quarta-feira, 23 de maio de 2012

A SEARA NOVA .

Naquele tempo,
fascismo duramente implantado no tempo das trevas,
a Seara Nova era uma companhia milagrosa, aguardada
àvidamente, sempre a descortinar uma luzinha na noite
mais escura .

Às vezes não saía, outras vezes vinha atrasada, a cen-
sura malhava forte e feio, mudava o director ou o edi-
tor, era uma aventura pôr a revista na rua .
Era uma guerra feroz, para conseguir passar as malhas
apertadas dos idiotas censores, burros e ignorantes,
de meter dó.

O nosso Presidente da República de então, um conhecido
vendedor de bacalhau a pataco, fazia discursos hilari-
antes, de morrer a rir às gargalhadas .
Era o Almirante Américo Thomaz, de sua graça .
Percorria Portugal, a contar anedotas .

A Seara Nova bolou entâo um plano muito bem esgalhado:

A última página da revista, passou a ser integralmente,
todos os meses, preenchida com extractos dos discursos
do presidente bacalhoeiro .

A estratégia durou uns quantos meses.
Quando a revista nos chegava à mão, a primeira coisa a
ler eram os discursos do Thomaz .

Então não é, que os discursos foram proíbidos, sem ape-
lo e sem agravo ...

Como dizia outra aventesma, do país irmão :

Sempre que ouço a palavra Cultura,
puxo logo da pistola ...

Cuidado com os Relvas e os seus lacaios ...
.