Os quatro cavaleiros do Apocalipse :
O Fogo, a Fome, a Peste
e a Guerra .
É muito difícil entender o que se passa à nossa volta, no
que diz respeito à catástrofe dos fogos florestais, repetida
todos os anos, pelas férias grandes dos burgueses, sentados
à beira mar, molhando os pés e mijando na água, para ali-
viar a bexiga .
Comendo sorvetes e bolas de Berlim, e chavascando nos
restaurantes mais in, chupando patas da lagosta ou lava-
gante .
Bebem uns copos para aliviar a tensão, bailam até ao nascer
o sol, embriagados pela sensação do dever cumprido .
Que importa o que vai lá fora .
Deixa arder, que o meu pai é bombeiro .
A cair de bêbados, nem sequer vêem os telejornais, que o mun-
do está cheio de desgraças, e quando vêem, pensam que é ape-
nas um filme de actualidades, lá no Norte ou, quem sabe, no es-
trangeiro .
As autoridades, que diabo, também têm direito a gozar as suas
férias .
Não é nada com eles .
Em Setembro, logo se verá ...
De que servirá Portugal ser um País muito avançado em novas
tecnologias, com uma grande percentagem de cérebros, desco-
brindo cada vez mais as tecnologias da informação e outras ma-
ravilhas da técnica e da tecnologia, ofuscando o mundo com coi-
sas maravilhosas, se depois,
o País arde, arde sem parar, reduzindo a
cinzas
o património humano, o edificado, a vida toda de uma já redu-
zida população, em vias de extinção, desiludida e sem futuro .
Afinal, para que servem os nossos doutores e engenheiros, a fina
flôr nos nossos emigrantes da ciência, que gastaram o dinheiro
numa esmerada educação, e agora não querem dar uma mão
para ajudar a refazer de novo, o nosso triste e apagado Portugal .
Os portugueses agradecem ...
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