sábado, 5 de maio de 2012

A ESCOLA DA VIDA .


Saía do meio da Rua de Arroios, onde morava, descia-a
até ao Largo de Santa Bárbara, ponto vermelho no já con-
corrido trânsito urbano,(era uma das principais vias de
acesso aos hospitais de Lisboa ), percorria a Rua com o
mesmo nome, depois Rua do Exército, Campo dos Mártires
da Praia,Largo do Mastro, na Freguesia da Pena, entre o
Necrotério e o Hospital do Desterro .
Uma boa parte das aulas eram o passeio até à Escola Pú-
blica nº 1, e à tarde, o regresso .

Era então que vagabundeava, sem tempo, pelo Gomes Freire,
ruas de Dona Estefânia, Pascoal de Melo, até aportar à
Praça do Chile .
Às vezes aventuravamo-nos até à Baixa, a Praça de Figuei-
ra era o nosso limite.
Outras, subiamos a Avenida Almirante Reis .
Cada dia era uma descoberta .

A Escola que importava ?.

Contavamos o tempo, para ir ver a Cidade, beber cada esquina,
sorver cada loja, apanhar os cromos dos electricos, esprei-
tar as montras, observar as pessoas, aquela salganhada que
se movia em todas as direcções .
Que fazia toda aquela gente na rua ?
Novos e velhos, ricos e pobres, porque andavam tão depressa,
com um ar tão compenetrado .

Esse era para mim, naquele tempo, o grande mistério de Lisboa,
mais difícil de entender do que todas aquelas patacoadas que
éramos obrigados a engolir, como se tratasse de um remédio .
.