Há algum tempo ouvi falar na publicação da biografia do Marechal Costa Gomes, personagem central da democracia em Portugal, no pós 25 de Abril.
Foi um homem controverso, Presidente da República em Novembro de 1975, época
que continua com muita coisa por descobrir e explicar. A biografia de Costa Gomes poderá abrir algumas portas e janelas sobre essa época tão conturbada, até porque ele esteve no olho do furacão nesses dias marcantes da nossa história.
Fui à procura do livro nalgumas livrarias de Lisboa. Numa delas, ficaram muito espantados pois não conheciam o Marechal. Noutra, para onde tinham pedido informação, responderam que só tinham encomendado um exemplar da biografia, e que o mesmo ainda não tinha sido vendido.
Deixei passar alguns dias, e por ter que trocar um livro repetido que uma pessoa amiga me tinha oferecido, fui a uma livraria de referência, onde me disseram que o livro sobre Costa Gomes não estava à venda!
Fiquei estupefacto com a situação. Trata-se de um trabalho sobre uma das pessoas mais marcantes da nossa revolução.
Será que o livro é muito grande e pesado e também muito caro e não é acessível à maioria dos potenciais leitores?
Será que por ter passado muito tempo, mais de 30 anos, sobre os eventos e portanto a gente mais jovem não conheçe a figura e os acontecimentos?
Será que muitos dos que viveram os factos já não existem ou não se interessam pelo assunto?
Mas então não haverá ainda muita gente que conheça, que tenha ouvido falar ou que se interesse pela história de um personagem histórico que nos pode ajudar a compreender melhor o que se passou nesses atribulados dias de Novembro de 1975?
Não haverá alguém que, por paixão, por dever de oficio, por gosto, por curiosidade ou por mero acaso que tenha comprado o livro?
Será que já não há quem se interesse pela nossa história, pela nossa memória, será que já niguém se questiona porque ficou Portugal quase meio século parado no tempo?
O que mais me preocupa é como é que se pode vislumbrar o futuro de um Pais que tem um enorme passado, uma fabulosa história, mas uma memória tão curta.
Um país não pode avançar sustentadamente na senda do progresso se não conhecer e entender convenientemente o seu passado.
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