Quando era criança, não me interessava pelas coisas da religião .
Isto acontecia-me quase desde que me conheço .
Mas, tudo que estivesse relacionado com a arte, os altares, as
pinturas, os santos, os azulejos, etc. tudo me encantava .
Nos dias de procissão, via passar o cortejo, mas o mais giro do
ofício, era olhar para as colchas postas às janelas e às varandas,
usadas para abrilhantar o deslile .
O tipo se colchas usadas, indicava o estatuto social dos donos .
Os mais pobres não tinham colchas. ou então tinham colchas de
chita, usadas no dia a dia das pessoas .
As pessoas de classe média, punham à mostra colchas de algodão,
e alguma, guardada no fundo da arca, feita de seda, para fazer
um pouco de gala ao santo da sua devoção .
As pessoas da alta, ligadas às forças viva da terra, exibiam então
lindas colchas de seda, de côres brinhantes, vistosas, ricas, a pro-
vocar a inveja dos demais .
Eram essas que me impressionavam e de que guardo na memória .
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