, ou sim-
plesmente desertavam, muitos escolhendo o caminho da clandestinidade .

Eram aos montes, os que não se sujeitavam a alimentar uma guerra estú-
pida e injusta .
Claro que muitos aproveitavam a boleia e atravessavam sem qualquer di-
ficuldade a fronteira de Espanha e fugiam para longe .

Foi um dilema importante que se o final do curso se me deparou  :

Fugir, abandonando a Família,

ou arriscar a tropa, numa especialidade útil .

Ainda havia algumas probabilidades de o conseguir . 

Tive muita sorte .

Fui colocado entre o pessoal de engenharia, 
e os desgraçados dos sapadores .

Fiz a recruta  a especialidade de atirador de infantaria, 
e depois fui seleccionado para artista, 

como 

Oficial Foto Cine .



segunda-feira, 27 de março de 2017

A GERAÇÃO PERDIDA .

Anos sessenta, 
os anos de chumbo .

A década de 60 foi a década forte da Guerra Colonial,
que iria prolongar-se por quase 15 anos, feita em três
frentes, Angola, Moçambique e Guiné .
Iria marcar definitivamente e para sempre, uma gera-
ção perdida .

Aguardava-se em desespero, um ano e às vezes mais, até
receber o bilhete premiado para ir cumprir o Serviço Mi-
litar obrigatório .

Uma época de terror organizado, sofrida por mais de um
milhão de portugueses (cuidado que as valentes mulheres
estavam imunes desse selvático tratamento), gente inocen-
te arrancada ao arado, para ir matar ou morrer, longe, mui-
to longe, da terra que a tinha visto crescer .

A década começara com os massacres de colonos, no Nor.
te de Angola .
Nanbuangngo era o lugar de referência e símbolo de dôr e
morte .
Amigos meus foram os primeiros a ir levantar e sepultar os 
corpos mutilados, de homens, mulheres, velhos e crianças .

"Tu não viste nada,
 em Nanbuangongo,
  
Tu não estiveste lá, em Nanbuangongo "

Cantaria o Poeta .

Seguir-se- iam fornadas e fornadas de homens inebriados de 
lágrimas, arrebanhados como carne para canhão .

sábado, 25 de março de 2017

OS ECONOMISTAS MAL PARADOS .

Tantos mestres, tantos economistas reputados, licenciados,
anafados, jubilados,encantados, mal formados, transforma-~
dos, magistrados, desequilibrados, abençoados, 
e outros, que fingiram que trabalharam que nem uns dana.
dos,

procurando, prevendo, estimando, acordando, discordaando, 
painelando, explicando. teorizando, practicando, errando, ba-
ralhando, 
tanto trabalho desperdiçado, e jamais atinando com o valor 
encontrado, do defice tão arduamente procurado e finalmente 
determinado,
deixando os totós do Euro Grupo, de bico calado e com a boca 
ao lado .

Estiveram a procurar no sítio errado,
ou então já sabiam de antemão que não queriam que ele fosse 
afixado, para que tudo continuasse lixado .

Cavaco, Coelho, Gaspar, Maria Luís e mais outra tralha do pas-
sado, nada fizeram de abonado, todos contribuíram para deixar o
povo tramado e atrapalhado .

Esse bando de malandros, deveria todo ser enforcados, com um 
nó bem apertado .

Apoiado .
.

sexta-feira, 24 de março de 2017

A TAMPA DO VESPEIRO TURCO .

O IMPÉRIO OTOMANO .

A guerra global está muito mais perto do que as pessoas 
desprevenidas pensam . É já ali, junto à rolha de Istambul .

A Europa, continente de paz podre paz, é a gente a falar, ou
já todos se esqueceram do Muro de Berlim, das guerras san-
grentas da então Jugoslávia, a disputa entre a Grécia e a Tur-
quia, a Crise de Chipre e do Arcebispo Makários, a Conquis-
ta do Canal de Suez, as várias Guerras entre Israel e os Ára-
bes, aliados na Palestina, a Guerra Civil na Irlanda do Norte,
a luta do País Basco, contra o domínio de Castela, o terro-
rismo das Brigadas Vermelhas, em Itália, e o terror espalha-
do na então na Alemanha Federal, pelos grupos Bader Mei-
nhof, a guerrilha desencadeada pela OAS, contra a França 
Gaulista e , last but not least, o cagaço apanhado pelos burgue-
ses, em França, e um pouco por toda a Europa .

Paz, vou ali e já venho .

Tratava-se em todos os casos, de conflitos limitados, de efeitos
localizados, mortíferos, mas que não puseram em causa, os inte-
resses dos grandes senhores da Europa .

Era para treinar,
para medir o pulso .

Depois, os europeus começaram a saltar a cancela, e já saltavam
para ir à rapina, aqui e ali, em África, no Médio Oriente, caso de 
Gibraltar e das Malvinas, caso dos ingleses, um pouco calcando
terrenos africanos, caso da França .

A Alemanha, dividida à força, e depois reunida à força também,
voltou a dar alento aos impulsos agressivos que estão na génese da
desgraça da Europa, e que de há séculos se degladia para conseguir
a hegemonia .

Desgraçadamente, ou talvez não, a Europa é demasiado grande e
soberba, para querer engolir o Mundo, mas demasiado pequena,
para enfrentar as grandes potências globais .

A Europa é um grande cachorro, com mais 
olhos, do que barriga .

Ladra, mas já não morde .
.

quinta-feira, 23 de março de 2017

O PORCO HOLANDÊS .

Sem qualquer objectivo visível, o porco labrego holandês,
Ministro das Finanças da Holanda, Chefe do Euro Grupo da
da União Europeia, de sua graça DIJSSELBLOEM largou es-
ta bacorada, de finíssimo recorte :

...Os países "do Sul da Europa, passam o 
   tempo a gastar o dinheiro em copos e 
   mulheres e depois vêm pedir o nosso din-
   heiro emprestado...". 

Um mimo, uma pérola . 

Estes tipos do Norte, descendentes dos piratas e filibusteiros, 
que enriqueceram do corso e da rapina pelo Mundo inteiro, 
deviam ter um pouco de vergonha na tromba .

Ou será, que o senhor Dijsselbloem é maricas ...
.

POR A CONVERSA EM DIA .

- Olá, como vais.

- Vou bem, e tu como estás .

- Que tens feito.

- O costume .

- Essa saúde vai boa .

-A minha está bem .

- É sempre o mesmo .

- Não te tenho visto .

- Ora, o tempo vai passando .

- Tem ido às aulas .

- E os teus trabalhos .

-Vão andando .

- Já me falta a paciência .

-Nunca mais vem o bom tempo .

- Pois, está tudo mudado .

- Já não se distinguem as estações .

- O clima está a piorar .

- Isto vai melhorar .

- É quase Primavera .

- Só se for pelo calendário .

- Ainda ontem nevou .

-Tens visto a malta .

- Anda cada um para seu lado  .

- É a vida .

- Pois, é a vida .

- Gostei de falar contigo contigo .

- Foi um prazer .

- Para a próxima, falamos mais .

- Fica combinado .

- Tchau .

- Bye bye .
.

quarta-feira, 22 de março de 2017

A HISTÓRIA DO TEJO .

Tejo é nome de Rio,
Mas também nome de Cão .

Morávamos em Lisboa, na minha 3ª. encarnação, 
o meu pai tinha comprado um par de cães de caça bebés,
com pedegree , que custaram uma pequena fortuna, mas 
que vieram a demonstrar a justeza da compra, pois valiam 
o seu peso em ouro .

Quando nos mudámos para a Covilhã, passados uns tempos,
os cães tinham crescido, mas tinham que estar fechados no
nosso quintal, só saíam para ir à caça e para ir passear à rua,
para fazer as suas necessidades e algum exercício, para man-
ter a linha .

Eram o Fiel e a   e a Diana
nomes vulgares para canídeos .

Estavam fechados muito tempo, ladravam muito, e a vizinhan-
ça, sobretudo a criançada, tratava-os mal e corria-os à pedrada
e à paulada .

Os animais foram ficando cada vez mais revoltados e bravos .

O Tejo ficou mesmo muito mau . Atirava-se às pessoas, espe-
cialmente a pedintes e a fardas, razão por que algumas vezes aca-
bavamos os dois na esquadra .

Com o passar do tempo, o cão teve que ser retirado do seu habi-
tat, enviado para a serra, mas matava as ovelhas, foi para outra
terra, mas fugia sempre, com grandes estragos .

Acabou por ter que ser abatido .

Mas não acabou aqui a sua aventura .

Com suspeitas de o cão ter apanhado  raiva, andei eu com uma 
caixa contendo as vísceras para a análise, a fazer no Laboratório 
de Medicina Veterinária .

Felizmente o resultado deu negativo, e acaba aqui a minha história .
.


VENDEDORES AMBULANTES .

Ó vil cobiça,

ó vã glória de mandar

a que chamamos fama ...

Ao que chegaram os grandes deste mundo :

Gorbachev e Bair, a vender de porta em porta, malas de luxo,
a senhoras endinheiradas .
Uma maneira honrada de ganhar a vida, como outra qualquer .

Cavaco vende agora papel usado, com ideias grosseiras e mal 
alinhavadas, trocando insultos ordinários, com outros compar-
sas da política, sem qualquer vergonha ou decoro .

Vai-se a ver, para ajudar a pagar a pensão de alimentos, Cavaco
ainda vai arranjar um entreposto de venda de alfarrobas, em Lou-
, ou xarrocos, em Quarteira .

Ou será que vai regressar à bomba de gasolina, no Poço de Boli-
queime ...

Ainda vou ter saudades deste chavalo ...
.



terça-feira, 21 de março de 2017

Ao passar do tempo .


É engraçado como vou seguindo a curva da vida, sempre a baixar, 
até um dia bater no fundo .
É com a crise do nosso país, há anos que as coisas vão sempre cor-
rendo cada vez pior, e digo para comigo, desta  vez é que caímos no 
precipício .

Agora parece que tudo irá melhorar. É o meu Eu optimista, de tão
pouca valia, a esboçar um tímido esbracejar, como as aves deixando
o ninho pela primeira vez, para tentar os primeiros voos .

Mas o caminho que temos percorrido, desde há 3 ou 4 anos, é como 
se viajássemos numa gigantesca montanha russa, subindo e descendo 
a uma velocidade estonteante, subindo a passo e logo mergulhando no 
abismo profundo, deixando os portugueses inebriados e zonzos . 

É como eu me sinto, ou parece que me sinto .

Começo a passar ao lado das coisas boas da vida .
Começo a deixar cair os anéis, ficando apenas com os dedos nús .

Vou prescindindo de tantas e tantas vantagens que a vida me foi len-
tamente oferecendo, sem o tónus necessário para levar a vida adiante .

Estou entrando definitivamente na curva da estrada, cada vez mais 
apertada, arriscando-me a derrapar a qualquer momento .

Como nas viagens de Metro, o combóio trava sempre antes das curvas,
para melhor avistarr o caminho, e acelera um pouco, quando percorre
um pedaço de linha recta .

Quando falo de instante e eternidade, só posso usar uma linguagem poé-
tica, onde o tempo deixa de interessar, e só conseguem emergir os senti-
mentos de fruição ou de ausência . 

O tempo, essa realidade tão subjectiva, pouco interessa, como nos ensi-
nou Einstein .

Quando estamos a dormir, não há tempo .
Quando estamos em sofrimento, o tempo é infinito .

Não se podem fazer contas, nem médias, nem somas, nem adições .

Todo o tempo é relativo .
.

segunda-feira, 20 de março de 2017

MEXIAGATE .

Quero ir para comunista ...

Já experimentei ser governado por diversos partidos e/ou
por alguns sistemas políticos, até cheguei a colaborar por
vezes, ainda que indirectamente, nalguns deles .

Tenho seguido com grande surpresa e indignação, a questão
da desigualdade dos salários em portugal, que, diz-se é a que
apresenta maior discrepância na Europa . 

Preocupa-me que os políticos, em especial os de topo, aque-
les que assumem as maiores responsabilidades da governa-
ção, encanta-me a singeleza de um ex-Presidente, que se quei-
xava que a pensão não lhe chegava para os gastos da Maria
dele, é-me muito difícil situar-me na posição de discutir aca-
rodamente os poucos euros que (agora) estão a umentar as pen-
sões mais baixas, ou a curva do rendimento mínimo para o ano
seguinte, e outos carentes problemas da economia caseira .

Aceito tal retórica, mas não estou em condições de discutir tais
 matérias, vitais para o dia a dia ma maioria das famílias por
tuguesas .

Mas reparei por acaso, e tenho andado a matutar, no enorme
clamor levantado em volta do ordenado do Sr. Mexia, CEO da
EDP, ao que vem nos jornais, e jamais desmentido,

5500 Euros por dia .

Não posso acreditar .
Mas, a ser verdade, até se me dá um nó nas tripas .

Essa quantia equivale a centenas de salários mínimos .

É um nojo

Uma aberração .

Parabéns Sr. Mexia .

Mas, é desta, que eu vou para 
comunista ...
.





sábado, 18 de março de 2017

PORTUGAL DOS BRANDOS COSTUMES .

Por baixo deste aforismo, existe uma sociedade muito
agressiva, cruel e nada tolerante, sempre cpm a bênção
da igreja católica, apostólica e romana .

Quantos crimes têm sido cometidos em nome da fé cris-
tã, num continente que esteve tantos séculos em guerras
sucessivas, com pequenos intervalos para se fazerem os
filhos legítimos .

Árabes, judeus, índios, negros, indianos, gentios, indianos,
asiáticos, peles vermelhas, foi tudo corrido à porrada, com
o intuito de defender as crenças e os bons costumes, a troco
de bens, de terras, das especiarias, do ouro e da prata, dos
diamantes, e do trabalho alheio, em especial do trabalho es-
cravo .

Não admira, pois, que os nossos códices tenham sido gran-
demente inspirados pelas leis criadas pelo império romano .

A paródia dos direitos humanos, inventada há muito poucas
décadas, é só para alguns, e serve para enganar os incautos .

Trump que o diga ...
.

OS MANSOS .

Os bois mansos, 
os boizinhos,
leões com corações 
de passarinhos .

Abençoados os mansos,
pois deles será o reino dos céus .

Detesto as almas santas, os bem comportadinhos, os que vão à
missa com seus fatos domingueiros, os caixa de óculos, os pi-
descos, os que batem três vezes com a mão no peito, os jesuí-
tas, os padrecos que ajudam a padralhada, ao som das campa-
inhas celestiais, os sabujos, os que ladram e fogem, os que fo-
gem sem ladrar e os que mordem pela calada, os mariconsos, 
os embusteiros, os traidores, os que fazem queixinhas, os que 
choram os baixos proventos, mas vão enchendo paulativamen-
te os cofres privados e oficiais, e não cumprem com as suas obri-
gações fiscais e outras, os que lançam pedras à socapa, tentando
fingir que estão sob a alçada da lei, os que têm amigos sérios e 
honrados, mas que não desdenham de um favorzito aqui, outro 
favorzito ali, pequenos favores burgueses, uma mão lava a outra .

Os que vivem toda a vida do rabisco, do engano, da pequena al-
drabice de paróquia, da trafulhice de bairro e de aldeia, sorriso
aqui, sacanagem acoli, rezam o padre nosso e a salveraínha, ba-
tem a mão no peito, vezes sem conta, cumprem as ordens e os de-
veres dos seus superiores, sem pestanejar, a mando de outros 
mansos deste país, jardim à beira mar plantado, gente proba e
feliz, mas que irão defrontar-se um dia com as chamas do infe-
rno .

Juízes em causa própria, esbirros por devoção, simples, hipócri-
tas, justiceiros à moda do oeste, heróis de novela, de terceira cate-
goria, essa gente mesquinha e asquerosa, indivíduos ressaibiados,
que se comportam como se fossem cavaleiros andantes, como nas
histórias da Távola Tedonda, pelo desígnio emanado pela sua da-
ma galante, falsos D. Quixotes de pacotilha, idiotas, salafrários
ignorantes, biscateiros e outra gente de mau porte .

Trazem no bico pecados antigos, mas pensam que vão salvar o mun-
do de todos os pecados, os originais e os adquiridos .

Sabe-se como tudo irá acabar,
porque a inveja, tarde ou cedo, vai tomar lugar no banquete dessa
gente repugnável, que se julga estar a cumpria a lei, mas que estará 
sempre acima da lei .
.




sexta-feira, 17 de março de 2017

Estados de Alma .

Quando se fecha uma porta,
costuma abrir-se, de seguida, uma porta .
Pode acontecer até que se acabem por fechar-se 
as portas todas .

Com a idade e os desgostos da vida, vai-se afunilando
inexoravelmente o caminho, custando sempre encon-
trar a saída(ou a entrada ) .

É como se nos movimentássemos às cegas, chocando 
com as paredes e com os móveis, derrubando os obstá-
culos espalhados à nossa volta .

Tarefa ingrata,

caímos vezes sem conta, umas vezes atrás das outras, 
e começamo-nos a levantarmo cada vez com maior 
dificuldade .
Por vezes, já nem nos apetece erguer .

Vamos tentando, mas como diz o provérbio popular :

 "Tantas vezes vai o cântaro à fonte,
    que um dia lá deixa a asa ..."
.

quinta-feira, 16 de março de 2017

RETOMANDO A POLÍTICA .

Pedro :

Tenho andado para conversar contigo sobre a politica, mas 
até tenho vergonha de abordar o assunto .

Já há muito tempo que se dizia que o País (o Mundo ) tinha
batido no fundo, mas era só uma ilusão dramática, pois nunca
mais se vê o fundo ao tacho, acordamos sempre com a sensa-
ção que é amanhã que as coisas se começam a compôr, que na-
da, surgem sempre acontecimentos imprevistos, alguns dema-
siado escabrosos, outros de uma gravidade inimaginável, e va-
mos assistindo impávidos e serenos, ao desmoronar de uma era
que parecia ser o princípio dum novo tempo, mas o tempo conti-
nua sempre velho, e sem esperança .

O Puzzle mundial pacientemente construído durante décadas, es-
pecialmente no Continente Europeu, está à beira do colapso, e já
lá vão mais de 30 anos que o Muro de Berlim rebentou, e o comu-
nismo chegou ao ocaso, e quando os mais inocentes julgavam que
a História tinha acabado, eis que novos perigos e novos dramas,
agora desencadeados pelo capitalismo selvagem, vêm de rompan-
te espalhar o medo e a angústia num mundo sem lei, deixando mi-
lhões de pessoas na miséria, na fome e no caos .

Eu já não leio jornais, nem revistas, e a informação veiculada pe-
los media enoja-me, tal é a porcaria servida diariamente, repetida
até ao vómito .
E aqueles que mais falavam de democracia e de liberdade de infor-
mação, órgãos ditos de referência, são os que mais emporcalham a
boca, os olhos e os espíritos .

Podes pensar que estou a exagerar, mas só te estou a contar o con-
texto, poupando-te aos pormenores sórdidos e quase pornográficos .

E o mais triste e trágico é que as pessoas mais velhas já passaram
por experiências desta natureza, há muito tempo, mas a memória 
das gentes e dos povos ´frouxa, e não se dão conta da tragédia que
está a chegar .

Afinal, a metáfora do ovo da ser-
pente, aí está de novo .

Um Beijinho, dos Pais .
.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Portugal, Campeão da Europa .

A "Vingança " serve-se fria ".

Nunca um torneio me pareceu correr tão depressa, como
o Campeonato da Europa de Futebol, de 2016 .

Só o seleccionador português Fernando Santos parecia le-
var a sério a fanfarronice de o nosso País ganhar e levar a 
Taça, para Portugal .
Sempre afirmou tal coisa, até ao último dia 

Estivemos sempre suspensos, jogo após jogo, empate a em-
pate, à espera que de regressar de vez .

E Portugal passou aos quartos de final, com 3 empates,
a 1, com a Islãndia, a 0, com a Áustria, e a 3, com a Húngria .

Foi a primeira vez que uma equipa chegou à fase final, só com
empates .

Então, não é que o engenheiro tinha 
razão .

Seguiu-se a Croácia, que perdeu 1 a 0, com Portugal .

Depois a Polónia, que empatou a 1, e Portugal ganhou nos pe-
nalties, por 5 a 3 .

Até que veio a final, com a equipa da casa, a França, habitua-
da a ganhar, eram favas contadas .

Havia empate nos 90 minutos, e o jogo continuou até aos 108
minutos, quando, eis senão, apareceu um português 
quase desconhecido, mesmo em Portugal, e amanda um chuto, 
do meio da rua, e enfia a bola nas redes adversárias, 
Éder de sua graça .

Foi a loucura total .

Querem ver que o Engenheiro estava feito com 
Geová ...

Pedro,

Até parece que o pai estava a contar uma daquelas histórias mi-
rabolantes, a que tu torcias o nariz, por eu estar sempre a exage-
rar

Mas foi mesmo verdade, Portugal foi, pela primeira vez, campeão
da Europa .  ...

Os franceses, sempre com mau perder, tinham tudo preparado pa-
ra acender a Torre Eiffel  com a bandeira tricolor, mas lixaram-se,
e por vingança, não quiseram pôr a Bandeira Nacional no tecto de
Paris .
.

segunda-feira, 13 de março de 2017

O EUROPEU DE 2016 .

Quem sabe se, 

lá no etéreo assento onde subiste,

não estiveste escondido a assistir ao campeonato da Europa,
e te regozijaste com o resultado espantoso de Portugal ...

Quem sabe ...

.

O MILAGRE de SANTOS .

O Paulo Bento,
face aos maus resultados da Selecção, e dada a mudança de di-
rigentes da Federação, foi à vida,

Com toda a naturalidade,

e a equipa de Portugal  ficou em maus lençóis e num grande 
impasse .

Fernando Santos, o engenheiro do penta do FCP, era a escol-
ha óbvia para treinador nacional .

Acontece que o engenheiro (tão educadinho) tinha apanhado 7
jogos de castigo, por disparates cometidos ao serviço da Selec-
ção grega, 

com toda a naturalidade .

Como iria comportar-se o seccionado português, ainda por ci-
ma a braços com uma qualificação complicada por levar a ca-
bo ?...

É então que começa a desenhar-se 

O NOVO MILAGRE DE 
FÁTIMA .

Conhecia-se a religiosidade do Fernando, a sua inabalável fé nos
destinos da nossa selecção, numa altura em que Portugal era uma 
das equipas do Campeonato Europeu menos cotada, quer a nível
nacional, quer a nível internacional .

Conseguiu-se a qualificação europeia, e os nossos rapazes parti-
ram para França, cheios de entusiasmo .

Para que conste e para memória futura, diga-se que o Engenheiro
repetiu vezes sem conta que só regressaria a Portugal, a 10 de
Junho e com a Taça nos braços, o que constituíu motivo de grande 
riso e chacota por parte da maioria dos portugueses .
.

FÉRIAS EM BENAFIM .

Só com a morte da bisavó, é que se começou a tratar da herança
das coisas de Benafim .
Processo atribulado e moroso, que terminou com a posse da casa, 
por parte da avó Rosa .

Foi quando tomámos conta da casa, e nela 
começámos a habitar,

sobretudo nas férias que lá passavas com os teus grandes am-
igos amigos .
Noitadas até tarde e regresso a altas horas  noites, e depois uma 
soneca até de manhã .
Foram os melhores tempos da tua vida .

Lautas almoçaradas, conversas intermináveis, discussões pro-
longadas, jogatanas de King, em que tu sempre querias ganhar, 
mesmo quando era a feijões .
Lanches bem servidos no Havana, até que o Sol caísse a pique,
arumar as toalhas e regresso a casa .

Pequenos rituais, boa camaradagem, amizades de longa data,
que se estenderam por alguns anos .

Era o Céu em Benafim . 


A horta, na altura, um pedaço de deserto, que se foi transforman-
do lenta, mas sustentadamente num pequeno Éden, contámos qua-
se cem espécies plantadas num só ano, e logo algumas delas come-
çaram a dar fruto .

A primeira jóia da coroa, foram as figueiras, de todo o tipo e ta-
manho, qualidades simples ou misturadas .
Todo o tipo de legumes e ervas de cheiro .

O Tio Tonico ia construindo um verdadeiro jardim, a partir do 
nada .

Tu e a Avó, ainda tiveram ocasião para desfrutar tal benesse .

Sem ti presente, deixou de ter sentido a vivência algarvia, tão di-
versa da minha costela serrana, resta a imensa saudade de ti, de
tudo o que tu eras, e que emanavas .

Com tudo isso gravado no meu íntimo, como se ainda estivesses 
por cá, a viver tudo aquilo a que tinhas direito .
.



domingo, 12 de março de 2017

Benafim, terra do fruto seco .

BENAFIM, terra algarvia, na meia serra, entre Messines 
e Loulé, próxima de Alte e Salir .

O Avô Anselmo era um dos maiores 
/vendedores de frutos secos da região .

Benafim ficava bem localizada na estrada que atravessava 
o barrocal algarvio, desde Silves, Barranco do Velho, Mar-
tinlongo . Era um grande entreposto de recolha e distribui-
ção de amêndoas, figos, alfarrobas .

A Bolsa do Figo era em Faro, 
no café Aliança .

E funcionava a sério .

Lembro-me de ir visitar o Avô Anselmo, já no fim da sua vi-
da, no Verão de 1967, já muito próximo da sua morte .

Mas ouvia contar as novas de negócios e aventuras, que tin-
ham celebrizado a Terra e a Pessoa .

O Algarve era um país de lendas e histórias, uma verdadeiras, 
outras captadas pelo imaginário popular, 

E também de crendices e mèzinhas, onde imperava a esperteza 
saloia, de serranhos e montanheiros, gente que se dizia que co-
mia  na gaveta, alusão a uma certa avareza , 

Contava-se que, quando algum homem vinha à cidade, concre-
tamente a Loulé, se trazia o fato rico, era porque ia ao doutor -
médico, se vestia o fato pobre, era porque a visita era ao doutor 
advogado .

Só tomei contacto com a vida dos algarvios, nos fins da década 
de 60, ainda o meu filho não tinha nascido .
.

sexta-feira, 10 de março de 2017

A RIA DE FARO .

Filho de peixe sabe nadar .

Começou muito cedo a tua paixão pelo Mar .

Com dez meses de idade ficaste com a Avó em Faro, e logo 
começaste a tua aventura na Ilha . 
Começaste a fazer a viagem-passeio no barco, uma viagem
deslumbrante através do canal principal da Ria Formosa,
meia hora de travessia maravilhosa, percorrendo mansa-
mente os infinitos canais , curvas e contracurvas, num de-
senho multifacetado, que mudava de sítio e de cor, ao sabor 
das horas e das marés .

Depois era a hora de descansar e comer a papa, 
e já tu estavas à espera de ir para o Mar, primeiro para mo-
lhar os pés, mas depois iniciando um pequeno banho de água 
fria, com que tu te deliciavas .

Qual frio, qual medo .

À medida que ias crescendo, mais tu gostavas da água .

Quando regressámos do estrangeiro, cheios de saudade, voá-
mos para Faro, e no dia seguinte lá estávamos a assistir ao ri-
tual da banhoca .

Como tinhas crescido, filho, em apenas dois meses , compor-
tando-te como já como uma criança tão ajuizada .

Quando ouvias passar um avião, o aeropor-
to era ao pé da nossa casa, apontavas o teu 
dedito para o ar, e dizias vião, vião .

Quando te deixámos, a Avó tinha-te ensinado esse gesto, quando
tentavas perguntar pela Mãe .

Ao regressar, houve alguma dificuldade em retomares a tua vi-
da com os Pais, pois tinhas estranhado a nossa ausência .

O teu amor pelo mar, tornou-se quase uma paixão obsessiva,  uma 
ideia fixa para toda a vida .

A partir desse ano, começaste a passar 2 a 3 meses de praia, durante 
a tua meninice e a tua adolescência .
.

quinta-feira, 9 de março de 2017

O SOL , O SUL E O SAL .

As  primeiras férias a sério, foi no Verão de 67 .
Foi então que comecei a frequentar a praia, passava-se o dia inteiro
na areia, com um calor de rachar .Quando

Levava-se o farnel, comia-se debaixo do toldo e o dia ia-nos consu-
mindo, chegávamos a casa curtindo um escaldão, e era então que  eu
descansava para o dia seguinte .

Nunca me habituei convenientemente àquela brasa, frequente nas terras
do Sul, uma pessoa das serras, habituado a andar bem tapado, não se
conformava a apanhar tanto sol a peito descoberto .

Depois de uma vida inteira, ainda hoje me parece um pouco irracional,
andar à torreira, sem ter uma razão exequível para tal comportamento .

Os primeiros banhos de mar, apanhei-os  eu numa colónia de férias, 
em Buarcos, Figueira da Foz, dizia-se que faziam muito bem, mas eu
nunca consegui entender a razão para tal tormento .
Havia um banheiro que nos agarrava pelo cú das calças e que nos chafur-
dava a cara enfiada na água, umas vezes atrás das outras, e eu berrava 
que nem um possesso, até me atirarem ao chão .

E a berraria só acalmava com o papo seco enxarcado em doce de abóbora .

Mais crescidinho, repeti a dose na Costa da Caparica, mas já eu substi-
tuira a ida ao banho, pelas espreitadelas ao corpos das raparigas, estendi-
das ao sol, como se se tratasse de uma montra de luxo .

Mais tarde, viria a tomar contacto com a praia real, mas as primeiras im-
pressões de infância, nunca me deixaram curtir o gostopelo Sol e pelo Mar .
.

quarta-feira, 8 de março de 2017

À DESCOBERTA DO ALGARVE .

A primeira vez que fui ao Algarve, tinha eu 12 anos, e fomos na 
excursão de finalistas do Liceu da Covilhã .
Os tempos eram outros, só existia o Ciclo Preparatório naquela
cidade . Quem podia seguir os estudos, começava cedo a deixar a 
família e exilar-se numa outra cidade com mais possibilidades, ou
frequentar o ensino técnico-profissional, secção comercial ou sec-
ção industrial .

Saímos num dia de grande nevão e fomos conhecer algumas das 
terras algarvias mais conhecidas .

No meio do curso do Técnico fui, com mais uns amigos chegados
passear de carro ao Algarve, ficámos acampados e levávamos pro-
cisões para vários dias .

Só mais tarde, já eu estava na tropa, ia passar os fins de semana,
de combóio, a Faro e comecei a gostar da Ilha de Faro, onde vivia a
minha futura esposa . 
Estava acampado em plena praia, com mais alguns colegas, passava
o dia na Ilha e depois fazia o passeio de barco da carreira e ia jantar .

Regressava à boleia, no caminho do Aeroporto, e, quase sempre  me
davam boleia, gente que tinha casa na Ria .
Algumas vezes custavam a levar-me , e então fazia o caminho a pé,
até à minha tenda ,

Cerca de dez quilómetros .

Quem corria por gosto, não cansava .
.

O pior era o regresso, pela noite dentro, até de manhã .
Era o comboio descendente que recolhia os soldados, de regresso às 
suas unidades . Parecia um comboio militar .
Parávamos em todas as estações, mas era na Funcheira que era mais
demorado, tomava-se um pouco de ar, comia-se uma bifana e uma 
mini e esperava-se pela ligação de Beja .
Dava para cochilar um pouco .

Quando o sol rompia, entravamos no cacilheiro, rumo a Lisboa, era 
talvez a parte mais gira na viagem .

Depois corria-se para os empregos, à pressa, onde a multidão se espraia-
va pelos carreiros da cidade ainda adormecida, cansado, mas já aguar-
dando pela próxima 6ª Feira .
.



A GRANDE QUESTÃO .

No manicómio/casa de correcção, que era o Instituto Superior 
Técnico, nos anos 60,  havia apenas 3 Professores Catedráticos, 
e um deles brilhava pela excelência do seu ensino .

Costumava sair nos exames de Química Geral uma pergunta 
erudita, capaz de chumbar qualquer aluno :

- Quantos pés tem um tripé ?


A maralha ficava à rasca, mas o douto Mestre, com um sorriso
amarelo de sacana, proferia, na correcção dos postos :

- Tem 3, seus idiotas, pois 4 são demais 
   e 2 são de menos .

Era assim a química no meu tempo ...
.

terça-feira, 7 de março de 2017

O MUNDIAL DE 2006 .

Sempre foste muito aventureiro e decidido .
Quanto te propunhas realizar qualquer projecto, não paravas, ias
sempre até ao fim, custasse o que custasse .

De há muito que tinhas em mente ir assistir ao Campeonato Mun-
dial de Futebol, a realizar na Alemanha .

Conheciamos o risco e as dificuldades que se apresentavam, mas tam-
bém sabíamos o grande prazer que iria dar-te  tal deslocação ao
estrangeiro .
Tinhas, e nós tínhamos também, a noção de que estavas a sarar a fe-
rida na cabeça, e que tinha que fazer o tratamento todos os dias .

Prepararam cuidadosamente o plano de viagem, que incluía ir buscar
o Mercedes SLK descapotável, da Daniela, a tua velha amiga desde o 
Colégio Moderno, a trabalhar em Bruxelas .
O carro ficaria na tua posse, para mais facilmente te deslocares às clí-
nica indispensáveis .
Era difícil conjugar o teu horário com o do Jorge, que tinha projectos
muito pouco semelhantes aos teus .

Na fase de qualificação, Portugal tinha ultrapassado a Estónia, a Letó-
nia, a Eslováquia e o Liechenstein .

Na fase de grupos afastámos Angola, o Irão e o México.

Depois, em Geselkirchen, nos arredores de Berlim, nos oitavos de final, 
eliminámos a Holanda .

Desportivamente as coisas estavam a correr-te bem, mas tinhas já entra-
do numa fase de grande stress, e já só querias era descansar e regressar 
a Portugal .

Também desportivamente, a tua estrela começou a esbater-se .

Em Estugarda, Portugal ganhou à Alemanha, mas viríamos a perder com 
França, com um penalti marcado por Zidane, acabando por ficarmos  
num honroso 4º. lugar .

Tinha acabado  penosamente a festa, que tu tão entusiasticamente tinha
congeminado .

Tinha-se gorado o sonho de portugal ser Campeão Europeu .

Tinha chegado ao fim a fase Scolari .

Mas tu ainda não sabias que o teu sonho, viria a realizar-se 10 anos
mais tarde , em 2016 .
.

segunda-feira, 6 de março de 2017

A MINHA ALDEIA .

Quem vive na aldeia por opção, adapta-se facilmente à rotina
dos usos e costumes estabelecidos , 

Torna-se difícil, a quem está de passagem, adquirir comporta-
mentos e atitudes diferenciadas, sobretudo se a terra é pequena
e não oferece quase nenhuma alternativa ocupacional .


A mudança de local implica muitas vezes com a altura do traves-
seiro, a cor das toalhas, a hora do recolher e do levantar, a hora 
das refeições, os programas de televisão, o horário da bola, e tan-
tos e tantos constrangimentos que tornam a vida insuportável até
para um santo .

Com a idade vamos refinando as nossas manias, os nossos peque-
nos-grandes vícios, os nossos anseios e o desejo de ter uma vida
boa e sustentável, tirando proveito das horas de lazer e descontra-
ção que se nos oferecem nestas pequenas escapadelas .

Mas eu estou cada vez pior, refilo com tudo e com nada, aponto to-
dos os defeitos que me vêm à cabeça, discuto a ementa, a quantida-
de de sal na comida . Imaginem que até imponho o número de 
mastigadelas para deglutir a comida eficientemente .

Acordo as outras pessoas com grande barulho, ligo a televisão em 
altos berros num qualquer programa manhoso, bato com os sapatos 
sem qualquer cerimónia, chego a tirar a comida do prato dos outros .
cuspo no chão, meto o dedo no tacho da comida, eu sei lá ...

Um horror .

Que hei-de eu fazer ...

Já me aconselharam centenas de vezes para que eu me comporte co-
mo um cavalheiro, basta olhar para o lado e ver como as pessoas fa-
zem, quando estamos a conviver uns com os outros .

Mas que diabo, não me contenho . 

Já experimentei deixar de comparecer às transcendentes reuniões fami-
liares, mas também isso não deu resultado .

Uma melhoriazita aqui ou ali, mas que nada, volto sempre àquela pos-
tura desafiante e agressiva que parece assustar as pessoas, tão certinhas,
tão educadas, tão sensíveis, tão comportadas .

Só pode ser falta de chá ...

Se calhar é isso .

Devo ter caído no pote do vinagre ...
.

quinta-feira, 2 de março de 2017

A Aventura do Futebol Português .

O EURO 2004 .

Ao contrário do que estava acontecendo com o Benfica,
a Selecção Nacional ia-se afirmando como uma das melhores
da Europa e do Mundo, levando o País à loucura .

Ficámos meio aturdidos com as despesas feitas na construção
e na melhoria de dez estádios de futebol (alguns viriam a rea-
lizar apenas um jogo), ficámos empenhados até ao pescoço, mas
o Campeonato correu com toda a normalidade, só não fomos cam-
peões, por uma unha negra .

A loucura foi desencadeada pelo então Seleccionador Nacional,o
brasileiro Scolari, que pôs Portugal em polvorosa, como se se
tratasse se uma gigantesca procissão da N. Senhora de Fátima, 
mas em bom . E o facto é que a Santa ajudou, só faltou uma pi-
tadinha de sorte .

Limpámos a Espanha. a Alemanha, a Rússia, a Holanda e vié-
mos encalhar com a Grécia, e depois perder com esse país .

Caímos sòmente na final .

Filho,

Que mês de emoções, quanto sofrimento, quanta alegria, quan-
to desapontamento, quantas lágrimas .
O 2º. lugar soube a pouco, e será sempre uma página brilhante
na história do desporto nacional e, porque não, na história de 
Portugal .

E lá estavam integrados na selecção, os nossos atletas do Benfica,
quase todos militando na altura, noutros clubes espalhados pelo
mundo :

O Quim, o Tiago, o Nuno Gomes, o Miguel, e  
o Simão Sabrosa .
.


quarta-feira, 1 de março de 2017

Histórias do Futebol .

Pedro

Como é diferente o futebol de outros tempos .

Ainda apanhei o futebol no seu estado de pureza inicial, em que
só podiam jogar no Benfica jogadores nacionais, incluindo aque-
les que eram provenientes das antigas colónias portuguesas, Eu-
sébio, Coluna e tantos outros, como Mário Coluna .

Foi assim que o Benfica ganhou muitos 
campeonatos e diversas taças, entre as quais 
2 Taças dos Campeões Europeus .

Foi a era dourada do Futebol português .
Em que o País parava, para ver os jogos internacionais, muitos deles
carimbados com chapa 5 , e em que se dizia por brincadeira que

Eusébio era o abono de família do Benfica .

Foram anos gloriosos, com Bela Guttman, ao comando de uma equipa
que batia o pé ao Real Madrid e ao Barcelona .

Depois começaram a demandar o clube, jogadores de diversas proveni-
ências, sendo o primeiro estrangeiro a pisar o Estado da Luz, um ma-
tunão, de seu nome Magnunsson, se a memória não me falha .

Depois muitos outros, num máximo de 2 ou 3, começaram a enriquecer
o plantel, fazendo as delícias de todos nós .

Com o 25 de Abril, e com José Maria Pedroto, O Benfica começou a em-
palidecer, em detrimento do FC Porto, transformado em tropa de choque
da batalha regionalista contra os clubes de Lisboa, com o apoio descara-
do de árbitros e de outras instituições, legais e ilegais, postas ao serviço
de Pinto da Costa , o rei do Norte .

O Benfica passos por uma fase difícil, ainda por cima pelo facto de se 
terem sucedido no poder vários dirigentes fracos, e alguns até corruptos,
excepção feita a Fernando Martins, o grande mentor da construção do

novo Estádio da Luz, 

A CATERDRAL . 

Uma vez íamos de carro para a baixa, parámos ao pé do Cinema S. Jorge,
viste esse teu presidente a engraxar os sapatos, pediste para sair do carro ,
e foste à pressa pedir-lhe um autógrafo .

Foi com Luís Filipe Vieira, que o Benfica veio lentamente a reencontrar o
caminho do êxito, reconstruíndo  mais uma vez uma equipa de sucesso,
que agora já ganhou o Tri campeonato, e que vai a caminho do Tetra .
.