quarta-feira, 27 de junho de 2012

A 1ª VAGA DA EMANCIPAÇÃO FEMININA .

Na Idade Média, os conventos, sobretudo os que eram frequentados
por freiras, cumpriam um importante papel social .
As monjas da altura não eram pobrezinhas, eram meninas da alta
sociedade, que não se podiam realizar-se pelo matrimónio, o qual
só podia ser aceite por nubentes da alta , e de classes sociais
da mesma posição na hierarquia .

As donzelas que atingiam tal desiderato, normalmente acabavam por
levar uma vida desgraçada, ao lado de um palonço qualquer, de san-
gue azul, vesgo e desageitado, que costumava dormir com as criadas,
e, por vezes, atrever a misturar-se com os mancebos da feitoria .

Recorde-se o drama " O Amante de Lady Chaterley " .

As que não eram premiadas com o abençoado sacramento do matrimónio,
iam viver para os conventos .

Ao visitar recentemente o Mosteiro de Arouca, dei comigo a examinar
as enormes celas, que mais pareciam suites de hotel .
Perguntei o porquê de tal facto, ao que me foi dito que os mosteiros
daquele tempo, nada tinham a ver com as clausuras actuais .

As damas renegadas e enxovalhadas pelos familiares ricos, tratadas
como leprosos, só tinham uma saída respeitável, que era dar entrada
para os conventos .
Tinham que cumprir os serviços religiosos mínimos, ou seja rezar
as Horas, 5 vezes ao dia (de acordo, aliás, com a norma mussulmana ).

Ao professar a vida religiosa, as senhoras carregavam consigo as aias,
as serventes, os bichos de estimação, as jóias e os bens pessoais,
tudo, enfim ...
Era a sorte delas ...
Passavam a levar uma vida requintada .

Longe iam os tempos do uso do cinto de castidade .

As responsáveis abadessais seguiam regras poco severas .
Não havia pecado que não fosse descontado com uma boa dose de peni -
tência .( Não seria por acaso que as prácticas sado-maso floresceram
no interior dos conventos).

Com os dotes entregues pelos parentes abastados, e as doações arre-
cadadas, em géneros e terras, as monjas poderiam levar uma vida à gran-
de e à francesa, longe do jugo da opressão familiar .
Não é pois de espantar o modo de vida processado nos amplos e bem apa-
relhados conventos e mosteiros, espalhados como cogumelos, por todo o
portugal .

Foi a era de ouro das damas de sociedade, até que as ordens religiosas
femininas foram estiolando, mercê do apagamento da sociedade medieval,
obrigada a conviver com os novos tempos e as novas ideias .
.