Vasco Pulido Valente sublinha hoje que "Cavaco foi evidentemente "o pai
do monstro", muito embora "não tivesse aumentado muito o número de fun-
cionários" ( de 634000 para 638.000). E, acrescenta, Guterres, "quando
fugiu do "pântano", deixou 78.ooo funcionários "
Não sei qual a fonte que VPV na contagem de funcionários públicos ,e ,em
termos de estatistica formal, até deve estar correcta .
Mas não corresponde à realidade .
Em 1995, no início do Governo de António Guterres, o Estado não sabia
quantos funcionários tinha .
Ao proceder ao inventário, constatou a existência de perto de dezenas de
milhares de funcionários com vínculos diversos com o Estado (contratos a
termo certo, sub-contratação a empresas de trabalho temporário, etc.).
Perante este cenário insustentável, o Governo Guterres agiu de acordo com
a Lei Geral do Trabalho, aplicável a qualquer empresa : integrou na função
pública, pela base da carreira, todos os funcionários com, pelo menos, 3
anos de vínculo estável com o Estado (subordinação hierárquica e cum
primento de horário de trabalho ) .
Eram cerca de 70000!
Ou seja, durante a "década" do cavaquismo, o Estado contratou 70000
funcionários em vínculo precário, escondendo-os das estatísticas oficiais .
Posteriormente, o PSD já teve, por diversas vezes, a desfaçatez de acusar
o Governo de Guterres, de ter dado emprego a 70000 "boys" .
Mas são hábitos que difícilmente se perdem .
Seria curioso saber quantos funcionários existem hoje, após mais um go-
verno de direita, com contratos e vínculos precários com o Estado .
Publicado por Mário Garcia,
Domingo, 19 de Junho, de 2005 .
.
.