Vivemos num cenário virtual ou imaginário ,
como se a realidade estivesse escondida por detrás de uma série de
cortinas, que nos impedem de atingir a verdade, ou sequer aproximar-
mo-nos dela .
A primeira cortina é a crise financeira internacional, que ninguém con-
segue perceber ou explicar, mesmo que superficialmente .
A segunda cortina tem a ver com a crise política nacional, que não
aponta devidamente os porquês que a provocam e que a mantem
indefinidamente em lume branco .
Esta parte da nossa crise é sistémica, é como o brandy que já vem
de longe .
Mais encoberta, está a profunda crise na justiça portuguesa, cortina
espessa e opaca, formada por uma teia pegajosa e obsoleta, ardilo-
samente burocratizada, que vai protelando os casos ad infinitum,
até à prescrição quase certa .
Acopulada com esta cortina, uma outra assiste a uma classe de ban-
didagem, que usa e abusa dos truques legais e semi-legais, para en-
ganar e roubar o alheio, tudo feito impunemente e às claras .
Tal cortina multiplica-se em miríades de inúmeras membranas quase
imperceptíveis, que tolhem por completo a maioria dos processos
judiciais
A cortina da ética e dos princípios, impede uma vivência consentâ-
nea e os valores que delimitam a nossa sobrevivência como Povo
e como Nação .
Por detrás destas cortinas,
desnuda-se despudoradamente, o triste espectáculo indecoroso da
situação política mais recente .
Trata-se de uma trágicomédia de classe duvidosa, com actores se-
cundários da série B, oferecendo piruetas e cambalhotas circenses,
de mau gôsto e de péssimo efeito .
O futuro apresenta-se, pois, negro e sem prespectivas .
Oxalá me engane .
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