LAMENTO .

Quanta dôr abafada
Quanta desilusão desfeita
Quanto sonho adiado
Quanta esperança traída

Quanta vontade quebrada
Quanta força esmagada
Quanta espera prometida
Quanta força despendida 

Quanta quanta
Tanta tanta 

Quanta mágoa sofrida
Quanta angústia dorida
Quanta ansiedade mitigada
Quanta lágrima engolida

Quanto sofrimento perdido
Quanta angústia mastigada
Quanta dúvida levantada
Quanta insónia acordada

Quanta quanta
tanta tanta 

Quanto queixume sentido 
Quanto pranto enxugado
Quanta ferida tratada
Quanto lamento contido 

Quanta raiva desmedida
Quanto amor derramado 
Quanta alegria inventada
Quanta ternura espalhada

Quanta quanta
Tanta tanta 

Quanta quanta
Tanta tanta 

.

O BAILE MANDADO .

Sujeito a mote .

Uma velha muito velha
Foi mijar lá no Rossio
À 3ª mijadela
Fez andar um barco à vela
E mostrou o assobio .

Quem se abotoou com os milhares de milhões
e os deixou voar para bem longe ?.

Mente, mente, 
cada um, mais o seu par,

jura a pés juntos, que está completamente ino-
cente, que não sabe de nada, que não roubou 
nada, quem sabia era o chefe da quadrilha .

Vai de roda, vai Manel, vai Maria,
roda sempre sem parar .
Anda meu amorzinho,
vamos ao banco num instantinho,
temos muito que gamar .

Todos os dias vem um contador,
cantar mentiras sem sem igual,
e o mandador dá as vozes,
do dinheiro, nem sinal .

Siga a roda, siga a roda,
siga sempre, sem parar .
Vira agora, vira agora,
Que grande garraiada geral .
Para onde foi o dinheiro
Que nos está a faltar .

Os comissários do Povo
não se dão conta do ridículo deste triste espectá-
culo quotidiano, que estão a dar .

Ao que chegámos ?!?
Uma vergonha .
Uma pessegada .
Um insulto .
Uma cègada .

.

QUE FAZER COM ESTE PS ? .

Talvez que no PS,
 já ninguém esteja disposto a assumir a governação .
Onde está a vaga de fundo,
que não a vejo desaguar na praia ?.
Ou será, como é costume, que tudo se decide na pe-
numbra dos gabinetes dos notáveis ? .
Talvez que já ninguém queira ser socialista .
Ou já não haja bombons para distribuir à malta .

Quem tem medo de dizer a verdade ?
Quem quer salvar o País, da queda para o abismo ?
Quem ousa agarrar o touro pelos cornos ?.

A culpa era do Sócrates, esse malandro .

A culpa era Seguro, esse ingénuo .

E agora Costa ? .

O tempo vai passando devagar,
já é Natal,
vai começar outro ano,
qualquer dia é Carnaval,
vem aí a Páscoa .

Como vai distante a euforia dos novos Aeroportos,
das famosas linhas múltiplas de TGV,
das novas pontes para a travessia do Rio Tejo .
da nova via férrea de Sines,
do porto de águas profundas,
e da 2ª fase do Projecto do Alqueva ? .


País simplório, atrasado,
com a mania das grandezas .

Opinadores, paineleiros, gente fina 
e grosseira, críticos, especialistas, 
opinion makers , auditores, assessores, 
etc. etc..,
tudo grasna minha gente,
trabalhar é que é pior .
.

O CAIR DA FOLHA .

A natureza renova-se constantemente, de acordo com
as estações do ano .
É um ciclo contínuo,  repetido interminavelmente,  ce-
lebrando e anunciando o desencadear da vida .

A Primavera começa a dança do tempo, traz consigo
todas as promessas e aspirações, oferecendo as mais
belas flores, num arraial de côres e perfumes .
Tudo parece ao nosso alcance .

O verão sacia-nos a sede e a fome de todos os sentimen-
tos, dá-se às paixões e aos amores, é o tempo das colheitas 
e da toalha da natureza estendida com todos os manjares 
do mundo . 
Até os pobres matam a fome do corpo e do espírito .

Os dias vão minguando cada vez mais .

Aproxima-se o Outono .
Com ele vem o nevoeiro, as primeiras chuvas e o calor
humano vai também anunciando o fim do ciclo da vida .
As folhas vão enferrujando, do amarelo até ao castanho
avermelhado, do verde ao vermelho sangue , até atingir
o negro ..

A terra cobre-se de luto .
É o cair da folha .

No Inverno, dir-se-ia que a terra hiberna .
A neve parece que faz tudo corre mais devagar .
É o tempo da lareira, de acender o fogo,
e do descanso do homem  e dos animais .
A Natureza pede tréguas, 
aguardando a boa nova que se aguarda para breve .

E a roda da vida 
gira sempre sem parar .
.

O SONHO MAU .

Uma Maioria,
Um Governo,
Um Presidente .

O sonho é que nos lixou,
e tornou-se um pesadelo descomunal .

O monstro pôs todos os ovos 
no mesmo cesto .

Desculpam-se uns com a conjuntura .
Queixam-se outros da troika .
Outros ainda do governo anterior .

Mas seria impossível encontrar uma governação 
tão desgraçada e tão prejudicial aos interesses dos
portugueses .


O Presidente è uma calamidade que consegue om-
brear com com o saudoso Américo Thomaz, da tris-
te memória .

O  PPD/PSD recauchutado, encostado à direita 
obsoleta , arrimado-se a um CDS/PP de meninos 
mimados e demasiado tolos . 

O Primeiro Ministro comporta-se como um elefante
numa loja de porcelana .
Os seus ministros, como lacaios obedientes, ajudam 
a colar os cacos de um país escavacado (gostei desta,
saíu-me) .

Está tudo de joelhos, face aos credores, assistindo ao
triste espectáculo do circo Ricardino, enquanto os sub-
marinos continuam a navegar em águas turvas, mas  
agora benzidos pela justiça, por obra e graça do espí-
rito santo .



A oposição,
designadamente, no que concerne ao Partido Socialista,
continua em regime de serviços mínimos .

Vem aí o Natal 
e o Bom Ano.

Em 2015, continua a cègada .
.

O CIRCO RICARDINO .

Em cartaz há mais de um século .
Patrocinado pelo divino espírito santo .

Esta coisa das comissões de inquérito
são uma grandessíssima treta
eu inquiro tu inquires
e ninguém descobre cheta 

Mais uma Comissão de Inquérito .
Para quê ?.

As da morte se Sá Carneiro,
já são mais de quarenta ou uma dúzia ...
O pobre coitado, já vai numa outra incarnação .

Esta democracia parlamentar, mais o estado de
direita, matam-me .

Para quê este circo ininterrupto, todo o dia,
todos os dias, em todos os canais de televisão ? .
Não está a decorrer o Processo Judicial ? .
Não será ele que vai descobrir a Verdade ? (...)
Ou não?   (...)

Não será apenas uma cortina de fumo para dar 
tempo e tempo de antena, a suspeitos, indiciados, 
cúmplices de toda esta ladroagem, com a conivên-
cia de políticos, advogados, jornalistas. reguladores 
e povo em geral,
para dar oportunidade de encobrimento e maquil-
agem dos imensos crimes financeiros, e não só), 
que têm vindo a ser praticados em detrimento dos 
nossos interesses ? .

Mas agora, a Justiça está atenta ...
.

OBAMA NO LABIRINTO .

Tira, Deixa, Passa, Rapa .

Obama enredado em profundas contradições .

Quem disse que  Obama é que manda no mundo .

Os republicanos já tinham deixado o Presidente en-
costado às cordas . 
Agora ficou completamente tolhido, com a maioria 
de Direita Extremista,  nas duas Câmaras do Con-
gresso .

Até o final do 2º mandato, a luta vai ser dura entre o
Congresso e o Presidente .

Mas isso é apenas uma das equações que determi-
nam o evoluir dos USA (e portanto do Mundo Oci-
dental) .

A questão chave na política internacional,
é saber que parte das directivas emanadas do poder
americano são da iniciativa de Obama,

ou são congeminadas por outros braços que tutelam
o poderio do Capitalismo Americano (Mundial) .

Afinal, Obama nunca  fechou a Base 
de Guantanamo .

Sabia ou não das torturas que têm sido 
infligidas ? .  

O TPC .

O Trabalho de Casa .

Fica-nos a sensação que a justiça justiceira
se chateou e fez birra, e desatou a desatar os
nós cegos que se foram torcendo em torno de 
alvos bem referenciados que se arrastavam
há anos e anos .

Coincidência ? .

Oportunidade  ?.

Mudança paradigma ?.

Instinto de auto defesa ? .

O rol das ondas de choque que se tem feito se-
tir, soma e segue, e julgo que, agora, irá tudo a 
eito .

Quem parece espantado é o nosso 1º Ministro,
rugindo como um animal acossado, disparando
disparates contra tudo e contra todos .

Quem será o senhor que se segue ? .
.

O NOVO ZANDINGA .

Começa a ficar tudo xoné .

O Correio da Manhã TV, encomendou uma missa de
grafologia, rezada pela alma de José Sócrates, ao bá-
coro Prof. Carlos Anjos Pivot, de sua graça .

Tal exercício, já no limiar da loucura e da pouca vergon-
ha, apresenta da dita cloaca falante, o estudo da carta en-
viada aos órgãos de comunicação, pelo ex- 1º Ministro,
para um completo estudo grafológico, nela atestando a 
culpabilidade irrevogável, de Sócrates .

É impressionante a desfaçatez da dita estação, produzindo
tão execrável peça pseudo jornalística, em horário nobre .

Poder-se-ia tratar de um programa humorístico ou de jaez
irónico ou surrealista, mas não, era mesmo a sério ...

Assim não vamos lá,
e qualquer dia, ficamos todos parvos e ignorantes .
.

UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA .

Duarte Lima foi condenado a dez anos de prisão efectiva .
A juíza que aplicou essa pesada pena e justificou a dureza
da medida .

O Tribunal fez questão de

 "não aplicar uma pena que não
pudesse ser considerada laxista 
pela Comunidade " .

Será que  as sentenças dos Tribunais, devem ter em linha de 
conta  o estado de espírito dos juízes ?

Então o réu deve ter a pena que merece, 
ou que parece ?

A MELANCIA PODRE .

Ou o estranho caso do senhor elevador .

O Luxemburgo facilitou a vida a 
340 multinacionais para pagarem 
menos impostos .

Corrupção ?
Nada disso .

Fuga aos impostos ?
Que nada .

Enriquecimento ilícito ?
Tudo mentira .

Acontece que o actual presidente da 
União Europeia, (que Deus a tenha em paz
e descanso ), o senhor Juncker de sua graça,
foi o 1º Ministro do Luxemburgo, durante
uma eternidade .

Ao tomar posse de Presidente da UE foi muito
aplaudido e parabenizado .

Habemos Presidente .
.

SORTE E/OU HONESTIDADE .

Todos os anos, quando chega a chuva e o frio,é certo é sabido 
que desato a perder chapéus e a esquecer o meu rico casaco
de cabedal .
Chapéus já lá vão 2 ou 3 .
Com o casaco, acontece que tenho um pouco mais de cuidado .
Mas já por vezes , são até outras pessoas, que me chamam a 
atenção para o esquecimento, e o chapéu vai sobrevivendo .

Hoje, fui almoçar ao hiper, dei uma volta pela loja dos livros, e
regressei a casa .

A meio da tarde ia para a rua, quando dei por falta do abençoado
casaco .

Como ainda estou um pouco em bom estado, lembrei o caso, 
e regressei ao sítio onde tinha almoçado .
Já não esperava nada de bom .

Mas o milagre aconteceu .
Passei pelo empregada do restaurante, pela mulher das limpezas
das mesas, pelo guarda das entradas do super, que me indicou o 
responsável das instalações, o qual me conduziu à secção de per
didos e achados .

Então, não é que lá estava, pendurado, sozinho, o meu rico casa-
quinho .

Há dias de sorte,
e de gente honesta , também .
.


  

AINDA A TERNURA DOS 70 .

quando penso o que passei
fronteiras de solidão
tinha para dar e não dei
não tenho nada na mão

tive o tempo e não senti
tive amores e não amei
os amigos que perdi
e as loucuras que perdi
são tantas que já não sei

quem eu era
quem sou e quem pareço
se hoje alguém me espera
com certeza que mereço

mereço ainda
amor a tua presença
para enfrentar a vida
com a ternura dos 70

foram tantas as idades
da vida que atrás deixei
não quero sentir saudades
vou com outras amizades
amar o que não amei

os copos que não bebi
os discos que não toquei
os poemas que não li
os filmes que nunca vi
as canções que não cantei

meus amigos
importante é o sorriso
para seguir viagem
com a coragem que é preciso

não adianta 
deitar contas à vida
a ternura dos 70
não tem conta nem medida

Versão livre da canção de Paco Bandeira

.

O BOM SAMARITANO .

Volta Guterres, estás perdoado .
Estás mais gordo, mas tu nunca foste muito 
de desporto, estás mais à vontade com a faca e 
o garfo .
Não sei como consegues, com tanta gente à tua
volta a passar fome extrema .
Tens de cuidar o teu body , para ter muitos vo-
tos do mulherio .
Faz uma pausa junto dos pobrezinhos espalhados
pelo mundo, pois agora o que não falta no nosso
país, é muita gente a passar fominha .

Sempre teu , filho pródigo.
.

O ANIMAL FEROZ

As feras raramente provocam a morte instantânea 
das suas vítimas .

Vão acabando com elas, lenta mas sistematicamente,
até fazer sucumbir os animais que caçam .

Em especial, os felinos e outros animais ferozes agar-
ram as presas com as garras, e vão-lhes dando pancadas
e infligindo golpes , até serem dizimadas .

É o que os gatos fazem com os ratos, 
e os crocodilos ,com os antilopes .

É como uma tourada à portuguesa .

Ou, como um circo mediático .
.

A BOA DEMOCRACIA .

A democracia contem, em si mesma, 
os germes da sua própria destruição .

De todos os sistemas de organização 
do estado, a democracia é, apesar de 
tudo, o melhor que já se inventou .

Mas tal de processo de governação, não pode ser apaná-´
gio apenas de uma elite bem formada, tem que ser
observada por todos, e fiscalizada pelos meios competen-
tes,  de uma maneira co-participada, sem o que ràpidada-
mente dará lugar à emergência de todas as perversões, que
acabarão por vir a corroer e destruir um sistema que parece
reunir a sua sustentabilidade e durabilidade .

Votar de 4 em 4 anos, ou de 5 em 5 anos, é porreiro, pá .
Mas ridículo quando de põe a cruzinha ao acaso, e se dá
um poder imenso aos deputados (delegados, substitutos)
que, quantas vezes, nem sequer sabem ao que andam .
a gente

Tem que haver outro processo de se gerir um país e um
 povo, de modo que sejamos tratados como pessoas cres-
cias e responsáveis, para que depois possamos exigir aos.
eleitos a mesma responsabilidade .

Vamos lá fazer um forcinha ...
.

O SILÊNCIO DOS INOCENTES .

Quem muito escreve, muito se atreve .

Quem escreve, seus males expele .

Escrever é uma espécie de catarse,
que me faz sentir vivo, ou pelo menos mal morto .

É antes de mais, um exercício de liberdade, um pequeno
grito do Ipiranga .

É uma batalha contra o silêncio que nos cerca, fruto da 
indiferença que nos rodeia, do egoísmo que nos aprisiona.,
e que nos asfixia  .

É um acto de revolta, de cidadania, de luta contra o laxis-
mo, que nos deixa anestesiados, insensíveis, amorfos .

Não `paz dos cemitérios .

Não ao silêncio dos inocentes .
.

UMA IDA AO HOSPITAL E S. JOSÉ .

Entrei pelo átrio  da Biblioteca .

A um canto, uma maqueta do Hospital e S. José ,
construída no lugar onde teria sido uma das extre-
midades do antigo Hospital de todos os Santos, ar-
rasado pelo terramoto de Lisboa, de 1 de Novembro
de 1755 .

Perdi-me ao subir as escadarias, com belíssimos azu-
lejos, de uma riqueza excepcional .

Dei comigo dentro do espaço do banco das urgências
e tinha alguma dificuldade em reconhecer o sítio .
Estava sentado numa cadeira de rodas, agasalhado 
numa manta espessa, mas mesmo assim tinha frio .
Queria telefonar, mas não acertava com os números .
Apenas esperava alguém .

Entrámos e sentámo-nos ao acaso, na Sala a Esfera,
onde funcionou durante muitos anos uma importan-
te Escola de Ofícios que ensinavam, de uma maneira 
tradicional, a remediar as chagas e os sofrimentos 
dos muitos doentes que ali aguardavam a sua sorte .

Fui atendido num pequeno espaço, que funcionava 
como consultório, onde tinha grande dificuldade em
sentir e compreender o que se passava à minha volta .


Da Igreja  do Colégio, que fomos conhecer em segui-
da, não ficou pedra sobre pedra, mas a Sacristia re-
sistiu, e mostra-nos toda a sua magnificêcia, o que
teria sido um dos mais belos templos de Lisboa, a jul-
gar pelo tamanho, pela especial  qualidade dos seus 
mármores, madeiras e inventivos jogos de luz de 
todo o espaço . 

Atravessei a cidade de ambulância, deixando outras 
pessoas espalhadas por outros hospitais, sempre de
sirene ligada, uivando pelo nevoeiro adentro .

Fiquei alojado numa maca, durante 48 horas .
Contaram-me depois .
.