A política atingiu, o que em economia barata, se designa
zona de vómito .
As pessoas rejeitam tudo o que cheire minimamente a polí-
tica, respectiva problemática, seus actores, e a vergonho-
sa palhaçada mediática que a rodeia .
Vivi, embora noutro contexto, um clima semelhante, na dé-
cada de 60, quando a guerra colonial apodrecia e ia cor-
roendo o país.
No comunistão profundo, onde o regime salazarista endure-
cia as condições de vida e aplicava, cada vez mais, os pro-
cessos opressivos, os homens (não havia mulheres que saís-
sem de noite à rua, e só havia um único canal de TV, a preto
e branco),
O pessoal, farto e enjoado da programação idiota e da propa-
ganda descarada, tirava o som ao aparelho, ou desligava mes-
a televisão.
Estamos a chegar a uma fase idêntica .
A dita democracia multiplicou até ao infinito, os canais de
televisão, quase todos monocórdicos, repetindo imagens
abjectas o paleio da corda, o dia inteiro, martelando sem
cessar, o mesmo boneco, o mesmo disparate, a mesma patranha.
Como pode uma das maiores alavancas do progresso, a TELEVISÃO,
ser transformada, criminosamente, num instrumento de tortura
individual e colectivo .
.