terça-feira, 31 de março de 2015

A TEORIA DA CEGUEIRA .

O Sol quando nasce, deveria ser de 
todos e para todos .
Mas não é .

Muitos não conseguem encará-lo de frente .
Só com óculos e lentes especiais, ora côr de rosa, ora
completamente fumadas .

Piores ainda, são os que, armados de uma óptica espe-
cial, se recusam a ver, tudo o que não venha escrito no
cardápio oficial .

Há os que pôem palas garridas nos olhos, como as bestas,
para verem só  o que lhes convém .

Outros vêem só com um olho .
Outros são vesgos de todo .
E há ainda o que se recusam a ver, seja o que fôr .

MAS, O PIOR CEGO,
É O QUE NÃO QUE VER .
.


HABEMOS PRESIDENTE .

" TENHO IDEIAS,

   GENICA

   E BONS GENES " .

Henrique Neto,
industrial de moldes,
é, aos 79 anos,
o primeiro na corrida a Belém .

Que Deus lhe dê saúde, comidinha,
cama e roupa lavada .
.

domingo, 29 de março de 2015

PEREGRINAÇÃO .

Nasceste em Lisboa,
mas foi como se sempre tivesse crescido e vivido
com o sentido no mar .
Sorvias o mar, bebias o mar, engolias o mar .
Eras o próprio mar .

Pela mão da Avó Rosa,
partias manhã cedo no barco da Ilha 
a caminho da praia e do mar .

Mal dormias, mal comias,
e corrias para o mar, 
como se ele fosse acabar . 

Entravas e saías
vezes sem conta.
Era preciso arrancar-te às ondas,
mas tu regressavas uma e outra vez
sem jamais desistires .

Parecias um golfinho,
brincando sem parar .

Já perto do fim
estiveste na praia de Copa Cabana,
cumprindo a promessa a Iemanjá .
Vestiste de branco
e saltaste as ondas na Passagem do Ano .

Talvez que agora continues a navegar
de porto em porto,
sentindo as ondas o mar
a bater-te suavemente
de mansinho nos pés .
.





sexta-feira, 27 de março de 2015

OS COFRES CHEIOS .

... "Mas nós agora, 
     temos os cofres cheios "...

Citando António Oliveira Salazar,
o que só lhe fica bem,

a frase torna-se pornográfica, qualquer que seja 
o contexto em que foi proferida .

A boçalidade desta dama, constitui algo  inquali-
ficável, que ofende todos aqueles que têm vindo a
ser esmagados pela carga fiscal a estão sujeitos .

Grande Maria Luís .

É o que se pode chamar uma mulher com eles no 
sítio ...

Como foi ela que pronunciou aquela boutade , misto
e arrogância e asco, tornou-se o símbolo de toda uma
camarilha de larápios,

que assalta o bolso  os portugueses 
e vomita sobre eles o seu ódio 
e a sua peçonha .
.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O MUSEU DA VIDA - 7 .

OS CAÇADORES RECOLECTORES .

A curiosidade faz parte a natureza humana .
Foi ela que obrigou o homem a deixar o lugar de conforto
que tinha no interior as cavernas . 
Isso e a premência de criar melhores condições de vida .

A necessidade aguça o engenho .

Foi assim durante toda a história humana .

Claro, também, que é a curiosidade é que mata o gato .

Que não arrisca, não petisca .

Eu sempre fui um miúdo traquinas, atrevido, curioso e 
muito observador, sempre à procura de novas coisas e de
novas sensações .
E dava largas à minha imaginação .
Até demais .

Tínhamos saído de uma guerra terrível, de que só muito
de longe nos nos chegavam os ecos mais tenebrosos, 
que só mais tarde viria a descobrir .

Estava pois esperto para colaborar na saga da recolha de
tudo o que tivesse a mínima serventia .

E tinha prazer no que fazia.

Era como que uma brincadeira levada 
a sério .

Daí que, transformar-me de caçador recolector, num verda-
deiro coleccionador, foi um ai ...
.
Sempre sonhei em vir a ser um deles, 
embora tivesse muito pouco que 
coleccionar .

Tralha miúda,

e muitos sonhos .

quarta-feira, 25 de março de 2015

MADOFF À PORTUGUESA .

Madoff, proprietário de uma sociedade financeira
com o seu nome , lesou durante cerca de 20 anos,
os investidores que nele confiavam, uma quantia 
calculada em 55 mil milhões e dólares,utilizando  
o conhecido esquema da pirâmide .

Descoberto em Dez. 2008, foi imediatamente detido,
sendo julgado e condenado, em Junho e 2009, a uma
pena de 150 anos de cadeia .

Estima-se que o Estado Americano conseguiu recu-
perar cerca de metade dos activos da referida socie-
dade .

Palavras para quê ?.

É uma quadrilha à portuguesa 
com certeza ...

.

O MUSEU AS COISAS - 6 .

Mas a bola era apenas um pretexto .

Era toda uma filosofia de vida que nos tomava, sem apelo
nem agravo .
Cá para nós, havia sempre o antes e o depois da bola .
Que importava a escola, os professores, a merenda, os joel-
hos deitados abaixo, as reprimendas da família, os castigos
que sofríamos, com um serrar de dentes .

Que importava tudo isso .

Se não houvesse bola (havia sempre uma bola, desde que a
imaginação reinasse),
tinhamos que jogar com as caricas, fabricadas com as tampas
das garrafas, ostentando os retratos nos nossos heróis e cheios
e lastro bem pesado .
Essa tarefa era o equivalente da preparação física dos nossos
dias, eram o arranjar o equipamento, a faina da musculação,
pois só as caricas mais rijas poeriam aguentar um campeona-
to inteiro .

Havia ainda um outro desempenho, não menos importando no
contexto da modalidade, que eram as colecções de .
cromos .

Já naquele tempo, eram e quase todos, conhecidas as dificulda-
des financeiras a maioria os clubes.
Nem todos tinham a capaciade de aceder a um plantel comple-
to e bem equilibrado .

Felizmente que aparecia sempre um mecenas, gente importante
do meio, que, comprava por inteiro a lata dos cromos, que inclu-
ia, nacessáriamente o Nº da Bola, sem o qual, Ccampeonato
e aTaça e Portugal, não poderiam ter lugar .

Mas era a bola real, a bola de cachum, que nos comanda-
va o sonho .

Que se lixassem as aulas...
.

terça-feira, 24 de março de 2015

O VELHINHO CASMURRO .

  E na escola, perguntava a professora :
  
-Então, Carlinhos, qual foi hoje a tua boa acção ?.

- Ajudei um velhinho a atravessar a rua . 
  
 - Muito bem.
   E o menino Pedrinho ?. .
 -Foi ajudar um velhinho  a atravessar a rua ?.

  - E o  menino Paulinho  ?.
    Não me digas que também foi ajudar o tal velhinho ?.

  - Fui sim, senhora professora, fui eu e a turma quase toda a 
    empurrar .
    
   Só que o velhinho era casmurro e muito   
  teimoso,  e não não havia maneira de  
  querer atravessar .
   
   Tivemos que ser todos   
  a empurrá-lo ...
.

O CÉU DOS PASSARINHOS .

O Costa do BP sempre soube de tudo .
O Tavares sabia quase tudo .
Até o Constâncio sabia .
O Bava e o Granadeiro demais sabiam.

O Cavaco ainda não sabia de nada,
ou já se tinha esquecido de tudo .

Perdoai aos pobres de espírito, 
às criancinhas,
aos tolos e aos e aos idiotas,
pois deles é o reino da BANCA .
.


segunda-feira, 23 de março de 2015

O MUSEU DAS COISAS - 5 .

No princípio era a bola .
A forma geométrica mais perfeita .
O maior volume, no mínimo de superfície .

Um coisa que desliza, corre, salta, empurrada, agarrada,
chutada, travada, passada, carambolada, por uma chusma
de rapazes, correndo que nem loucos sem parar, atrás ela .

E quando ela penetrava naquele rectângulo mágico, rematada
por uns, que festejam, deixava muito tristes os  do outro lado .

Começámos bem cedo, aos pontapés numa pequena bola de
trapos, um prodígio de imaginação, e o relvado era terra a
mais rija, que deixava marcas profundas nos joelhos e gran-
des rasgões nos calções da malta ..

domingo, 22 de março de 2015

O MUSEU AS COISAS - 4 .

Quando acabou a guerra na Europa, tinha eu acabado
de fazer 3 anos .
Como isso vai tão longe, e tão perto ao mesmo tempo .
Brinquedos, nada .
Só um ou outro refugiado, filho de gente rica da Vila,
podia lá chegar, o padre, os advogados, os doutores
médicos, ou algum empresário da região .
Era um vida muito austera para toda a gente,
especial para as crianças .
Vivia-se numa economia de guerra, e numa agricultura
de subsistência .
Brinquedos eram artigos de luxo .
Jogávamos e brincávamos com os objectos e artefactos
que achávamos e com outro que inventávamos, ao sabor
na nossa imaginação .

.

sábado, 21 de março de 2015

CORRUPÇÃO SUBLIMINAR .

A corrupção está impregnada no ADN dos portugueses .
Antes do 25 de Abril era usada e abusada às escâncaras .

Depois da revolução, digamos que houve um certo perí-
odo e nojo .

Mas tudo veio a evoluir rapidamente, tomando propor-
ções dramáticas, com a adesão à União Europeia e com o
livre acesso aos fundos comunitários .
O monstro tinha tomado as rédeas do 
poder .

Entretanto, foram aumentando as quantias postas em jogo,
e refinando-se os métodos de troca de influências e outras
jogadas com o dinheiro alheio .

A febre justicialista entrou então em ac-
ção, como um espécie de ASAE do co-
mércio de dinheiro

Agora o jogo fia mais fino, e os jogadores foram-se especia-
lizando cada vez mais .
As paradas em jogo sobem agora em flecha .

Vem isto a propósito da contratação de quadros pagos a 
peso de ouro, que transitam com toda facilidade, sem qual-
quer pudor, entre sectores da economia, aproveitando as
sinergias dos grandes conglomerados financeiros .

Claro que devem ser escolhidos os melhores, ao preço de 
mercado, 
mas numa altura em que o poder tem que
começar de vez, a limitar a despesa do Es-
tado, não estarão as  grandes empresas a 
contratar, como no futebol, bons jogado-
res, só para evitar que eles joguem pelos 
antigos adversários ?.
.

O MUSEU DAS COISAS - 3 .

Os primeiros anos da instrução primária foram passados em Seia,
na escola do Professor Ramos, uma fera que nos metia medo, em 
especial aos que tinham mais dificuldades em aprender .
Oriundos das classes com mais dificuldades económicas, iam 
aprendendo através dos livros e da menina dos 5 olhos .
E nesse capítulo, o Prof. era exímio, distribuía pancadaria em todas
as direcções .

Mas a escola tinha uma coisa sensacional .
Em todos os intervalos, a única brincadeira, disciplina obrigatória 
era o jogo da bola, qualquer que fosse o estado o tempo e dis-
posição do professor .
Discutiam-se as equipas, à vontade o professor, que escolhia os me-
lhores jogadores para o seu lado .
Os adversários constituíam o refugo e dois ou três dos mais rebeldes,
entre os quais eu me incluía .
Os desafios acabavam sempre com a vitória da equipa do professor .

Algumas vezes em que o jogo a bola não tinha lugar,
tentávamos jogar o pião, ao ralha, dando corda ao pião, pondo-lo a 
girar, apanhá-lo com a mão, e depois , no tempo as castanhas, atirar 
com elas para fora de um círculo traçado no chão, afastando-as para
 longe .
O vencedor ia abichando as castanhas que apanhava fora o círculo . 


Outra brincadeira era o bilas .
O jogo do berlinde .

Naquela época os berlindes eram as bolinhas de vidro, que introduzidas
no interior das garrafas de refrigerantes, quando se introduzia o gás da
gasosa, o berlinde empurrava a bebia com força e selava a garrafa .

Eram os célebres pirolitos .

Pobres berlindes definitivamente encerrados nas garrafas, não fôra a as-
túcia da malta, roubando-as, partindo-as, e deste modo resgatando as bo-
las e vidro, para gáudio a miudagem .

Os mais endinheirados compravam bilas e todas as cores e tamanhos
e o mais ganhador era o que tinha o berlinde maior, o carrão, que 
usava para dar uma traulitada e afastar os mais lèvinhos .

Ainda hoje me faz uma certa confusão, o fabrico dos berlindes, feitos 
de vidro, tão redondinhos, e com aquelas côres  com grande magia .

Um ia, hei-de voltar a este assunto, a propósito de um passeio que fiz à
Marinha Grande, às fábricas do vidro .

sexta-feira, 20 de março de 2015

O ANEL DE RUBI, de RUI VELOSO .

Tu eras aquela que eu mais queria
Para me dar algum conforto e companhia
E era só contigo que eu sonhava andar 
Para todo o lado e até quem sabe
Talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse mundo era mais forte do que eu 
E nem com a força a música ele se moveu

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
que havia no Rivoli

E era só a ti que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir

Mas tu não ficaste nem meia hora
Não fizeste um esforço para gostar
E foste embora

Contigo aprendi uma grane lição
Não se ama alguém que não ouve
A mesma canção

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
Para levar ao concerto que havia no Rivoli

Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era lume
Não tinha mais lenha por onde arder

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto que havia no Rivoli .
.

quinta-feira, 19 de março de 2015

ISTO É QUE VAI UMA CRISE ...

- Santas tardes compadre .

- Ora, compadre, estou muito baralhado .

  Então dizem no jornal, que os manda-chuvas não querem
  pagar os impostos .
  Que os grandes banqueiros andam a roubar todo o dinheiro .
  Que há uns manholas que  só querem pagar uma parte .

- Não me diga, compadre .
  Mas isso é uma pouca vergonha . 
  E também há políticos metios nessa patifaria .

- Sim compadre, há de tudo envolvido .
  E ninguém põe mão nesta moenga ?.~
  Isto é que vai uma crise ...

- Já não há gente séria nesta terra ...

- Olhe, honestos, só conheço dois .
  Um é o meu compadre;
  E sabe quem é o outro .

- Ora, está-se mesmo a ver,
  deve ser o meu compadre 
.
  
  

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO .

Chame-se lá o que se chamar, há sempre uma boa dose 
de atitude conspirativa, em todos os eventos de natureza
político/partidária .
Acho isso muito natural, embora possa não ser sempre 
esse o móbil preponderante de tais actos .

A teoria a conspiração pode até ser um
bom meio de análise para ajudar a com-
preender a realidade . 

Há muitos que não acreditam em bruxas, mas logo adver-
tem com firmeza, da sua existência .

Mas tão, ou mais importante ainda que os 
factos e a sua motivação, é o timing da sua 
consecução .

Há imensas coisas, que são do conhecimento de muitas pes-
soas, e que nunca chegam ao grande público;
são guardadas no congelador, à espera de serem degustadas 
pelos lambareiros dos media, e com isso tirarem chorudos
proveitos de natureza política. pessoal, económica, 
ou, pior ainda, para satisfazer a sede de 
intriga e de vingança .

Faz pois, todo o sentido falar 
com propriedade,
de teorias de conspiração .
.

quarta-feira, 18 de março de 2015

OS CRAVAS .

Crava vermelho ao peito

A Todos fica bem

Sobretudo faz jeito

A muitos filhos da mãe .


O MUSEU AS COISAS - 2 .

A minha colecção das coisas foi sempre 
muito mais fruto da imaginação do que 
da realidade

Como passei toda a minha via, por circunstâncias de
natureza pessoal, a saltitar de terra em terra, nunca ti-
ve ocasião de assentar minimamente, e fazer novos
sempre novos amigos, que logo iam ficando pelo ca-
minho .

Deixava pouco lastro emocional .

Passei por várias terras, por diferentes escolas, muda-
va constantemente de professores, de vizinhos e de ami-
gos .

Como nunca tive livros, nem brinquedos, quando mu-
dava de guarida, nada tinha que transportar, nada de 
importante a arrumar. 

Aprendida com os meus pais e na escola de momento .
Lia os livros lá e casa e, muitas vezes,  ouvia os mais
velhos contar coisas fantásticas .

Compartilhava com os meus irmãos, as colecções de cro-
mosa bola, guardava uma caixa se sapatos com os meus
selos, que mendigava  ás amigas das minhas tias, que tin-
ham pessoas emigradas, um pouco por todo o mundo,
Brasil, USA, Venezuela, Congo Belga, Canadá, Argen-
tina, sei lá eu , 
selos que iam contando a 
história, a saudade, as desgraças e as 
alegrias, as agruras e os momentos de 
felicidade que chegavam de tão longe .

Foi a mina  fase da Filatelia .
   

terça-feira, 17 de março de 2015

A NOVENA .

Não sei se hoje ainda é corrente a novena,
práctica religiosa, em que o andor da Nossa
Senhora de Fátima percorria de casa em casa
com a reza do Rosário de Maria,
cerimónia que não fazia parte dos meus hábi-
tos .

Juntava-se a família, e todos rezavam o terço
em honra e devoção à Senhora .
Era uma tradição nas terras de Província, que
julgo não fazer qualquer efeito sobre as 
piedosas  almas, mas certamente mal é que não
fazia .

Vem isto a propósito do ritual quotidiano das 
estafadas audições parlamentares sobre os casos
que ninguém faz tenção de alguma ver devidamen-
te esclarecidos .

E com esse expediente, se ir relegando para as ca-
lendas e para o esquecimento, graves crimes ditos
de colarinho branco, pisando cuidadosamente os
indícios criminosos, e tentando e conseguindo la-
var a cara suja dos imensos cavalheiros com din-
heiro, que deveriam estar na prisão, e que, em mui
tos casos continuam a practicar actividades  cri-
misosas, altamente lesivas dos interesses do povo
português .
.




O MUSEU DAS COISAS .

Quando era miúdo, gostava de juntar coisas simples
que guardava com todo o cuidado .
Coisas singelas, sem qualquer significado especial .
Guardava caixas e caixinhas, que muitos deitavam 
para o lixo ou para a lareira .

Mas eu fazia de bombeiro, e salvava esses pequenos
objectos, com todo o carinho .

Talvez que tivesse herdado isso o meu avô José .

Havia na loja da casa e família, um pouco de tudo, es-
palhado (arrumado?) pelo chão de terra escuro .

O que eu descobria ...

Coisas do arco a velha, segredos escondidos, objectos
estranhos, à espera de ser desvendados .

Lembro-me e ter um dia, encontrado um maço de car-
tas e postais embrulhados numa fita colorida, com se
los estranhos, e todos os dias sentia o desejo de ver
quem era a pessoa que os havia enviado e quem os gu-
ardava tão religiosamente .
Acabei por descobrir que se tratava de cartas de amor,
talvez e um amor vivido  por alguém que tinha
partido para longe, ou fugido de um amor infeliz .

Eu, por vergonha e pudor,  não as lia, mas acabei por ir
recortando os espaços onde os selos estavam colados .

Assim, comecei a minha vida de filatelista falhado .

Depois continuei a arrebanhar botões, que arrancava da
minha própria roupa, o que me veio a causar-me alguns
dissabores .

A minha loja, ou por outra, a loja do meu avô, era uma 
caverna de Ali Babá, prenhe de mistérios, segredos e tal-
vez algum tesouro .

Os Invernos eram duros e prolongados, mas havia sem-
pre novas coisas a explorar .

Estava sempre desejando vir da escola, para recomeçar a
minha aventura .

Tinha todo o tempo o mundo para me atirar ao trabalho
com todo o afinco .

Tornei-me um caçador- recolector exímio .

Foi por essa altura que iniciei o meu sonho 
de um dia vir acriar um Museu das Coisas .
.


segunda-feira, 16 de março de 2015

GEO METRIA DA VIDA .

Vidas paralelas são aquelas que 
nunca se unem, a não ser (talvez) 
no infinito .

Vidas secantes são as que se 
cruzam sempre duas vezes .

Vidas tangentes são aquelas que
se vão aproximando cada vez mais,  
se tocam num instante, e se afastam 
para sempre .
.

sábado, 14 de março de 2015

OS ESCRIBAS TRAVESTIDOS .

Confesso  o meu espanto com o comportamento 
dos nossos escribas oficiais e oficiosos, sempre 
alinhados pelo politicamente correcto, quando não
pela mentira desbragada, pelo elogio ao amo que 
os alimenta, e que tentam manipular as consciências
dos mais desprevenidos .

Serei eu uma pessoa muito desalinhada, norteada 
pelo desprezo das almas medíocres, ou partidário
das mais degeneradas teorias da conspiração  ?.

Vem isto a propósito das intervenções políticas do
Presidente Cavaco, bebidas religiosamente por tudo
o que opina por esse país adentro, tomando horas e 
horas, serões, programas informativos, tentando de-
cifrar o pensamento obtuso do mais alto magistrado
a Nação .

Cavaco Silva vem baixando a sua sombra carregada
sobre os portugueses, e muito pouco contribui para
iluminar minimamente o terrível buraco negro que
nos cerca .

A minha opinião pouco vale e de nada serve para
alterar as regras do jogo, 

mas eu continuarei 
a gritar do meu navio :

Porque não ficas calado,
Aníbal ? .




sexta-feira, 13 de março de 2015

A 1ª LIGA DA POLÍTICA .

As eleições primárias do Partido Socialista
e a chegada de um novo líder e candidato a
chefe do governo,

vieram demonstrar a firme vontade de uma
profunda mudança da política portuguesa , tal
a ruinosa situação a que o país foi conduzido .

A mudança e treinador e a chicotada psicoló-
gicaque teve lugar , prometiam uma alteração 
da estratégia e da tactica seguidas  no decurso 
dos últimos 4 anos .

Continuou o jogo  numa toada morna, sem 
grandes rasgos e sem inventiva .
Apesar de algumas picardias, uma quantas fin-
tas, piruetas e simulações, e até um ou outro re-
mate em trivela, quase tudo se ia desenrolando 
a meio campo, resguardando as defesas, usando
mesmo uma certa ronha .

E continua tudo empatado . 

Fizeram-se as substituições da praxe, mostraram-
se alguns cartões amarelos, mas mais nada ...

A continuar neste ritmo, não vamos lá ...

O PS tem que ganhar este jogo  decisivo para
a Liga, mas se o empate a zero persistir, será 
um grande desaire para a equipa visitante, 
que corre iminente perigo de descida de Divisão .

Texto de um adepto ferrenho ,
devidamente identificado .
.


quinta-feira, 12 de março de 2015

A PERDA DA INOCÊNCIA .

Deixei de acreditar naquilo que me ia ancorando 
ao longo da minha vida

A LIBERDADE

A IGUALDADE

A FRATERNIDADE

Tudo isso se foi desvanescendo lentamente com o
tempo como pedras que se foram soltando de um
puzzle 

A VERDADE, 

A JUSTIÇA

Onde estão que não as vejo 
não as sinto
onde quer que seja 

São hoje sómente um arremedo
um fantasma uma sombra

Um sonho sonhado
jamais realizado

AMOR 

AMIZADE

CUMPLICIDADE

IDEAIS

REFLEXOS E ALMA

GRANDES ESPERANÇAS

ILUSÕES

Para onde fugiram
que não as encontro 
junto ao peito

Resta talvez

A BELEZA

Tão apedrejada
tão odiada
tão esquecida
ostracizada por quase todos

Persistem magoadas  

A FANTASIA

A MEMÓRIA

e A IMAGINAÇÃO

Mas o tempo 
vai inevitavelmente faltando
para as ter em devida conta 

Esboroam-se entre as mãos
nos grandes silêncios 
e no desgaste da vida  

Perdi 

A INOCÊNCIA

Não mais voltarei a ser a criança
que habitava dentro de mim 
.






quarta-feira, 11 de março de 2015

O IMPAGÁVEL ANÍBAL .

Não pára de surpreender-me esta pobre alma .
De disparate em disparate, atravessa-se outra 
vez no meu caminho .
A persistência a asneira faz recordar o Thomaz
de boa memória, e dos bons velhos tempos .

Para travar as ondas choque do episódio da fuga
do Coelho, às contribuições para a Segurança 
Social, lá vai o Senhor Silva, qual Testemunha 
de  Geová, a correr a discorrer uns bitaites sobre
sobre a política internacional, e apontando o perfil
do futuro PR, dando referências sobre aquela ma-
téria, à atenção do futuro inquilino de Belém .

Apesar de este comportamento começar a preocu-
par-nos, tendo em consideração alguma tendência
para o domínio do trágico-mental, talvez derido ao
exotismo das cabeças pensantes que povoam o
universo exotérico do Palácio de Belém, 

começa a generalizar-se o sentimento de ver desa-
parecer o Senhor Silva, do mundo real, e confiná-lo
cautelosamente, à penosa vereda que o irá traspor
o reino do esquecimento . 
.

terça-feira, 10 de março de 2015

A CACAFONIA .

Bem vistas as as coisas,

O Seguro não é o Costa,
o Costa não é o Sócrates,
o Sócrates não é o Seguro,
nem é o Alfredo,
nem o Ferro Rodrigues;
o Costa não é o Assis,
o Assis não é o Soares Pai,
nem o Soares Filho,
não é o Luís Amado .
Ninguém é o Vieira da Silva,
nem o António Guterres .
nem o Freitas do Amaral 
e Sousa Pinto, não é nada .

Todo o Mundo mente,
e Ninguém fala verdade .

segunda-feira, 9 de março de 2015

O CADÁVER ADIADO .

Aníbal Cavaco Silva,
ex- Presidente da República,
ex- Primeiro Ministro,
ex- Ministro das Finanças,
ex-Presidente do PPD,
ex- Deputado Apartidário,
ex- Deputado Independente,
ex- Presidente de todos os portugueses,
ex- Professor de Economia,

o homem que nunca tinha dúvidas
e raramente se enganava,deixou,
finalmente cair a máscara . 

Era, afinal, 
um membro infiltrado na Troika,
mandante de Passos Coelho
e de Maria Luísa Albuquerque .

Foi desmascarado .

É agora ministro sem pasta,
do Governo ainda em funções,
nomeado chefe da propaganda
do Partido PPD/PSD,
às próximas Eleições Legislativas .
.




sexta-feira, 6 de março de 2015

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UMA IDA AO BANCO .

Desloquei-me manhã cedo ao Banco para levantar 100 euros
da minha caderneta de poupança .
A máquina negou-se 3 vezes, advertindo-me sempre que de-
via passar por uma agência .

Quando cheguei ao balcão, disse-me o empregado, que deveria
consultar a gestora da minha conta .
Feito um telefonema, o banco informou-me que a gestora estava
indisponível, para eu aguardar dez minutos .

Fui tomar uma bica,
e regressei ao caixa da agência do banco .

Nesta altura, já era o 3º empregado a atender-me :

Então foi o senhor que perdeu o documento .
Aqui tem a ficha para preenchimento .

Respondi que o que eu queria levantar 100 euros a minha cader-
neta .

Ameaçou o cara do banco :

Tem aqui outra ficha, para registar que o senhor não se respon-
sabiliza pelo levantamento do dinheiro
São as instruçções do Banco de Portugal .

Levantei-me numa fúria,
pedi de volta todos os meus papeis de identificação, 
e fugi dali a correr .

E não consegui apanhar os tais 100 euros .

Moral da história :

Um cliente respeitável e um 
qualquer banco, não consegue 
100 euros para o tabaco e para 
o almoço,

mas apenas com um suave toque ,
qualquer agente do banco,
faz voar milhares de milhões 
numa fracção de segundo .
.

quinta-feira, 5 de março de 2015

AS 20 MANEIRAS DE COZINHAR UM ASSALTO A UM BANCO .

Inquérito Parlamentar

Auditoria Forense

Investigação

Inquérito

Processo

Acusação

1ºJulgamento

1ª Sentença 

1. Recurso para a Relação

2º Julgamento

2ª Sentença

Recurso para o Supremo

Acórdão Superior

Recurso para o T. Constitucional  

2º Acórdão

Recurso para o T. Europeu

3º. Acórdão 

Transição em Julgado

Prescrição

Fim do Pesadelo
ou do Prémio .
.







quarta-feira, 4 de março de 2015

A ESTRATÉGIA .

Alguém um dia me explicou que nas terras de 
Portugal, as ruas Direitas eram sempre as mais 
tortas de todas .
Eram em regra as ruas de maior movimento .

As curvas no caminho ajudavam a proteger do 
vento, os passantes, facilitando deste modo as 
actividades comerciais .

É  conhecimento geral, que Deus treinou muito
a escrever por linhas tortas .

Será por isso que António Costa escolheu esta 
estratégia em ziguezague para  dirigir o Partido
Socialista ...
.

A MANIF .

Deixei de ver o povo nas ruas
com as bandeiras bem alto
gritando e protestando
por tudo e por nada .

Agora faz-se um silêncio de morte
o povo está doente
já não vê não ouve não fala
que interessa a pontuação
nem a letra  nem a música dos protestos .

Quem calou a tua voz
quem asfixiou o teu entusiasmo
que matou a tua alegria
quem castrou o teu desejo .

Seguem para o desemprego
sós e desamparados
ouvem os papagaios da desgraça
vivem o desânimo
mastigam a revolta em silêncio
bêbados de fome
quase moribundos .

Que se passa minha gente
não oiço nada
estarei surdo .

Faz-me falta o vermelho das ruas
as bandeiras negras da raiva
que aconteceu ao sol
que não o sinto a queimar a pele
nem embriagar a nossa vida .

Estamos mortos
e já não sentimos nada .
.

terça-feira, 3 de março de 2015

O ALZHEIMER .

O Blog está doente .

Anda murcho. Não tem grande apetite . Cansa-se com
grande facilidade. Irrita-se por tudo e por nada, tem ma-
nias, fala muito sózinho, acorda um pouco desenorien-
tado.

Será da PDI ?.  

Começo a ficar preocupado .
Já o levei a um tecnico especializado, para tentar saber o
que passa.
Mas nada .

Não reage.

Claro que ainda não está não se adaptou às novas tecnolo-
gias da informação .
É grande a concorrência de novos processos de comuni-
cação . 
A conjuntura social, económica e política também não 
ajuda nada ?.

Será das alterações climáticas ?.
Da crise do Euro ?.
Do imposto sobre os sacos de plástico ? .

Da política do Syriza ?.

Começou a comer e a troca letras .
Não acerta com as linhas .
Não obedece ao dono .
Faz-se de parvo .
Eu bem tento dar-lhe frases pequenas a roer .
Captar-lhe a atenção .

Levá-lo a passear .
Ao cinema .


Será que tem saudades da bonecada ?.
Das fotografias bonitas ?
Das habilidades dos artistas ,
Da falta de desenhos e de caricaturas ?.
Das piadas de quartel e de café ? . 

Mas nada ...

Aqui há coisa ... 

Tenho andado a cismar sobre o assunto .
Até já falo só, o que não me parece muito saudável .

Pode ser que,
com a primavera, 

a vida do Blog arribe um 
pouco .

Vá se lá entender isto ...
.




domingo, 1 de março de 2015

O SATISFAZ .

A Escola Marquesa de Adorna, escola que o Mário frequentou
durante o 1º Ciclo, poder-se-ia considerar uma escola da peri-
feria, mas localizada no centro e Lisboa, pois era frequentada
por muita miudagem do Bairro da Liberdade, porta aberta para
o comércio da droga, em Lisboa .

Tinha bons alunos, claro, mas tinha malta com algum.as difi-
culdades , entre eles um amigo do Mário, o Marco, conhecido 
por ter, por norma, notas abaixo da média .

Um certo dia, no intervalo das aulas, irrompe pelo pátio aos 
gritos de satisfação, o nosso Marco, berrando :

SATISFAZ,
SATISFAZ ...

Tinha tido uma boa nota na escola .
E veio festejar a preceito .

Esta pequena história, 
quero dedicá-la aos putos do governo .
.



O BARRO...SÃO .

O que foi que beliscou tanto o senhor doutor Alfredo,
para ser obrigado a desarriscar-se do Partido Socia-
lista ?.
Problema geriátrico,  certamente ...

Então, com tanta palhaçada que se tem passado no
âmago do Partido, borraga  agora, por uma questão 
de lana caprina ?.

Aqui há gato .

Tenha juízo, Doutor, que já tem idade para isso .

Não será por causa do apelido ?.

Já agora, largue também a bola, que os portugueses
agradecem ...