quarta-feira, 31 de maio de 2017

AS REFORMAS .

REFORMAS, 
em francês RETRAITES .

Não há cão nem gato, nem bicho careta, que não encha a boca
a dissertar sobre a matéria, que está em todo o lado, nas man-
chettes, nas letras miudinhas, na boca alarviada  de toda a gen-
te, dos paineleiros de todos os matizes, e que já contaminou o 
pobre povo, que, no geral, não faz a mínima ideia sobre o que 
está dissertando .
E não são reformas banais, nem aquelas que dão para comprar
tremoços .

São as ingentes, indispensáveis,urgentes, 
necessárias, imprescindíveis e democráti-
cas reformas,

abordadas por todos, pelo mundo fora, desde Portugal , até
Coreia do Norte, desde a China, até à França, desde os USA,
até à Rússia .

Conversa da treta .

Paleio de bêbado .

Cantigas para embalar meninos .

Para se falar tão insistentemente desta turgia, é porque ninguém
faz qualquer intenção de cumprir seja o que fôr .

É para isso que servem os maus políticos .
.


BREJEIRICES .

Puxei o autoclismo
A m.... estremeceu
deu duas voltas à pista
disse-me adeus e desceu .

P...., disse a marquesa,
batendo com as tetas em cima da mesa
mas lembrando-se da esmerada educação
que tinha tido na Suiça
retirou o p... e disse chiça . 

Minha mãe casa-me cedo
que me morde a passarinha
ó filha coça-a com o dedo
que era o que eu fazia à minha .

Namoraram e casaram
mas nunca se deram bem
ele foi para casa do pai
ela ficou na da mãe .

Fui de Lisboa a Sintra 
a casa da Tia Jacinta
para me fazer uns calções
mas a pobre criatura
esqueceu-se da abertura
para as minhas precições .

Fui mijar lá no Rossio
à terceira mijadela
assoprei no assobio
pus a andar um barco à vela .

Era já noite cerrada
dizia o filho para a mãe
No vão daquela escada
passava-se a noite bem
mas a p... da caldeirada
não me caiu nada bem .

Pára raios nas igrejas
é para lembrar aos ateu
que os crentes por mais que o sejam
não têm confiança em Deus .

Fernandinho vai ao vinho
vai encher o pucarinho
cai de trombas no caminho
ai do copo ai do vinho
ai do cú do Fernandinho .
.








A ESCRITA DELIRANTE .

Uma simbiose entre o Surrealismo
e o Anarquismo .

Sempre gostei de dizer disparates e frases sem  nexo, quase
sempre retiradas do contexto, ou num outro contexto, que só
eu entendo .

Ainda não cheguei ao ponto de contar anedotas para dentro,
ou rir-me a despropósito, deixando de ouvir o que me estão
a dizer, para curtir o que me vai na alma .

É preciso prática e treino para lá chegar .

E os exemplos e as ocasiões estão sempre na linha da frente .
Tudo se passa cá dentro, numa caixa própria, a caixa dos piro-
litos .
Não é maluqueira, não senhor .
É outra maneira de estar .
É uma defesa sólida contra a parvoíce generalizada, mas tam-
bém contra os certinhos, os bem comportados, os utilizadores
das ideias politicamente correctas .
Os ajuizados .

Mas é também um grito de revolta, de rebeldia, que se manifes-
ta contra o pensamento único, a verdade absoluta, as boas man-
eiras .

Tenho uma necessidade visceral de , mesmo dizendo patranhas, 
se eu próprio, de corpo inteiro .

Estavas tão meditabunda,
tão meditabunda,
tão tétrica,
que eu medi-te a bunda
com uma fita métrica .

Adoro o Alexandre O/Neil .

Iam dois polícias com uma grande bebedeira, um deles chama-
do Cruz, saindo da taberna, e iam discutindo os problemas da
vida, teimando sempre, até cair :

- Eu sou o Chefe Cruz ;
- E eu sou é o Cruz Chefe ;
- Não, eu sou o Chefe Cruz ;
-Nada disso, eu sou o Cruz Chefe .

A discussão estava tão animada, até que veio a bófia e levou os 
dois na Ramona .
Foram curti-la na choça .
Que vão agora queixar-se ao sindicato
.





terça-feira, 30 de maio de 2017

O FILHO PRÓDIGO .

Há mais alegria no Céu pelo regresso de 
ovelha tresmalhada, do que pelo remanso 
do rebanho todo .

E mataram um cordeiro e o comeram
em acção de graças .

Ás vezes encontro alguém conhecido no meu bairro que me diz :

Ontem vi o seu blog, e gostei muito .
Fico todo satisfeito .

Há outros dias em que não aparece ninguém, só o próprio .
Outros dias, é uma barrigada .
É bem verdade , que lá diz o ditado :

Vale mais só, do que mal acompanhado .

Quando punha bonecos, tinha mais freguesia .
Mas eu sou tolo .
Deixei de ilustrar o Blog, apenas porque sim,e também por pre-
guiça .

Mas prometo que vou retomar as figuras, desenhos e fotografias,
pode ser que assim gostem um bocadinho mais de mim .

Vítima do orgulho, ou da auto estima ?.
.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

A HISTÓRIA DA CAROCHINHA .

Quem quer casar com a Carochinha

que é muito feia e muito màzinha ?.

Quem quer casar com a Carochinha ?,

que tem um petisco a preparar

no caldeirão da cozinha ?.

A vida da Carochinha corria-lhe bem, até que foi obrigada 
a divorciar-se do marido, um sujeito invejoso e mal formado
costumado a viver à custa do alheio .

Já o casamento fora feito por interesse e com segundas inten-
ções . Enganava a Carocha a torto e a direito, sacava-lhe a 
massa, e nunca quis juntar os trapinhos .
Tinham contas separadas, e o malandro é que queria governar 
os proventos da casa .

Sempre foi assim, mas a matrona e os seus amigos iam sempre
adiando o desenlace, pois o malandreco tinha a escola toda, um 
refinado chulo .

Mesmo assim, foi ele que deixou o lar, e com a complicada ques-
tão das partilhas, pois tinham casado com comunhão de bens .

Afinal, havia outro,
que sempre andou com o olho em 
cima dela .

Um labrego, bem apessoado, com poupa à Tintim, um ricaço da 
América, que namorava por correspondência .
Tinham trocado fotografias, o namoro ia andando, até que o preten-
dente veio conhecer a matrona e apresentar-se à família .

Desconheço o que terá acontecido .
O que é certo e que as coisas, pelos vistos, azedaram, e noivo deu de 
frosques, já com os papéis para o casamento a correr .

Ou a Carochinha , afinal era um grande estafermo,  e quando se apre-
sentou a serviço, o ruivo fugiu, só de a ver, não sem ter dado uma enor-
me reprimenta à noiva, à vista de toda a gente .

Ficou tudo de cara  à banda, e o noivado foi desfeito .

E o Caldeirão, de onde vinha um cheirinho  mara-
vilhoso, nem sequer chegou a ser inaugurado .

É  a vida ...
.




domingo, 28 de maio de 2017

AS GUERRAS DE PAPEL .

Acabaram as guerras no Médio Oriente, na Síria, no Iraque,
no Afeganistão, e até na Turquia .
E as que se têm espalhado um pouco por todo o Mundo .

E a razão é muito simples, 
é que elas não vêm nos jornais, 
nem dão nos telejornais .

Também já não anunciam as notícias dos três possíveis impea-
chements, a aumentar de tom em diversos países da América .

Tudo isso passou para 2º. plano .
Perdeu importância,

porque anda todo o Reino Unido, à procura de terroristas por
todo o país e arredores, 
e o resto do mundo à procura de protagonismo das figuras gra-
das do nosso planeta, do cromo da bola e dos outros cromos ra-
ros, da caixa de rebuçados .

Grandes quantidades de papel são precisas também para com-
prar os cromos que jogam nos principais bancos do Hemisféri-
co Ocidental, onde se disputa o campeonato mundial do assalto
às riquezas  .

E isso é que é importante .

Eu bem sei que a maioria dos mortos carreados nos últimos tem-
pos, não falam francês, nem Inglês, nem tocam piano,
mas morrem na mesma, calados, esfomeados e afogados, 
tentando chegar aos países da in(civilização) .

Morrem, simplesmente ...
.



sábado, 27 de maio de 2017

A QUADRILHA DOS 7 .

A Europa num Voo de Pássara .

Um Elefante numa loja de porcelana 
chinesa .

Foi a primeira viagem de Trump ao Médio Oriente e à Europa .

Seria difícil estar a enumerar as broncas, as gaffes, a má educa-
ção, o ridículo que a figura mais poderosa do Mundo foi eviden-
ciando ao longo destes poucos dias  .

Desde o chega para lá, que deu à esposa, em várias ocasiões, dei-
xando-a, propositadamente para trás, e abandonando-a ostensi-
vame, longe dos outros protagonistas, 

até às questões mais sérias, sobretudo aqeulas que se relacionam-
com a Nato, fazendo um discurso vexatório ( que esperavam
os outros comparsas ?), litigando de uma maneira grosseira as dí-
vidas feitas aos outros países da Aliança, desprezando, de uma ma-
neira grosseira o Artº. 5, pilar onde se julgava ser o polo agrega-
dor dos países integrantes, em que se defendia religiosamente le-
ma do glorioso Benfica

Et Pluribus Unum

o Bruto, deixou implícita a possibilidade que tal Artigo, vir
a ser relegada para o caixote .

Toma lá, que é democrático . 

Um escândalo, para estes Europeus de caca, habituados a andar à
babugem das migalhas e do ferro velho ianque .
.



sexta-feira, 26 de maio de 2017

Os Medicamentos . .

À maneira de Nanni Moretti .

Um destes dias, fui ao Centro de Saúde do meu Bairro,
solicitar uma receitas para a minhas medicinas .
Calhou marcar consulta para a médica de família .
A senhora do balcão, toda solícita disse-me que quando 
viesse à consulta, pediria as almejadas receitas .

Passados uns dias, dirigi-me à médica, que me informou 
que o sistema informático tinha caído e que não podia re-
ceitas os remédios .
Pediu-me ais alguns dias .

Por causa da falha informática, as consultas tinham-se acu-
mulado, e devia aguardar um pouco mais .
Assim fiz .

Quando fui pelas receitas, uma delas não caracterizava cor-
rectamente todos os detalhes do pedido .
Que viesse outra vez, com o formulário devidamente preen-
chido .

Tinham passado entretanto três semanas .

Desisti das receitas .

Mas para a próxima, o melhor é memorizar toda a bula de 
remédio e declamar, uma a uma, em frente da médica .

Talvez resulte ...
.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

O OPTIMISTA .

Quando bateres mesmo no fundo,

pára, respira um pouco,

e segue sempre em frente .

Pichagem numa parede de Telheiras .
.

TEMER OU MADURO .

Dois Pesos e Duas medidas .
Ou Três pedidas .

Maduro é um grande malandro .
Temer é um homem de Estado .
Trump é uma Besta .

É engraçado como os nossos avatares da imprensa de referência 
se atrevem a classificar despudoradamente,  os ditadores e outros 
políticos, de acordo com os interesses das classes possidentes .

Se são se Esquerda, ai Jesus, as liberdades e os direitos humanos .
As reformas e a Democracia . O papão do comunismo .
A fome e a desgraça .

Se são de direita, ai malandros , selvagens, bandidos, a destruir o
património, chama-se já o Exército, para manter a Ordem e a se-
gurança . 

Chamem o Estado de Sítio 

Quanto à Besta, está sempre tudo bem, quartel geral Santarém,
está tudo como dantes, quartel geral em Abrantes .
.

terça-feira, 23 de maio de 2017

COMO O TEMPO PASSA .

Não sei se fui eu que passei pela História,

se foi a História que passou por mim .

Assisti a coisas espantosas no decurso da minha vida.
Algumas vividas em directo pela Televisão :

A ida do 1º. homem à lua,

A queda da torres gémeas, em Nova Iorque,

O derrube do Miro de Berlim,

O Tsumami na Indonésia,

O 25 de Abril, em Portugal .
Outras, em deferido, tais como :


O lançamento das primeiras Bombas Atómicas sobre o Japão,

O acidente de Tchernobyl,

A saída e Mandela, da prisão,

A Revolução Chinesa,

A criação do 3ª. Mundo,

A Independência da Índia ,

E, sobretudo as guerras, guerras que pontuaram todo o Sec. XX,
com uma referência ao Holocausto da morte de milhões de judeus
e gente de outra raças, consideradas inferiores .
Talvez seja esse o ponto mais horrível da História da Humanidade .

Mas depois, muitas outra guerras, a Iª. Guerra Mundial, uma gue-
rra completamente idiota, que não levou a lado nenhum,
A Guerra da Coreia, a Guerra do Vietname, a guerra da Indochina, 
a Guerra da Argélia, a Guerra Colonial Portuguesa, as Guerras dos
Balcãs, A Guerra Civil Espanhola, e tantas outras,

e os massacres do Katanga, do Biafra, da Etiópia, da Namíbia, do
Uganda, da Bósnia, da Argélia, do Benim, da Rep. Centro-Africana,
da África do Sul, do Sudão, e muitos outros .

A agora, em pleno Sec.XXI, surge outro pesadelo, o Terrorismo, 
história antiga e trágica, que veio do passado, e está a instalar-se,
sorrateiramente, nos nossos dias .

Os métodos de chacina, os meios tecnológicos usados, a variedade e
a dispersão camuflada, de um inimigo sem rosto, a natureza desta
guerra, e os erros cometidos ao longo de séculos,
mostram-nos que esta guerra veio para ficar, e que são necessários 
novos processos e novas estratégias para um combate mais eficiente .

Os povos ocidentais, continuam a caçar moscas com carabinas,
e elefantes com fisgas .
.







segunda-feira, 22 de maio de 2017

Lágrimas de sangue .

Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal .

Já há muito que esgotei a minha contribuição de sal .

As agruras e os desgostos que fui padecendo, secaram-me por 
dentro e por fora .

Ás vezes ainda choro, choro de desgosto e de dor, mas nada sai
dos meus olhos já cansados .

Choro do peito e do coração, 
mas mas fico seco, como peixe a esturricar ao sol .

Choro em sonhos, que me mortificam e que me assustam .

Choro  do meu cérebro, maltratado, fustigado, porque tem ainda
imensas memórias das maldades por que passei .

Dizem que um homem não devem chorar, mas é porque tem  
inveja ou vergonha .  
.

A BATALHA DA SUCATA .

Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho 

Naquela altura, ainda não tinha inventado a Troika, nem o FMI .
Os homens vasculhavam os sótãos das casas, cheias de teias de
aranha, e ratos, em busca de qualquer tralha velha, que pudesse 
ter algum proveito.

Nas casas com alguma lavoura, a busca era mais apurada, pesqui-
sando pedaços de alfaias arrumadas ao acaso, peças já gastas ou 
em desuso, pregos, parafusos, lâmpadas fundidas, bugigangas sem 
destino, tudo servia para engrossar o saco dos restos sem serventia .

Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho   

Vinham de todo o lado, por vales e montanhas, com sacos de serapi-
lheira às costas, percorriam a vila, gritando bem alto, para depois
irem recolher o magro espólio arrebanhado .

Era o meu tio Alberto, de São Martinho, um parente meu, que comer-
ciava tudo, que recolhia e separava toda essa tralha, arrumando-a em
grandes caixotes, que tinha nos fundos da sua loja .

Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho 

De tempos a tempos, vinham à Vila comerciantes, traziam camionetas 
que levavam todo esse material para longe, Porto ou Lisboa, para se-
parar os metais, o ferro, o cobre e o estanho, para serem fundidos e ten-
tar rentabilizar o que restava daquela amálgama, para outros fins .

Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho .
.

domingo, 21 de maio de 2017

O PRECONCEITO IDEOLÓGICO .

OS MORTOS DE ESTALINE .

Qual a diferença dos milhões de mortos às mãos de Estaline,
sob a batuta dos Bolcheviques,

e os milhões de mortos às portas dos hospitais do paraíso ca-
pitalista que são os Estados Unidos, outros milhões grelhados 
no muro electrificado que o separa do México, ou abatidos a 
tiro, quando atravessam a fronteira entre os dois países . 

Para não falar dos 200 ou 300 mil que morreram instantane-
amente em Hiroshima e Nagasaki .

Todos morreram, de uma maneira ou outra .

A Morte é libertadora,
e liberta todos por baixo .
.

sábado, 20 de maio de 2017

O SALTO QUÂNTICO .

O CLIQUE .

Algo de muito estranho se passou, que não sei explicar.

Algum choque cosmológico ?
Uma guerra das estrelas ?
Uma mutação biológica ?

Talvez que um pequeno planeta se tenha afastado ligeiramente da sua 
órbita tradicional.
Uma passagem do quantitativo para o qualitativo .

O que é facto, é que ando pesquisando o Céu, na mira de te reencontrar,
mas tu tinhas-te vindo a afastar-cada vez mais, e o meu radar deixou de 
te apanhar .

Um erro de cálculo imperceptível, não detectado no GPS da vida, o sufi-
ciente para te perder de vez .

Era um pequeno planeta satélite, integrado no nosso Sistema Solar, mas 
muito importante na minha vida .

Agora vai desaparecer e perder-se no infinito .

Talvez que ele dê uma grande volta elíptica,,
e um dia, quem sabe, volte aproximar-se novamente da nossa galáxia ..

Talvez ...
.
.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Cartas de amor .

Cartas de amor,
quem as não tem .

Todas as cartas de amor são ridícula,
por isso é que são cartas de amor .

Fernando Pessoa .
.

A PORCA DA POLÍTICA .

Regressando à vaca fria,
sem ofensa .

A Porca de Murça .

Estes portugueses são gente engraçada .

Longe da vida dos salões e dos políticos de pacotilha, habituados
a uma vida rude vivida nos campos, a joeirar o pão nosso de cada ,
dia, tinham uma ideia picaresca da política e dos políticos .

Havia na terra de Murça, uma estátua edificada em tempos ances-
trais, símbolo venerado pelas gentes da povoação .

Como os Governos à época, estavam constantemente a mudar, sem
se dar conta dos programas oficiai dos partidos, tiveram a ideia de
ir pintando a porca, mudando de cor cada vez que o tal acontecia .

E o costume ficou para a História .

Hoje ainda temos a porca de pedra bem limpinha, o que quer dizer
que, apesar de tudo, melhorámos o nosso sentimento para com os 
nossos eleitos .

QUE VIVA SEGÓVIA .

Cá vai um abraço para a malta dos cem fugas .
Contem os arcos do Aqueduto, 
e avencem para as grandes comezainas .
Boas paisagens e miúdas giras, 
OLÉ .
Um cumprimento especial para o nosso Zé Luís .
Tchau .
Mário .

quinta-feira, 18 de maio de 2017

UM MUNDO ÀS AVESSAS .

Terrorismo Colorido .

Nos anos 80, no decurso de uma viagem de estudo 
organizada pela Universidade de Nova Yorque
(Oneonta), eu era o pendura de um grupo de estu-
dantes que preparavam o doutoramento, em que o 
responsável era o Professor Jack Kotz, rumávamos
ao Norte, a caminho da fronteira com o Canadá .

A meio do caminho, parámos numa venda de artigos
de folclore índio .
Quando estávamos a chegar, avisou o professor :

- Está a ver, ó Mário, aqui foi o sitio 
  do massacre .

- Fiz-de de parvo, e perguntei-lhe o que era um mas-
  sacre .

 - Kotz Informou que era o sítio onde os peles ver-
   melhas chacinavam os brancos .

 - Fiz um gesto vago, como se tivesse compreendido a ex-
   plicação, e calei-me . .

E, assim estamos nós hoje, com um terrível dilema exis-
tencial .

Será que um americano de ascendência porto riquenho,
branco, de 26 anos de idade, ex combatente do Exército
Americano, meio choné, alcoólico, que não sabe condu-
zir, acelera com grande velocidade um carro em sentido
contrário, para cima da multidão reunida no centro de
Nova Yorque, não configura um acto terrorista treslou-
cado ??? .

Ou quando há gente de outras raças, outras cores, outros 
credos,  que o cometem crimes horríveis, é que se consi-
deram tais actos como terror .

Ou será que nos Usa já não existem
essas coisas ?.
.


quarta-feira, 17 de maio de 2017

A TEMPESTADE .

Santa Bárbara bendita
Que no céu está escrita
Livra-nos desta tormenta
Com um raminho de água benta .

A Tempestade cheira-se ao longe . 
Vê-se avançar , trazendo o céu de breu atrás de nós .
O Vento rosna bravio, as Nuvens correm mais depressa,
sente-se a electricidade no ar, 
e, de repente,
tudo desaba em cima de nós .
O Astro  estoira, e a Terra parece incendiar-se numa 
explosão medonha, que se repete vezes sem conta .

Tudo escurece ainda mais, e as pessoas ficam atordoadas
pelo ribombar dos trovões e pelo ziguezaguiar dos Raios,
caindo em cheio nos rochedos da Serra .

É a tormenta .

É o diabo em pessoa .

Depois, tão depressa como veio, logo se afasta para bem 
longe, levando o Inferno para outras paragens .

Mas, por vezes, o horroroso espectáculo pode prolongar-
-se por várias horas, noite dentro, e mal podemos dormis 
descansados .

O grande compositor Bethoven, transmite-nos uma ideia 
do que é a Tempestade, através da sua 6ª. Sinfonia, designa-
da A Pastoral, uma maravilha criada por um génio surdo .

Depois da Tempestade, vem a Bonança .

É então que regressam o Silêncio da Natureza, o brilho do
Sol, o palavreado e o chilrear dos Pássaros, e os sons nor-
mais de toda a Bicharada .

E tudo volta a ser como dantes .

É então que surge ao longe por trás da serra,

um lindo ARCO ÍRIS que, dizem os antigos, tem na ponta

um grande pote cheio de moedas de oiro .

.





terça-feira, 16 de maio de 2017

CRÓNICA DE UM DIA ASSIM .

Volto ao tempo dos silêncios prolongados, em que é preciso
treinar a imaginação, para o tempo passar mais depressa .
Frequento agora outros espaços cheios de gente, na aparência,
mas vazios de pessoas, quais peças de um mecanismo de reló-
gio, que marca os gestos automáticos, repetidos vezes sem con-
ta,como se se tratasse de uma máquina invisível, que labora sem
parar e sem destino certo .

Trabalha simplesmente .

Surge-me outra vez, a imagem do formigueiro (ou da colmeia),
funcionando na perfeição, sem qualquer desígnio especial .

Retomo os exercícios do Sudoku e das Palavras Cruzadas e ou-
tros jogos que tais, que ajudam no treino das mãos e da cabeça,
só com o prazer de encontrar soluções avulsas .
E logo surge um, após o outro .

Para os Quebra Cabeças da vida, é que é 
mais difícil achar soluções dentro de nós .

E não é nada fácil .

Estamos sempre muito ocupados com a nossa própria vida, com 
os nossos problemazinhos insolúveis, emperrados na nossa própria
narrativa, em que  os mais cegos, são sempre os que não querem 
ver, sempre na busca de soluções milagrosas .

As pessoas fogem da solidão, como o diabo da cruz, mas odeiam a
partilha, seja do que for . Ficam sempre a meio da ponte entre o me-
do e o desejo .

Deste modo, albergam-se no nada, no vazio, 
avidamente .

Enrolam-se dentro de si próprias, remoendo os mistérios da sua exis-
tência, e devorando sem parar, a sua própria solidão .

Nesse cenário, não correm riscos . 

Só o risco de viver .
.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

A minha gata Branquinha, o Ouriço Cacheiro e o Pisco de peito ruivo .

Quanto mais me incompatibilizo 
com as pessoas, 
mais gosto dos animais . 

Não fazem fitas, não ofendem , não têm birras, são leais,
directos, verdadeiros, não simulam, não têm segundas in-
tenções, são bricalhões, espertos, inteligentes, sabem pedir,
sabem medir o perigo, são audazes, fazem excelente com-
panhia, são pacientes, sabem esperar, convivem à distân-
cia,
pedem apenas, em troca a comidinha do dia a dia .

.

A PALAVRA DO PAPA FRANCISCO .

"A QUAL MARIA PEREGRINA ?

À Bendita por ter acreditado,
ou à Santinha a quem se recorre para
obter favores a baixo preço?."

Da Peregrinação de Fátima
13 de Maio 2017

.

domingo, 14 de maio de 2017

A INVENÇÃO DA ESCRITA .

A importância das palavras .

Durante a minha vida profissional fartei-me de escrever
textos, mas sempre sem grande prazer, era uma das minhas 
obrigações .

Escrevia relativamente bem e depressa, mas sem tirar parti-
do de quaisquer efeitos que não fossem estruturar bem as -
ideias, esquematizar devidamente o pensamento, e não per-
der tempo com conversa fiada ou desviar-me  do eixo prin-
cipal da comunicação ,

Escrever preciso e conciso .

Seleccionar bem os aspectos positivos e negativos, salien-
tando devidamente os primeiros e tentando desvalorizar
os segundos  .
Adquiri  práctica e agililidade e fui refinando uma certa 
habilidade na escrita .

Só mais tarde, fui tomando gosto pelo maneio das palavras,
aprendendo a pesá-las, a gerir devidamente o significado 
mais apropriado, em cada caso ( o exercício das palavras cru-
zadas teve para mim, grande importância, não só pelo jogo
em si, mas também pela utilidade de que se revestia ) .

Saltei pois, dos bonecos, sempre muito importantes no decur-
so da minha vida, mas comecei a alterná-los com as palavras, .

Ganhei uma nova ferramenta - a escrita,

mas fui completamente posto em debandada geral, no que se
refere ao número de visitantes do BLOG .

Com o aparecimento do Face Book, 

e de outras plataformas de comunicação, restringido drasti-
camente o número de palavras, hoje em dia, ninguém pode 
conversar normalmente, mas apenas enviar sinais de fumo,
como nos tempos dos índios .

Sinais dos tempos .
.


O CAÇADOR DE SONHOS .

Quando era miúdo, 
o que eu inventava para me distrair, não 
quieto, diziam que eu tinha bichos carpin-
teiros (?...) .

Nunca tive qualquer brinquedo, brinquedos fabricava-os
eu, com uma faca de sapateiro, objecto perigoso e proibi-
do - fruto proibido, sempre foi o mais apetecido .

Quando caí doente, aos 6 anos, era obrigado a fazer repou-
so, deitado no andar de cima da casa do meu avô, com o
tecto envelhecido e manchado, pelos pingos da chuva que
se escapavam do telhado, nos longos Invernos da Serra da
Estrela .

Passava o tempo a inventar e a descobrir figuras no sobra-
do, umas quase reais, outras completamente fantasmagóri-
cas .
( Mas via mesmo, não eram visões, nem alucinações ).

Com essas imagens, construía lentamente o eu Mundo, real
ou imaginário .

A distracção era fácil e barata .

Mais tarde, experimentei as gotas da chuva, a escorrer pelas
vidraças, os riscos pelo bafo do produzido pelo frio das jane-
las, o movimento desenfreado das nuvens que percorriam o 
céu, com pressa de chegar ao mar .

Mais velho, usei como paleta, as paredes carcomidas de Lis-
boa, percorrendo os bairros velhos, maravilhado com as gra-
vuras que encontrava nas camadas de tinta e cal, marcadas
nos prédios sujos e escaqueirados .

(Que Whills viria a descobrir também, 
mais tarde ?) .

Mais recentemente, já na minha segunda juventude dos meus 
ralos cabelos brancos, andei a brincar às Paisagens da Serra
da Estrela, brincando com pequenos pauzinhos, cascas das ár-
vores, sementes, flores e bagas, que enxameiam os Jardina de 
Telheiras .
.

A VIDA REAL .

FÁTIMA,

FADOS

E BOLA,

são as ilusões de um povo
que pede esmola .
.

O BENFICA É TETRA-CAMPEÃO .

Portugal está em maré de milagres .

Salvador ganhou o Festival da Eurovisão
(por uma enorme vantagem) .

E o Benfica é tetra campeão de futebol, 
pela 1ª. vez na história .

Ultimamente, nem tenho visto os jogos do Campeonato Nacio-
nal, por falta de um interesse profundo que tinha noutros tem-
pos e também porque evitava emoções fortes .

Até desisti de assinar os canais de desporto .

Ia ver os logos mais importantes, aos bocados, nos cafés das Docas
Secas, sempre cheios e bem regados, quando jogava o Benfica e o 
Sporting .

Mas hoje, acordei com uma grande fèzada ( pois que de é de fé que 
se trata, quando se quer que o nosso clube ganhe mesmo e jogue 
bem) .

Quando cheguei ao café, a ver o jogo em pé, ainda vi o primeiro golo,
e logo a seguir o segundo .
Fui escolher outro café, e logo me ofereceram um bom lugar para 
ver o espectáculo .

Sempre fui muito severo para com o Benfica, o meu clube de toda a 
vida .
Fiquei extasiado, nunca tinha visto jogar desta maneira, foram 5, como
poderiam ter sido 10 ou 15 .

Assim, só o Barcelona, nos seus melhores tempos .

Pedro, se puderes, vê se consegues assistir  este 
jogo do Benfica, numa televisão perto de ti .

Beijinhos .
.

sábado, 13 de maio de 2017

O CARREIRO DE DEUS .

A formiga no carreiro
Vinha em sentido contrário
Caiu à rua caiu à rua
Em cima de um septuagenário

Lerpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas águas
Virou-se para o formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro 

... e ao sétimo dia 
Deus criou o Homem
(e num gesto magnânimo,
acrescentou-lhe também a mulher ) . 

Será que as formigas também são criaturas de Deus ?.
Ou não .

Qual é o mistério, a punção biológica, que leva aqueles
insectos, a cumprir simplesmente o seu destino, sem pe-
cado, sem bulhas, perfeitamente organizados e discipli-
nados, sem greves, numa sociedade extraordinariamen-
te quase perfeita, em que todos os indivíduos se ajudam
e completam uns aos outros .

Será que há dedo de Deus neste negócio .

Claro que existe uma diferença abissal  :

Os homens, ao contrário das formigas, são livres de fazer
o bem ou o mal, isso é lá com eles, só que depois sofrem as
consequências dos seus impulsos .

Têm, por isso, uma enorme vantagem ...
.




sexta-feira, 12 de maio de 2017

O MILAGRE .

Como eu gostava de acreditar 
em milagres ...

Talvez o meu filho se tivesse safado do cancro assassino 
que o derrubou .

Talvez que se houvesse Deus, talvez Ele se tivesse apieda-
do do sofrimento inaudito  por que passou, e O tivesse pou-
pado dos horrores vividos durante o inferno da doença te-
naz, dando-Lhe algumas tréguas, por momentos .

Não seria preciso um grande milagre, talvez uma pequena
ajuda que O tivesse livrado, por mais algum tempo e Lhe
concedesse algum alívio a prazo, que Lhe minorasse o cor-
po e o espírito .

Ai, se houvesse milagres .

O Mário Pedro era uma daquelas pessoas que merecia um
pequeno adiantamento, de modo a poder acabar algumas 
das importantes tarefas que tinha entre mãos, uma pequena 
bolsa de tempo, não era preciso pedir muito, bastavam-lhe 
alguns créditos, para acabar a sua obra .

Como seria bom beneficiar de um Milagrezito, que pudesse 
alongar algum tempo de felicidade e de bem estar, cá na ter-
ra, mesmo que tivesse que pagar, e com juros elevados, para
saldar a sua dívida  no Além .

Ai, se houvesse milagres ...
.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

O PAPA FRANCISCO .

Nada me move, nem nunca moveu , contra a religião, antes pelo 
contrário, mantenho um certo distancionamento respeitoso acerca
das questões religiosas, ao invés de outros temas ideológicos ou
programáticos, em que me posiciono com alguma rigidez militan-
te, como no caso da política, por exemplo .

Nunca tive directamente ou assisti, durante a minha vida a qual-
quer problema referente ao credo, que nunca professei .
Sempre achei tratar-se de um não tema que não pertence às minhas
preocupações ou áreas da minha intervenção ..

Sou pois um agnóstico puro e duro, que tenta 
viver de acordo com toda a gente, e respeitar 
as ideias de cada um .

Acho, isso sim, que por vezes me são impostas por terceiros, alguns 
constrangimentos, de uma maneira abrupta e atentatórios da minha 
liberdade de expressão . 

Mas até isso eu relevo .

Não costumo intervir em disputas que envolvam os usos e costumes 
tradicionais, credos ou ideia que acabam por ser da inteira respon-
sabilidade meramente individual .

A visita do Papa Francisco não me aquece, 
nem arrefece .

Contudo, não deixa de parecer um tanto abusiva, a histeria colectiva
manifestada em todo este importante acontecimento, como se não hou-
vesse mais nenhum tema de relevo, a realçar nos nossos media comple-
tamente dominados pelo pensamento único .
.

O RALLY PAPER .

Quantidade versus Qualidade .

Será que os putos estão, hoje em dia, mais bem preparados
para a vida, do que há umas décadas atrás .

Boa pergunta .

O salto tecnológico e e educacional foi tão fantástico, que 
vivemos hoje num outro paradigma completamente diferente .
Nem sei mesmo se devo formular tal preposição .

Mas, por vezes, questiono-me .

Não é da vida material que estou a falar .

Falo  daquilo que vai na cabeça das crianças, e, em especial, da
organização mental da rapaziada adolescente, habituada a ter 
tudo, a usar tudo, mas que não consegue realizar de onde vêm 
os ovos, muito menos, como estrelá-los .


Hoje em dia, já não chega tirar um curso superior, nem mesmo 
um bacharelato, quiçá um doutoramento, para acabarem agarra-
dos a uma caixa registadora de um qualquer supermercado, ou a
distribuir pizzas ao domicilio .

Convenhamos que é um desperdício imenso, mas a questão é sa-
ber se os nossos jovens vivem felizes com tal situação, e porque se
não revoltam .

Muitos emigram, é uma solução . 

A mais fácil e mais óbvia .

Algo está errado no nosso reino, á beira mar 
plantado .


Ontem, de manhã, fiquei a observar a movimentação das crianças 
e respectivos progenitores, à chegada para a escola, levando-as até
á boca do lobo, carregando as malas dos livros de estudo, e os em-
brulhos das refeições .

De tarde, tudo se repete, mas em sentido contrário .
Depois têm ainda resmas de trabalhos de casa, em regra participa-
dos pela família inteira .

Quando e onde é que os putos jogam à bola ?.

Se é que ainda sabem o que isso é ?.
.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

SOLITUDE .

Quando vieram prender os ciganos, nem liguei, 
eu não era cigano .

Quando prenderam os homossexuais, nem dei por isso,
não era gay .

Quando apanharam os comunistas, 
ouvi dizer, mas não fiquei assustado .

Levaram os católicos, 
nem sequer tive conhecimento .

Quando agarraram os sociais 
democratas, achei estranho,
mas como não era nada comigo, 
deixei andar .

Levaram à força os liberais, 
estranhei e fiquei preocupado .

Quando me vieram buscar, 
já não havia ninguém 
para pedir ajuda ...
.






A GRANDEZA DA FRANÇA .

Viver à grande e à francesa .

O Complexo de Napoleão .

Entalada entre a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a Itália,
a Holanda, a Dinamarca e Portugal, 
a França viveu sempre o sonho de uma potência marítima, sem
nunca se poder afirmar como tal .

Permanece para mim um mistério , como foi possível que 
Luis XVI, monarca absoluto durante décadas, conseguir amea-
lhar tanta riqueza e poder, e fazer da França o reino das luzes,
tornando o país, o centro de gravidade do mundo moderno .

O mundo do conhecimento e das artes .


Não foi a trabalhar, certamente ...

Mas foi através do poderio dos exércitos, com grandes chefes à-
cabeça, que Napoleão se transformou  no expoente máximo da 
civilização, e atingiu o auge do seu poderio militar, económico, 
social e financeiro, tendo dominado quase toda a Europa (toda 
não, porque um pequeno país, junto ao Mar Atlântico, correu 
com os franceses à pedrada) .

Os franceses bem tentaram impor o seu Império, mas sem o con-
seguirem . Ficavam com os restos e as migalhas dos outros gran-
des, que jogavam na 1ª. Liga da roubalheira, do esbulho e do cri-
me organizado .

Mesmo assim, abocanhariam  Marrocos,  a Argélia, Marrocos, 
o Líbano, a Tunísia, Madagáscar, e imensos pedacinhos de terra, 
espalhados um pouco por todo o mundo, e estrategicamente plan-
tados nos 4 Continentes.

Mas, a França, sempre foi sol de pouca dura .
.





terça-feira, 9 de maio de 2017

O GALINHEIRO .

Nunca se devem pôr todos os ovos
no mesmo cesto do galinheiro .

Pode acontecer até que o cuco se tenha antecipado
e posto todos os seus ovos nesse mesmo cesto .

Que isto de ovos, percebo eu .
.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Dei-te quase tudo .

Foste entrando sem pedires
E marcaste os teus sinais
Tatuaste a minha vida
Ferro e fogo e muito mais
Vasculhaste os meus sinais
E eu deixei
Sem reservas nem pudor

Invadiste os meus sinais
O que não fiz por amor
E deixaste a minha vida
Meio perdida
Neste beco sem saída

Dei-te quase tudo
E quase tudo foi demais
Dei-te quase tudo
Leva agora os meus sinais

Obrigaste a quebrar
Todas as regras
E deixaste-me ao sabor
Na loucura
Dei-te os dedos e os anéis
E o que tinha de melhor

Dei-te quase tudo
E quase tudo foi demais
Dei-te quase tudo
Leva agora os teus sinais

Paulo Gonzo 

.

A ÚLTIMA VEZ QUE VI PARIS .

Paris tornou-se uma referência vital na minha vida .
O mundo, naquele tempo , era muito menos anglo--saxónico . 
Usava  a chamada língua técnica, por oposição da língua das 
humanidades, da Arte e da Cultura, até mesmo da Ciência e da
Literatura .
Foi nesse caldo que a vida me abriu novos horizontes .
Lia livros proibidos na Livraria Barata, perseguida pela Pide, e
algumas obras passaram a ser-me vendidas em segredo, por baixo
do balcão, privilégio só dado a pessoas amigas e conhecidas .

Depois, quando comecei a viajar, um pouco por toda a Europa, 
era em Paris que descansava o meu espírito .

Lembro-me da 1ª. vez que visitei o Museu 
do Louvre .

Lá estava quase inteiro, o meu mundo, A Mona Lisa e todos os
Impressionistas, Chagall, Os Nenúfares, de Monet, o Jogador,
de Cezanne, Manet, Pissarro, Rodin, Picasso, as Montanhas, 
as Loucuras e os Girassóis de Van Gogh, com a orelha cortada,
numa noite de bebedeira, 
Poussin, Rousseau, Gauguin, e tantos, e tantos outros, que a mem-
ória já vai deixando para trás .

 Tinha chegado ao Paraíso ...

Tinha visto vezes sem conta, a exposição sobre os cem anos
da Pintura Moderna, na Sociedade Nacional de Belas Artes,
que foi então o meu portal de entrada para a Pintura, revisi-
tado sempre que ia à Cidade das Luzes .

Depois chegou o Centro George Pompidou,
e mais tarde ainda, o Museu d/Orsay , que com o Louvre, 
formavam uma tríade maravilhosa, que alimentou o meu Ego 
para todo o sempre .

Foi esse o grande legado entregue nas mãos 
da Humanidade . 

Espero, sinceramente, que tal legado permaneça inamovível, para
todo o sempre .
.


domingo, 7 de maio de 2017

VIVE LA FRANCE .

Como eu amava a França .

No meu colégio, andava no meu 4º. ano do liceu, eu, que era
um falso aluno bem comportado, mas um grande malandro, 
atento e cumpridosrdos meus deveres escolares, mas danado 
para a brincadeira,um adas minhas professoras, a D. Edite, 
chamava-me

Placide, le père tranquile, 

alusão a uma das belas páginas do livro de da disciplina de
Francês .

Sempre gostei da História e da língua de Molière e dos seus
heróis .

A primeira vez que vi Paris, foi um deslumbramento, a concre-
tização de um sonho antigo .

Habituado à Cidade das Sete Colinas,

fiquei completamente embasbacado quando vi  o Arco do Tri-
unfo, com doze boulevards irradiando por toda a cidade, dividi-
da por uma gigantesca avenida, que ia da Bastilha, até ao Gran-
de Arco da Défense . 

E depois, ver a Torre Eiffel, deixou-me uma imagem imortal .
Ir a Paris, e não ver a Grande Torre, era como ir a Roma e não
ver o Papa .

Quando me estava a preparar para o estágio profissional a que
estava obrigado, o meu chefe, o mausão Engº Diógenes Palha, 
bem que me avisou :

" Ó Garcia, tenha muito cuidado com esses tipos .
   Olhe que, para eles, todas as pessoas importantes, qualquer que
   seja a sua origem, são todas francesas .
   Cristo era Francês,
   Marx era Francês, 
   Freud era francêsm
   e assim por diante ".

"Não se deixe impressionar, mas concorde sempre com essa corja" .

Como dominava bem a língua, esse estágio foi um belo passeio para
mim, e aprendi muito, do ponto de vista técnico, social e fundamen-
talmente do ponto de vista intelectual e artístico .

Pois não era Paris ainda 

A CIDADE DAS LUZES .

Era a primeira urbe que eu conhecera, mas nenhuma outra superou
tantas espectativas e tantas esperanças, pois era como se eu já tivesse
vivido em Paris, desde sempre .

Cada monumento, cada rua, cada estátua, faziam ressoar em mim, to-
da a glória que eu já havia vivido nos livros .

Era um autêntico filme contínuo, e a côres, que estava no meu espírito,
desde há muitos tempo .
.


sábado, 6 de maio de 2017

A DERRADEIRA VIAGEM .

Vinham de noite, no barco da África, os caixotes com os
mortos caídos naquela guerra infernal .
Vinham devidamente escondidos, para não criar alarme 
social, para não dar nas vistas .
Às vezes nem as famílias sabiam dessa última viagem .

Não se sabe para onde os levavam, quem os acompanhava,
o enterro era segredo de Estado, as notícias não vinham nos
jornais .

Era a vergonha da Morte .

Os mais informados sabiam coisas que ouviam , mas  que não 
era possível contar .

Era norma na tropa, nunca filmar partidas de soldados para 
o Ultramar, proibidas as festas e os jantares no seio do Exér-
cito, podia comemorar--se a alegria do regresso das nossas
tropas .

Mas soldados mortos, nunca .

E que dizer dos feridos, dos estropiados, dos decepados.
Deslocavam-se nas suas cadeiras de rodas, em silêncio, à volta
dos hospitais militares, vários espalhados pela cidade de Lisboa,
e muitos outros nos hospitais da Província .
Povoavam a zona do Largo da Estrela, e nas imediações da Rua
Artilharia 1, 

Onde iam, o que faziam, como eram tratados, qual o seu destino,
era negócio das famílias atingidas .

E havia os mortos-vivos, em regra encaminhados para o Hospital
da Boa Hora, para os lados da Ajuda .

Guerra escondida, com cadáver à mostra .

Muitos militares iam para a Alemanha, tratar de  se adaptar às
próteses, que viessem devolver alguma dignidade aos nossos he-
róis .

Outros ficavam por cá, ao Deus dará .

Outros ainda viviam escondidos, até da própria família e dos ami-
gos .

Uma legião de soldados, na altura tratados como maluquinhos (só
mais tarde havia sido criado o paradigma do trauma de stress de
pós guerra), que colheu de surpresa muitos milhares de pessoas, 
saudáveis por fora, mas gravemente feridos por dentro, muitos sem 
nunca terem sabido qual a doença de que padeciam . 

Como classificar e contabilizar os horrores de uma guerra selva-
gem, idiota e sem qualquer sentido .

Já é tempo de falar verdade  aos portugueses, e honrar devidamen-
te todos os que, directa ou indirectamente, voluntários ou arrebanha-
dos à força, foram sacrificados nesta carnificina, em ple-
no Sec. XX .

A hipocrisia humana, não conhece limites .
.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

A GERAÇÃO TRAÍDA .

Ninguém sabe ao certo, o número de baixas resultantes de
quatorze anos de guerra em África, entre mortos, feridos, 
estropiados e muitos mais que ficaram definitivamente mar-
cados pelo stress traumático de guerra .

Mais as centenas de milhares de pessoas arrancadas ao re-
manso do lar e das famílias, gente afastada para longe, lares
desfeitos ou desajustados, um povo errante devido à guerra, 
a que se juntavam muitos mais, que partiam em busca de me-
lhores condições de vida, que nunca almejariam neste pobre
país .

Uma geração completamente destruída e traída, em que o te-
cido foi completamente estraçalhado para sempre .

E, no entretanto ...

Afinal, quem foram na realidade, 
os verdadeiros espoliados,
nesta tragédia nacional ?...

Com algumas dificuldades, que os de cá conseguiram colmatar
em parte, acabaram todos por voltar, conseguindo absorver cer-
ca de dez por cento da população portuguesa .

Sim, esse foi um verdadeiro milagre de Fátima .
.


OS BATANETES .

O Batanete é bom .
O Batanete é bom .

O Pato Donald é bom .
O Trump é bom .
A esposa e as filhas do Trump são muito boas .
O Clinton é bom .
O Maduro está podre, não é bom .
A Hilary é assim, assim .
O Cameron é bom .
O Assad não é nada bom .
O Fillon é bom.
O  Melanchon é bom .
O Macron é bom .

A Marine é do pior .

O Batanete é bom .
O Batanete é bom .

O Kim é péssimo .
A Tereza May deve ser boa .

O Holandês que tem um nome do tamanho de um combóio,
e as letras todas do alfabeto,
é muito bom .

O Castro não é bom .

Boa é aquela cena em que a realeza americana desliza suave-
mente, atravessando o pano de boca do circo da Casa Branca,
como se fosse um presépio .

O Rajoy é bom .
O Homem Aranha é bom .

A Rainha de Inglaterra é o máximo .

O Pego é todo bom.
A Pega é toda boa .

O Batanete é bom .
O Batanete é bom .

O Putin é o maior .
O Capitão América é óptimo .
Os Buches sáo uma delícia .
O Peru estava muito bom .
O churrasco também .

Marx morreu,
Freud também,
e até já eu, não me sinto nada bem ...
.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

OS DESPOJOS DE GUERRA .

As almas sensíveis
não gostam de matar galinhas,
mas adoram comê-las .

Longe da vista, longe do coração .

Durante os 14 anos de Guerra Colonial, guerra quente e bem quente,
vivemos o dia a dia de uma catástrofe engendrada pelos nossos falsos
patriotas de pacotilha . Gente sem escrúpulos, onde imperava a igno-
rância casada com o amor ao dinheiro e com a ganância desmedida, de
uns quantos, à custa de tantos outros .

Para esses parasitas, a guerra era o café e o cacau, o ouro e os diaman-
tes, os minérios e as outra matérias primas, a troco de panos e bugigan-
gas e vinho estragado .

Era o negócio, o açambarcamento das riquezas de um quase continente,
teritório rico em tudo, menos na massa cinzenta dos nossos governantes .

Não é possível contabilizar os despojos desta guerra madrasta, sem ter
em linha de conta, os quinhentos anos de cobiça e de rapina, de tráfico
desbragado de escravos, espalhados pelos 5 continentes, como força de
trabalho, boa e barata, ao dispor de um bando de colonos assassinos, 
ávidos de sangue e de benesses .

Sei que é feio falar dessas coisas, que parecem retiradas do contexto da 
História, mas gravadas no sangue e no sofrimento de milhões de homens,
mulheres e crianças, cujo único pecado, foi terem uma cor diferente dos
belos caucasianos, loiros e morenos, bem educados e bem prendados, que
tinham adquirido o privilégio de matar vilanagem, para espalhar a fé
cristã .

Foi esse o principal despojo que os portugueses 
trouxeram de África .

Outros se seguiram .

Já que estamos numa de Fátima,
quando é que o Papa Francisco arranja alguns 
minutos, para rogar por nós, perdão pelas malfei-
torias cometidas em nome desta gente tão temente 
a Deus, durante os séculos de colonização e evangi-
lização da África Portuguesa .
.




quarta-feira, 3 de maio de 2017

Ainda a Descolonização .

Texto da autoria de 
Mário Pedro Garcia .


Decidimos publicar um texto escrito pelo Mário Garcia no blog Martinho da Arcada, em 1 de Julho, de 2007.
Esse texto aborda o problema da integração dos chamados retornados das antigas colónias portuguesas.
A coragem, a clarividência e o amor à verdade que são evidenciados pelo tema, justificam tal publicação, dado persistirem ainda, na nossa sociedade, certas ideias feitas, mitos e preconceitos, difíceis de apagar.

Retornar a História
Numa altura em que o Estado Alemão está a concluir o pagamento de indemnizações aos ex-presos políticos do regime comunista da antiga RDA, o Herald Tribune de 15 de Junho relata a história de um grupo de mulheres alemãs excluídas deste processo apenas por terem estado no sítio errado e na hora errada.
Aquando da ofensiva final do exército vermelho em direcção a Berlim, na Primavera de 1945, estas cerca 20.000 jovens adolescentes viviam no Reich Alemão a leste do rio Oder, que no pós-guerra passou a ser território polaco.
Ao terem sido feitas prisioneiras de guerra, iniciaram a sua epopeia de sofrimento sendo levadas para campos de trabalho na Sibéria. Cerca de 4 anos depois as sobreviventes, menos de um terço, foram realocadas na RDA, proibidas de comentar o seu passado, aliás negado oficialmente.
Depois da reunificação, e com a ascenção ao poder de Angela Merkel, ela própria oriunda da Alemanha de Leste, criaram-se as condições para a sociedade alemã curar estas ‘pequenas feridas’. Mas hoje, seis décadas depois, continua a não existir qualquer registo oficial destas prisioneiras de guerra."We are Germany's forgotten wartime prisoners". "The issue is not the money as such, (…) it is about respect and recognition. We suffered in the labor camps. We were prisoners. Yet the German government has never recognized that fact.
"Paralelamente, leio no Courrier Internacional (8 de Junho) um artigo publicado no El Periódico de Catalunha intitulado «Um Milhão de Espolidos Esquecidos - Os portugueses que deixaram África ‘com uma mão à frente e outra atrás’ ainda não foram indemnizados pela descolonização».
Os denominados ‘Retornados’ «há 32 anos que reclamam do Governo Português uma indemnização por tudo o que perderam após a independência das províncias do ultramar».
Reconhecem que ‘os culpados’ foram os interesses internacionais. «Em plena guerra fria, os Estados Unidos, a Rússia, Cuba e a China estavam interessados no petróleo de Angola e no controlo da África Austral.» Mas acusam o Governo português de nada ter feito na defesa dos seus interesses.
A descolonização ainda hoje não é um tema pacífico em Portugal, pois muitos dos directamente envolvidos em todo o processo continuam vivos.E julgo que não vale a pena esgrimir argumentos sobre o momento histórico em que, em consequência da queda do Estado Novo, Portugal promoveu o acolhimento e integração na ‘metrópole’ de cerca de 1 milhão de retornados (10% da população). É um assunto que continuará a incendeiar velhas memórias, paixões e ódios antigos.
Contudo, parece que existem mais de dois mil processos de indemnização contra o Estado Português.
Estas indemnizações, no momento presente, significa que os cidadãos não envolvidos nestes processos deverão indemnizar os seus concidadões .
Ora eu questiono: De quê e porquê?
O Estado Português, que se saiba, não é acusado de ter ficado com o património dos lesados (ao contrário das nacionalizações). Não deveriam processar os respectivos PALOPs?
E não defendeu o Estado Português os interesses dos colonos portugueses?
O que foram os 13 anos de Guerra Colonial?
Nunca terá ocorrido aos colonos portugueses que a guerra poderia ‘dar para o torto’?
E não criou o Estado Novo condições de excepção para os portugueses no Ultramar?
Não beneficiaram de actividades económicas protegidas?Não era até necessário uma ‘carta de chamada’ para iniciar uma aventura africana?

À semelhança do caso das cidadãs alemãs, sou obrigado a lembrar-me também aqui dos ‘esquecidos’ desta nossa história.
A começar por todos aqueles que foram obrigados a sair de Portugal, durante décadas, ‘com uma mão à frente e outra atrás’, por não terem o que comer. Na altura em que se dizia não haver racismo entre nós pois vivia tão mal o preto em Àfrica como o branco em Portugal.
Quantos não sairam do País, até clandestinamente, porque esse mesmo Estado Português não ter sido capaz de criar as condições básicas de sobrevivência por cá?
E os caso dos presos políticos do Antigo Regime, torturados, exilados, discriminados, assassinados?
E os soldados que foram parar à Guerra?
Deverão também, todos eles, processar o Estado Português?
Segundo se depreende do referido artigo, aparentemente não podem.
Isto porque, os processos em causa envolvem a avaliação de ‘bens que tiveram de deixar para trás’, ‘propriedades’, ‘peritagens’.

Como cidadão português, já em pleno século XXI, considero não ter nenhuma dívida monetária com os ‘retornados’, palavra do passado, pois todos aqueles que eu conheço que regressaram do Ultramar, na minha família, entre os meus amigos, ou na vida pública em geral, são tão portugueses como eu. Longe vão os tempos dos portugueses de 1ª e de 2ª.
Ou talvez não...

posted by Mario Garcia @ 02:25 0 comments link

.

A DESCOLONIZAÇÃO .

40 Anos, o período de nojo .

Costuma ser este tempo, aquele que é guardado para manter
a História fixada na memória, guardando reserva de factos e 
acontecimentos susceptíveis de gerar controvérsia, em especi-
al quando eles ainda estão relacionados com os protagonistas 
históricos, muitos deles ainda vivos .

O tema é, ainda hoje, considerado tabu, mas é tempo de aquele
períoda da nossa história, começar a ser abordado de maneira 
desapaixonada, e seja estudado de uma maneira sistematica-
mente e sem alibis, por quem de direito .

Guardo pessoalmente memória dos relatos feitos nessa altura, 
relatos vividos e contados a quente, envolvendo familiares e ami--
gos, sobre um tema completamente transversal, que apanhou ge-
rações inteiras, e que varreu a sociedade portuguesa, numa ver-
dadeira tempestade tropical, de intensidade importante, mas lon-
ge dos dramas e problemas sofridos no decurso de outras desco-
lonizações, ocorridas por exemplo, em países como a França , a 
Bélgica, a Inglaterra ou a Espanha .

Mas não poderei calar as razões evocadas por ambos os lados de 
um assunto, envolvendo ainda zonas de ódio, entre os que partir-
am para longe, os que ficaram eos que foram obrigados a regres-
sar .

Uns e outros, e todos, têm as suas razões cravadas fundo, mas pen-
so que todos, a seu jeito, têm razões de sobra, para se sentirem or-
gulhosos da Epopeia da Descolonização Portuguesa, vivida com 
sofrimento, mas sem qualquer derramamento de sangue .

Muitas feridas foram abertas, mas a grande maioria delas já se
encontra sarada .
.

terça-feira, 2 de maio de 2017

CONTRADIÇÕES .

E se todo o mundo é composto de mudança,
troquemos-lhe as voltas, que ainda a vida é 
uma criança .

A vida é um permanente equilíbrio entre aquilo que desejamos
e aquilo que deveras somos . 

É o denominador comum entre o que sentimos pelos outros, e o 
que os outros sentem por nós .

Um compromisso quase sempre irrealizável .

Vivemos no fio da navalha, na fronteira entre o sonho e a fanta-
sia com o mundo real .

Por detrás do manto diáfono da fantasia, esconde-se a rude cru-
eza da realidade .

Como é difícil e perigoso viver .
.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

MENINO DE OIRO .

O meu menino é de oiro
É de oiro fino
Não façam caso que é pequenino
O meu menino é de oiro
De oiro fagueiro
Hei-de levá-lo no meu veleiro 

Venham as aves do céu
Pousar de mansinho
Por sobre os ombros do meu menino
Do menino do meu menino
Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó

Quantos sonhos ligeiros
Pra teu sossego
Menino avaro não tenhas medo
Onde fores no teu sonho
quero ir contigo
Menino de oiro sou teu amigo

Venham altas montanhas
Ventos do mar
Que o meu menino nasceu pra amar
Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó

O meu menino é de oiro
É de oiro fino
É de oiro o meu menino
O meu menino o meu menino

José Afonso

.