sábado, 1 de maio de 2010

QUADRAS SOLTAS.

Era já noite cerrada
dizia o filho para a mãe
debaixo daquela arcada
passava-se a noite bem.

Ao passar a ribeirinha
pus o pé molhei a meia
namorei na minha terra
fui casar em terra alheia.

Para-raios nas igrejas
são para lembrar aos ateus
que os crentes por mais que o sejam
não têm confiança em Deus.

Tira o chapéu milionário
vai um enterro a passar
foi a filha de um operário
que morreu a trabalhar.

O pão que sobra à riqueza
dividido com razão
matava a fome à pobreza
e ainda sobrava pão.

Não me invejo de quem tem
carros parelhas e montes
só me invejo de quem bebe
a água em todas as fontes.

Um copinho dois copinhos
três copinhos de aguardente
as moças cá desta terra
fazem aquecer a gente.

Um copinho dois copinhos
três copinhos de licôr
levas um murro nos cornos
passa-te logo o salor.
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