domingo, 19 de julho de 2015

O MUSEU DAS COISAS - 17 - O VIDRO .

Quando era miúdo, bebíamos o café e o leite por canecas
ou por chávenas ou chávenas almoçadeiras .
Não bebia vinho, portanto o vidro passava-me um pouco
ao lado .

Um dia, a minha avó levou-me à feira para jogar nas panelas
e na roda das prendas . disse-me que eu tinha sorte, eu puxei 
a roleta com mil cuidados, e calhou-me uma uma pequena taça
de vidro, de côr azul celeste .

Fiquei abismado ...

Ainda por cima, explicaram-me que o vidro era fabricado com
areia. 

Como era possível ?...

Mais tarde, já mais crescidinho, 
sempre que se proporcionava, levava horas a ver os artesãos,
a aquecer os pedaços e vidro, a cortar, a esticar e a soprar, co-
mo se estivessem a brincar .

E surgiam aos meus olhos,
patos, cisnes, galinhas, elefantes, bailarinas, tudo,
com as côres mais lindas do mundo .

Uma maravilha .

Passei a respeitar essa profissão .

Andei de terra em terra, de país em país, para ver as obras pri-
mas, que eram expostas por todo o mundo , designadamente em
Portugal, num lugar chamado Marinha Grande .

Trabalhos encomendados por Reis e Empresários de todo o
Mundo, raramente ficavam em Portugal,
seguiam para os Museus e para os Palácios da gente graúda .

Hoje em dia, já pouco existe em Portugal,
nem fábricas,
nem operários,
nem obras de arte .

Que M.... de  País ...
.