sexta-feira, 18 de julho de 2014

O MEU MUNDO .

O meu mundo era a minha aldeia .
Com tudo o que uma aldeia tem .
Tudo não, não tinha um rio .

Muitas montanhas, isso sim .
Uma, sempre maior do que a outra,
até perder de vista .
O mais giro, é que as minhas montanhas
eram sempre diferentes,
de dia para dia,
de hora a hora,
consoante as estações do ano .

Umas vezes tinham núvens,
outras vezes tinham muita luz,
ainda outras, eram escuras como o breu .

Era o meu cinema preferido,
(também não tinha outro)
levava os dias a olhar para as montanhas,
que observava do alto do Castelo,
onde ficava a torre da igreja 
(contava-se que, antigamente,
teria havido no local, um castelo medievo)
ao certo não se sabe ...

O meu mundo era a minha aldeia,
e as montanhas sem fim, que a rodeavam .

Claro, que havia as núvens, que se formavam 
e desfaziam, como por encanto .
E havia as estrelas, que iluminavam o céu, 
o sete estrelo, a Via làctea,
a Estrada de Santiago .

Mas, então era de noite,
e tinha que ir dormir.
(sempre achei um desperdício o dormir)
mas se tinha que ser ...

E, depois, havia a chuva, a neve, e o nevoeiro,
e o vento, que assobiava ao longe,
como um melopeia que nos queria hipnotizar,
mas que metia muito medo .

E os raios e coriscos,
e o ribombar dos trovões
(Santa Bárbara bendita,
que nos céus estás escrita,
com um raminho de água  benta) .

O meu mundo era a minha aldeia,
e as montanhas que eu via todos os dias,
e com que sonhava todas as noites .
.