quarta-feira, 8 de outubro de 2008

VOTO INÚTIL

Devo confessar que nunca consegui convencer ninguém a militar no PS (ou noutro partido qualquer). Várias vezes tentei, mas havia sempre uma desculpa óptima para cada caso. Por isso não vale a pena estar com patranhas, quando eu próprio só me tornei militante, devido à persistênciado meu filho, que me fez perceber as razões e a importância de tal acto.Tal aconteceu no tempo em que o Jorge Sampaio abandonou o MES e aderiu ao Partido Socialista.
Eu tinha já votado em tudo o que cheirasse a esquerda, desde o Otelo, até ao PS incluído. Tive que engulir o sapo do Eanes, mas não o MRPP, que sempre foi um partido da direita reaccionária. Fui o que se pode chamar um votante anarquista.

Vem esta conversa a propósito de uma questâo que me tem preocupado nos últimos tempos:
Porque votam as pessoas?
Como votam as pessoas?
Raciocinemos do seguinte modo: dividamos o bolo dos votantes em 3 partes, valendo cada fatia aproximadamente um terço do bolo. Julgo que não andarei muito longe da verdade, se a repartiçao dos votos fôr do seguinte modo: cerca de 1/3 contra tudo e contra todos, o que corresponderia aos vários tipos de abstençao; o 2º terço juntaria os votos da esquerda, contra a direita e o último terço juntaria os votos da direita contra a esquerda.
No meio disto tudo sobram os militantes convictos dos vários partidos, que podemos estimar em algumas dezenas de milhares (talvez uma centena de milhar), para os principais partidos.Visto desse ponto de vista, a expressão "voto útil" , usada por tudo e por nada, deixa de ter qualquer sentido, porque efectivamente, a maior parte das pessoas não se "inscreve" numa opção bem definida, seja qual fôr, que se manifeste pela positiva. Os portugueses votam, em regra, quase que institivamente, pela facilidade com que se opõem ao contrário, em vez de se assumirem pelas próprias ideias, propostas e projectos. Dificilmente se questionam sobre a realidade mais profunda das coisas. Identificam-se mais pela obstrução, do que pela afirmação.

Voto inútil, porque pouco sustentável, mal caracterizado, indefinido e imprevísivel. É esse voto inútil que preeche o cinzento centrão, o qual, por sua vez determina a vitória ou a derrota deste ou daquele partido.
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