segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O CARROCEL .

E de novo o carrocel maluco, 
Serra abaixo, Serra acima,
partindo dum vale profundo, 
para logo atingir os cumes sagrados, 

Quantas vezes por aqui andei, desci, subi, nesta montan-
ha russa de granito.

Olhar a Serra é senti-la no coração, imaginar, fantasiar,
curtir cada frágua, em cada poio, em cada calhau, numa
aproximação ao Belo, ao Transcendente, que nos trans-
porta  para além, muito longe .

Para o sentir daquelas gentes sofridas, o suor e o sangue 
dos que na Serra labutaram, àrduamente, escavando um 
pouco de solo entre as enormes pedras que compôem o 
imenso presépio da Estrela .

Só os que viveram na pele, as agruras e as dôres de parto
deste povo, conseguem lá chegar, conseguem explicar a
Serra, no seu âmago .

Que interessam os adjectivos usados, as descrições gros-
seiras, as classificações supérfluas .

Nada importa .

O que interessa,
é o espanto que nos dobra, em cada curva a estrada .

O palavreado barato só nos distrai do essencial :

A grandeza telúrica deste espectáculo grandioso, só é
ampliado. quando a neve nos faz a sua ampliação.

É então que conseguimos chegar ao Céu .

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