Na minha adolescência, percorria o mundo na companhia de
Ferreira de Castro, um dos grandes escritores tão esque-
cidos pelos portugueses .
Criador de grandes romances realistas, como por exemplo
A Selva, Os Emigrantes, A Lã e a Neve, A Terra Fria, en
tre outros, ensinou-me a ver o mundo de outra maneira .
Mas Ferreira de Castro, para além de grande romancista,
era um imenso narrador, que correu o mundo, contando as
maravilhas que fazia chegar até nós, nas páginas do jor-
nal onde trabalhava .
Ao tempo, sem televisão, sem possibilidades de viajar,
previlégio de poucos, era a única maneira de conhecer a
diversidade de povos e gentes completamente diversos de
nós, em todos os sentidos .
A diversidade é sempre enriquecedora, e ajuda a dar o de-
vido valor a nós próprios .
É fácil (?) interiorizar esse sentimento, tendo em conta
a nossa natureza aventureira, que nos levou aos confins
do mundo, vivendo e morrendo ao lado de tanta e tão estra-
nha gente que conosco se miscigenou .
Foram as obras de Ferreira de Castro, A Volta ao Mundo e
Pequenos Mundos, que me ensinaram a desbravar novas ter-
ras, novos povos, novos costumes, novas manifestações ar-
tísticas e culturais.
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