Com o dinheiro do primeiro ordenado, o Mário Pedro pagou
a prestação inicial do Alfa .
Esteve algum tempo indeciso entre o Alfa e o Megane .
Mas sempre foi o Alfa Romeo a sua primeira opção .
Quando entrava na nossa rua, toda a gente já sabia quem es-
tava a chegar a casa .
O ronronar do motor não enganava ninguém .
Fazia gala em subir a rua, sempre que vinha dar um beijo
aos pais .
Com o Alfa, o Mário percorreu mais de cem mil quilómetros,
sempre na mecha, como se quisesse agarrar o tempo, que às
vezes parecia fugir-lhe ...
Saia do Algarve, e logo depressa chegava a casa, em Lisboa .
A gente zangava-se com ele, mas nada o demovia de andar com
aquela velocidade toda .
Depois, dadas as circunstâncias, o Alfa foi andando cada vez
menos, e ficava parado grandes intervalos .
Marcava ponto à porta de casa .
Chegou mesmo a permanecer, longamente, em casa de um amigo .
A última viagem que o Mário Pedro fez ao volante do Alfa,
teve que parar, já quase no fim do trajecto .
Contudo, o Alfa Romeo foi resistindo .
Um dia, o carro voltou para casa, cheio de maleitas, que le-
varam muito tempo a sarar .
O Alfa ia aguentando.
Anda agora cada vez menos, e cada vez mais devagar .
Anda com muito cuidado, mas anda .
E, Mário Pedro, andará sempre contigo, enquanto eu fôr vivo .
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