Seguro, o homem certo, no tempo errado .
Mas, quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele .
À partida, ficou cercado, preso na sua própria teia .
Como uma pileca amarrada à nora, sem conseguir soltar
as amarras do presente envenenado por todos, inimi-
gos e falsos amigos .
É um tolinho, dizem uns;
Não acerta uma, dizem outros .
Será?
Que poderia fazer António José Seguro, perante um ce-
nário tão desfaforável?
Sempre lhe admirei a sua postura, o seu carácer,
a sua determinação, entre muitos outros predicados .
Faltava-me qualquer coisa relativamente à sua estratégia
política, e por isso eu temia a sua imolação na praça
pública .
Mas, afincadamente, conseguiu quase o impossível :
- Uniu a oposição interna;
- captou muita gente para lá do seu raio de acção, ao cen-
-tro e à sua esquerda;
- mostrou à saciedade que o rei vai completamente nú, e as-
sim parece permanecer; continua virado para dentro, inca-
paz de um pequeno rasgo ;
- mas pior que tudo, as políticas que ele sacralizou, só
ajudaram a enterrar o país, mais e mais, cada vez mais;
- pacientemente, Seguro foi urdindo uma teia, qual Penélope,
fazendo hoje, desfazendo amanhã, e a passo a passo, foi
criando uma linha de fronteira, entre o PS e o PSD, sem o
que não poderia jogar a cartada do afastamento gradual
do garrote da Troika;
- pressentiu os tempos de mudança, que vieram a projectar-
-se claramente aos olhos de todos os falsos gurus de uma
Europa completamente aturdida .
Para quem era considerado o Sec. Geral mais fraquinho do PS,
convenhamos que é obra .
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