sábado, 15 de setembro de 2012

O EQUÍVOCO .

Quando se joga num tabuleiro imaginário, tudo pode acontecer .
Cada interveniente vai avançando as peças despreocupadamente,
com alguma intuição, mas também com uma boa dose de presunção
e muita ignorância .
Não interessa muito o cuidado com que as figuras são desloca-
das, a estratégia do embate, nem sequer o resultado final .
O que interessa é o jogo pelo jogo .

Acabado o exercício, limpam-se e guardam-se as peças, para ou-
tra ocasião .
Parte-se para outra .
Trata-se sòmente de um jogo .
De um hobby .
De nada serve conhecer o valor das peças, o seu valor real ou
simbólico .

Muitas vezes os donos do tabuleiro, não chegam a aperceber-se se-
quer do que está realmente em jogo .

Milhões de vidas, afectos e sentimentos, revolta, desespero, raiva,
gente sem trabalho, sem futuro, sem esperança, geste a esmo, como
formigas, que uma patorra descuidada ou maldosa esmaga, para passar
o tempo .

Que importa o que se passa no formigueiro ?.
E as formigas destruídas, outra tentando recuperar o rumo ?.


"Já lá vem outro carreiro
."


Consumada a brincadeira, regressam aos lugares anteriores,
com opíparos aumentos de vencimentos .
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