quinta-feira, 1 de julho de 2010

Retomando o passado - 27 - "DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA" .

NOTA
Escrevi recentemente algumas considerações sobre o nascimento,
crescimento, apogeu e declínio dos príncipes.
Estava, claro, a referir-me aos que nos têm calhado na rifa mais re-
centemente em Portugal.
É sobre um desses principes, António Guterres, de sua graça, que
trata a crónica do Mário Pedro, escrita no Blog Descrédito, de Abril
de 2004.
Curioso como os príncipes socialistas, à excepção do Príncipe
Perfeito, Mário Soares, todos se piraram daqui para fora, rapidamen-
te e em força, em busca de melhores ares e proventos.

É a vida...

Embora já tenham passado alguns dias (anos) sobre a mediatização do assunto,
não poderia deixar de tecer o meu comentário, em relação às declarações do nos-
so putativo candidato a candidato presidencial, António Guterres, que, num jan-
tar promovido pela Casa João Soares, questionado por um simpatizante socialis-
ta, resolveu voltar a explicar, dois anos mais tarde, porque razão se havia demiti-
do de Primeiro Ministro.

O que ouvi na comunicação social televisiva, apareceu descrito no jornal Público,
desta forma:

"O ex-primeiro Ministro começou por afimar-se " de consciência perfeita-
mente tranquila".
"Houve um momento em que cheguei à conlusão não existirem condi-
ções para executar o projecto em que acreditava",
explicou.
O socialista precisou que a sua decisão foi tomada quando percebeu que
"o projecto proposto ao país estava completamente comprometido na
sua execução", no Parlamento.
"Ou já se esqueceram o que se dizia quando um Orçamento aprova-
do por um deputado de uma região", perguntou, lembrando o episódio com
o deputado do CDS, Daniel Campelo" .

Não constituindo esta resposta qualquer surpresa, uma vez que se limita a resumir
a sua declaração de demissão, continuam a haver questões fundamentais que Antó-
nio Guterres ainda não respondeu, nomeadamente aos militantes e simpatizantes so-
cialistas que nele depositaram a sua confiança (e o seu voto).

Por que razão não se apresentou de novo a candidato a Primeiro-Ministro, solicitando
aos portugueses uma maioria que lhe permitisse finalmente implementar" o projecto
proposto ao país"
(Aliás tinha o precedente de Cavaco Silva, em 1987)

Por que razão, cerca de seis meses antes, assegurou no Congresso do PS, estar disponí-
vel, não só para cumprir a Leislatura até ao fim, como também ser candidato nas eleições
seguintes, para mais quatro anos, como 1º Ministro de Portugal?
Ainda não tinha percebido nessa altura que "o projecto proposto ao país estava completamente comprometido na sua execução" no Parlamento ?

Se este sentimento "pantanoso" era já tão clarividente para António Guterres, por
que razão não procedeu, enquanto Secretário Geral do PS, a uma transição atempada,
suficientemente clara e legitimada, que permitisse ao PS apresentar-se aos portugueses
com uma nova liderança e um renovado Projecto para Portugal?

É que, para além de toda a inabilidade e amadorismo da então Direcção do PS, cuja falta
de estratégia política, até lhe permitia liderar sondagens, ou não tivesse atingido esse
Governo níveis de incompetência inimagináveis, o PS continuaria a ser acusado de
esbanjamento e deserção.

E continua refém daquela decisão que deixou o País perplexo, de um António Guterres
que se diz " de consciência perfeitamente tranquila".

Valha-nos isso
É A VIDA
.