Após as ameaças deixadas sábado desde a Suiça, no anúncio do fim da crise, de que o país poderia parar vários dias este mês, "protestos" aos quais se juntou o Rui Nascimento, acordámos hoje com uma realidade muito europeia.
Se em Espanha, França e Itália se pode parar o país porque teremos que ser nós menos "desenvolvidos"...
O que temos no entanto aqui é uma comissão de "pequenos" empresários, detentores de pequenas frotas de veículos pesados que, à revelia da ANTRAM, associação do sector, resolveu, e de uma forma segundo alguns muito organizada, levantar a sua voz contra os elevados preços do combustível, ameaçando que só parariam o protesto quando o governo cedesse.
Várias questões e dúvidas se levantam neste caso.
Por um lado qualquer empresa a que sejam incrementados os custos de produção poderá naturalmente aumentar o preço dos seus produtos e serviços a não ser que o mercado não o permita.
Sendo que é uma grande parte do sector, pelo menos é essa a imagem que fica, a passar pela mesma situação então ou é falta de organização associativa ou é um problema de regulação, seja ela devida ao Ministério da Economia ou Autoridade da Concorrência, dado que o encerramento de muitas empresas poderá levar a situações de controle dos preços e margens por muito poucas empresas, independentemente de na vertente macro (a que cada vez mais serve para decidir o rumo do país) o número ser elevado.
Tem, ninguém duvidará, o transporte rodoviário uma importância cada vez mais estratégica num mercado mais global e menos local. Talvez assim não fosse se a União Europeia tivesse apostado a sério no transporte ferroviário de mercadorias devidamente interligado com as infraestruturas portuárias...
Naturalmente que o mais fácil é apontar o dedo ao preço do combustível e por consequência aos impostos que nele recaem, servindo qualquer redução destes ao sector dos transportes a um aumento do pagamento por parte de quem não a terá.
Outra situação que naturalmente está em causa é que o que vemos é uma "greve" de empresários, com utilização dos seus trabalhadores, na grande maioria com remunerações não compensadoras do desgaste a que são submetidos, num sector em que a concorrência desleal entre as várias empresas se faz com atropelos à lei ao nível das cargas ou falsificações dos mecanismos de registo de horas (tacógrafos).
Resta então tentar perceber se o verdadeiro problema é o preço do combustível ou um sector em que a pulverização de pequenas empresas que actuam com códigos de ética no mínimo diferentes levará, com este nível de preços energéticos ou quaisquer outros, seguramente ao fecho de muitas delas, talvez até daquelas que mais respeitam a lei.
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