Já ninguém se lembra dessa malfadada data.
Nem dos acontecimentos que então ocorreram.
A memória é muito curta.
Ninguém recorda a armadilha preparada pelo então
Major Ramalho Eanes, essa figura obscura, que ajudou
os americanos do embaixador dos USA, em Lisboa, de
seu nome Carlucci, a pôr um ponto final na Revolução
dos Cravos.
Foi a restauração da Democracia, dizem uns;
Foi a morte da Revolução, acrescentam outros.
A data vai-se esfumando lentamente da memória.
Decerto, não irá ficar nos livros de história.
Todavia, foi o dia do embuste, da tramóia, da trai-
ção, da vingança.
Como foi linda a REVOLUÇÃO.
Como reza a cantiga do Zé Mário:
"Eu vim de longe,
De muito longe.
O que eu passei para aqui chegar.
Eu vou para longe,
Para muito longe,
Onde nos vamos encontrar,
Com o que temos para nos dar.
Quando o mês de Maio terminou,
E o mês de Novembro se vingou,
Então eu percebi,
Que aquilo que eu vivi,
Foi um sonho lindo que acabou,
houve alguém aqui que se enganou."
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