domingo, 21 de novembro de 2010

A SANTA ALIANÇA .

Era puto quando vi pela primeira vez a marca da NATO-OATN,
e logo a coisa me fez muita confusão.
Foi num selo que arranquei de uma carta encontrada no caixote do lixo.
Eu era então um principiante filatelista.
E lá estavam aquelas letras, estampadas sem nenhuma explicação.
Fiquei a matutar naquilo.
Perguntei às minhas tias todas, mas nenhuma foi capaz de me elucidar.
Guardei o selo e fiquei na mesma.

As pessoas da minha família eram muito religiosas; não falhavam uma mis-
sa ou um Te Deum. Rezavam pela conversão da Rússia.
O sinal que tal acontecimento estava próximo, era o aparecimento cons-
tante, de auroras boreais, que eu julgava ver no escuro do céu.

Explicaram-me mais terde que isso da Nato, era para dar cabo dos comu-
nistas.
QUEM?
Era uma aliança militar a que portugal pertencia, e servia para nos defen-
der do comunismo.
COMO?
Rezando muitos terços e novenas á Nossa Senhora de Fátima.

Mas quem queria fazer maldades na minha terra, onde não havia ninguém que
fosse malandro, e muito menos comunista, ou lá que era .
Seria possível isso?
Eu sabia que havia a GNR, mas eu conhecia os guardas; alguns até eram meus
amigos.

Passei muitos anos sem pensar nestas coisas.
Tinha outras prioridades.
Lia livros policiais, de que o meu pai gostava imenso, e conhecia os heróis
da CIA e do FBI.
Se o meu pai gostava, aquilo devia ser malta fixe.

Só bastante mais tarde é que vim a perceber o verdadeiro significado dessa
organização e da matilha que a servia, e ainda serve.
Afinal, eu era tão ignorante como as comadres que ilustram uma conhecida ban-
da desenhada.

Mas também não há quem queira explicar nada;
e muito menos, qem queira aprender .
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