"Nunca erro e rara mente me engano ".
O Sr. Silva era considerado como uma pessoa que sabia fazer
contas, desde que houvesse muito dinheiro.
Quando os seus amigos da política começaram a juntar pipas
de massa, o Sr. Silva lá foi avisando que era preciso saber dis-
tinguir a boa da má moeda.
Nunca se chegou a saber para quem era o recado, mas ele
sabia muito bem onde parava a moeda boa .
Estava do lado de Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto,
Oliveira e Costa, Miguel Cadilhe, João Salgueiro, Dias Lourei-
ro.
Ora aí é que está!
O Sr. Silva sabia, e por isso soube aproveitar a situação que
se lhe proporcionava, e tratou de acautelar os seus interesses
e os da sua tribo.
Quanto à política, disse nada.
Às broncas do Estatuto dos Açôres, às escutas e às inven-
tonas, às vergonhosas colagens a Manuela Ferreira Leite, e
a Paulo Rangel, às armadilhas a Sócrates e ao PS, aos silêncios
do desbocado Jardim da Madeira, à conivência criminosa de
banqueiros e gestores oportunistas, seus amigos e correligio-
nários, o Sr. Silva disse nada, ou seja, tudo.
Como pode um homem destes, um economista distinto, com
nome na praça, e que se acha o garante da consciência moral
do País,
nunca ter vindo a público, tomar uma posição clara, firme, sem
ambiguidades, com vista a transmitir uma palavra encoraja-
dora aos portugueses, vítimas das imensas mentiras e trafulhi-
ces, não do senhor Sousa, mas sim dos grandes amigalhaços do
senhor Silva?.
Com que lata vem agora Cavaco Silva, cantar e
pavonear-se no mais alto poleiro do Estado
Português?.
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