Já tinha vivido uma angústia semelhante, há muitos anos,
quando tive que me confrontar com uma folha de papel
A4 em branco .
Fiquei formatado para toda a vida para o tamanho A4 .
A4, sempre A4 .
Algumas incursões raras num formato maior, saldaram-
se sempre por um relativo fracasso .
Acabava por regressar ao formato menor .
Mas agora quero seguir em frente .
O que não se me afigura fácil .
Como encher um espaço bastante maior ?
Como calcular e reorganizar as manchas de côr e os espa-
ços em branco .
É o horror ao vazio ...
Como as crianças, quando se lhes pede para fazer um
desenho, começam sempre por trabalhar a um dos cantos,
e com bonecos muito pequenos .
Em regra, quase nunca acabam o desenho, e deixam grande
parte do espaço por preencher .
O salto qualitativo é, todavia, uma aventura prenhe de difi-
culdades, e necessita de alguma coragem para arriscar .
A mudança de paradigma, para além das questões de psico-
lógicas, exige outras a nível técnico e financeiro .
Todavia,
agora,
há que seguir em frente,
que se faz tarde ...
.
