Portugal, como um astro, ia sempre girando da esquerda
para a direita.
Os tempos tinham mudado completamente.
O muro de Berlim tinha caído há muito.
A globalização avançava como uma gangrena, corroendo as
consciências e a carteira dos mais frágeis econòmicamente.
A solidariedade tinha estancado.
Era o regresso da lei da selva,
do capitalismo selvagem,
em que valia tudo.
Jorge Sampaio e António Guterres cruzaram-se na política
mas não na realidade política portuguesa.
Sampaio tinha vindo do MES, passado pelo GIS, e aterrado
no PS; Guterres fez o circuito às avessas, veio dos cató-
licos progerssistas.
Por onde andavam os socialistas por esses tempos?
Guterres foi um personagem bem à direita, para o meu gosto.
Conseguiu uma maioria absoluta, muito pouco conseguida,
com apoio dos chamados independentes, e um empate ao cen-
tro, com o apoio do queijo limiano.
Sem poder destruir o pântano, (ou não querendo), Guterres
desapareceu do nosso País, sem deixar rasto.
Um vício que atacou outros oportunistas da política, entre
eles o saudoso Durão Barroso .
Jorge Sampaio cumpriu discretamente o seus mandatos, sem
grande brilho e glória.
Permitiu que Santana Lopes brincasse à política durante de-
masiado tempo, e não teve a coragem de correr com ele, lo-
go que verificou se tratava de um mero erro de casting .
Vinham aí tempos difíceis...
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