sábado, 9 de maio de 2009

ПРАВДА

Comecemos pelo rasgar das camisas-de-forças com que se gosta de espartilhar a Esquerda que não come na mesma manjedoura do sr. Lello. Confundir a Esquerda à esquerda do referido sujeito, com o PCP ou até o BE, é como confundir o actual Benfica com uma equipa de futebol. Já foi, quer ser, mas já não é. Mesmo que ainda andem por aí.

Portanto Esquerda de “verdade” não é bem Esquerda “ПРАВДА”.

Hoje em dia, Esquerda, é bem mais aquela que a problemas antigos com manifestações modernas diversas, procura dar respostas concretas actuais com base em valores antigos mas de carácter fundador e identitário da própria Esquerda, que quando cuspidos para a sarjeta das traficâncias materiais e das prostituições políticas, transfigura as forças de Esquerda nos mais abjectos instrumentos de tortura e degradação da própria Esquerda.

Valores como Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Solidariedade e Civilidade, não são caducos nem têm prazo de validade, mesmo que aqueles que só se lembram dos cravos para as sessões solenes ou para épocas eleitorais, os espezinhem, aviltem ou subvertam, muitas das vezes relativizando-os, subalternizando-os ou mais comummente, traficando-os por prebendas em favor próprio ou de terceiros.

Ora o que nos dias de hoje – com todas as manifestações de uma crise profunda do sistema, que tudo indica vir a querer resolver-se, não pela reformulação dos dogmas e ultrapassagem dos problemas que lhe estão na sua génese, mas bem antes pelo contrário, pela injecção em doses maciças do vírus causador da manifestação da crise (como se uma overdose do veneno, servido em intensidade redobrada e acelerada, pudesse servir de terapia de choque), seja o aumento do recurso ao crédito publico ou privado, a depreciação dos termos de troca entre os subconjuntos Capital e Trabalho, em desfavor do último, de forma a permitir o recuperar das taxas de reprodução e rentabilidade do primeiro – urge fazer por uma Esquerda que se quer “verdadeira” (não por um sentimento narcisista de superioridade moral, como muitos dos seus detractores gostam de a rebaixar, mas sim por uma fidelidade aos princípios identitários antes referidos e que não se podem mercanciar) é destruir barreiras, reinventar propostas, concitar esforços, redobrar lutas, desenvolver parcerias, enfim, participar num projecto renovador do pensamento de Esquerda, que encontre saídas para alguns problemas, mantendo a directriz de construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais livre e menos entregue à rapacidade de uns quantos sobre a carne de muitos.

O resto são as habituais papas e bolos…

E o resultado tem sido o que se vê; e como gosto de dizer, a critica mais forte que se pode fazer a toda a politica que tem sido seguida pelas duas faces da mesma moeda, é a própria realidade, aquela que nos entra pelos olhos e sai pelos bolsos.