terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A REVOLTA.

CRISTO,
Foste certamente um Homem notável.
Sofreste até ao limite, física e psiquicamente,
tormentos e torturas, ofensas,
injúrias de toda a espécie.
Sofreste o escárnio, a maldade, as agressões,
e finalmente assassinaram-Te,
de modo traiçoeiro.

Foste sacrificado à ordem do Pai,
para tentar salvar o Mundo.
Ainda ousaste rebelar-te, mas sem êxito.
Chegaste a provar o gosto do desejo,
e do pecado da sedução.
Brilhaste percorrendo a Terra,
e mostraste a tua sabedoria no Templo,
e em toda a parte.
Ajudaste a sarar as chagas físicas e morais,
sem olhar a quem.
Ensinaste o caminho do Amor e da justiça.
Libertaste as mulheres,
transformando-as em seres humanos.
Louvaste o céu e a Terra,
a natureza , os animais e as plantas.

Mas não passaste de um autómato.
Havia sido programado pelo Pai,
por razões que não consigo deslindar.
Não sei porquê o teu sacrifício.
Não atinjo os desígnios do Pai.
Para quê e porquê Te sujeitaste a tal desafio.
Só se foi para o Pai manifestar ao Mundo,
a sua omnipotência.

Mas de que serviu, se a Humanidade em vez de melhorar,
foi piorando a olhos vistos.
Os Teus predicados e as qualidades do Pai,
castigam em regra os pobres e os desprotegidos.
Não amparam os inocentes, antes protejem os poderosos.

A Humanidade continua a comportar-se como uma enorme selva,
em que em muitos casos até os bichos,
manifestam mais humanidade que os homens.
Pergunto-te quais as razões de tal procedimento.

Escrevo-te porque estou muito zangado.
Jamais te perdoarei.
Não posso esquecer nunca.
Não te posso perdoar por teres permitido,
toda a dôr e sofrimento que Ele,
o nosso querido filho padeceu.

Passou grandes tormentos, sem queixumes,
sem recriminações,
sempre com um sorriso nos lábios.

Tu sabias que decorrido aquele tempo em que,
te maltrataram, te crucificaram e mataram,
irias regressar e retomar a casa Paterna.
Estava tudo predestinado.

Ele passou por coisas que nem Tu podes entender.
Conheceu martírios, dores, angústias, ansiedade e medo,
durante tempos infindos.
Uma mágoa, a seguir a outra, e mais outra,
sem nunca parar.
Com uma bravura inaudita.
Uma força sobrehumana.
Com uma coragem ilimitada.
Para nunca mostrar que sofria.
Para não nos fazer sofrer.

Tu não sabes nada.
Não viste nada.
Não entendes nada.
Nada fizeste para lhe acudir.
Para ajudar a minorar os seus padecimentos.
Nunca lhe deste a mão.
Nunca lhe ligaste importância.

Eu bem sei que não era nada Convosco.
De nada pudeis ser acusados.
Mas com tanta gente a rezar, a pedir, a suplicar
e a enviar preces sem fim,
Nada fizeste.

Por isso estou zangado.
Zangado Contigo.
Zangado com o Pai.
Zangado com o Mundo.
Zangado com a Vida.

Talvez que Tu não existas...
Talvez que o Pai não exista...
Só assim poderei encontrar,
a razão de tal comportamento.

Só assim poderei compreender.

Mesmo assim continuarei a exprimir-vos
a minha ira,
a minha raiva,
a minha garnde revolta.

Dois anos de imensa SAUDADE

Os pais do Mário Pedro
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