Já assisti a este filme em várias ocasiões ao longo
da minha vida .
A interiorização do complexo de culpa .
O medo dos pecados pretensamente cometidos e nunca
remidos .
As dúvidas sempre presentes, mas nunca assumidas .
A este calvário sem fim .
O medo do inferno .
O medo, simplesmente .
Recordo-me das pessoas que fugiam de Portugal,
rumo à escravidão da mão de obra barata, paga em
chapas de alumínio, nos bidonvilles da Europa, dita
civilizada .
Fotografei a partida e a chegada dos que escaparam
a uma guerra criminosa e mesquinha, em terras san-
grentas de África .
Milhões de desenganados, a troco da promessa de um no-
vo império de papel .
Recordo as legiões de portugueses espalhados pelos
quatro cantos do mundo,
Brazil, Estados Unidos, Argentina, Venezuela, Congos
Belga e Francês,
abandonando esposas e filhos, órfãos em vida,
morrendo em terra alheia .
Como dizia o poeta,:
"Que força é essa, Amigo,
que força é essa , Amigo,
que te deixa de bem com outros,
e de mal contigo,
que força é essa, Amigo,
que força é essa, Amigo . "
Aguentámos o nosso sofrimento .
Fomos ludribiados .
Querem cavalgar-nos outra vez .
O inimigo é poderoso.
Que importa?
E voltava o poeta :
" Não há bandeira, sem luta ;
Não há luta, sem batalha . ".
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