Não quero discutir se o Pantera Negra foi ou não o maior
futebolista de todos os tempos .
Se deve ir para o Panteão Nacional ou não .
Guardo do miúdo rapaz homem desportista estrela mito,
as mais gratas recordações, que tonificaram um pouco a
minha existência .
Dia de jogo dos Campeões Europeus na Luz, era feriado
nacional santificado para a malta da minha idade .
Senti a genuína emoção que percorreu Portugal inteiro, à
memória deste meu herói enorme, e tive a certeza de que,
por muitas injustiças a que temos sido sujeitos, existe ainda
a esperança de o País se poder reerguer de novo (como
canta o Hino, afinal) e consiga carregar as pilhas já gastas
desta gente tão descrente e tão magoada .
Porque não içar ao vento a bandeira do orgulho e da teme-
ridade , e fazer deste momento histórico de exaltação dos
nossos valores, uma onda de revolta e vir para a rua gritar
que é já tempo de embalar a trouxa e zarpar,
como cantava o Zeca .
Talvez que pareça pieguice serôdia de um velho resistente,
mas por que não tentar .
Dizia-se em Maio de 68 :
SEJAM REALISTAS,
PEÇAM O IMPOSSÍVEL .
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