quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

INFINITA SAUDADE .

Nunca te queixavas,
Nunca protestavas,
Tudo sofrias,
Tudo aguentavas
Sem qualquer amargura,
Sem te lastimares,
Sem maldizeres a tua sorte.

Ias vivendo uma vida quase normal.
Por vezes eras tu que nos aliviavas
E tentavas acalmar o nosso sofrimento.

"O poeta é bom fingidor,
Finge tão completamente,
Que chega mesmo a não sofrer
A dôr que deveras sente.


Ficavas ao computador
a enganar os teus problemas.
Escrevias sobre os temas mais variados.
Quando não te picavam, lançavas tu o debate.
Nunca te ficavas.
Tinhas resposta certeira para tudo.

Projectavas as capas dos teus CD's.
Gravavas a tua música,
Ouvias no teu IPOD,
Os discos preferidos,
Ou a música para acalmar o espírito.

O pior era a quimio.
Ias para o teu quarto, e só dizias:
"Já estou com a pedrada".
Deitado, sofrias em silêncio.
Acabavas por descansar e dormir.

Uma das tuas últimas paixões
Foi a Mariza,
Que às vezes compartilhavas comigo,
Cada um em seu ascultador,
Com a tua cabeça encostada à minha.
Ficavamos a repetir
"A Lenda das Algas",
E outras cantigas.

Ias ouvindo,
E continuavas a sonhar.

"E sempre que um homem sonha,
O mundo pula e avança
Como bola colorida,
Entre as mãos de uma criança".

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3 anos de infinita SAUDADE .

Os pais do MÁRIO.
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