Toda a vida foi assim. Sempre fomos do contra.
Portugal quase sempre se assumiu contra quase tudo e quase todos.
Bateu-se contra os Árabes, lutou contra os Espanhóis, correu com os Franceses, aguentou-se com os Ingleses, estes sempre contra a nossa vontade.
Fomos a favor dos Descobrimentos mas contra a maioria dos povos que colonizámos. Desancámos os Filipes até os empurrar para a Espanha.
Andámos à pancada com os Judeus, até os pôr fora do País.
Mais tarde malhámos alternadamente, ora contra os liberais, ora contra os miguelistas.
Andámos à tareia com os Cabrais.
Depois estivemos contra os monárquicos, absolutistas ou constitucionais.
Desancámos o João Franco e acabámos com o Sidónio.
Durante a 1ª República sempre se lutou contra; contra os Reformistas, os Evolucionistas, os Unionistas, os Democráticos, e assim por diante.
Na 1ª guerra Mundial votámos a favor, para defender o Império Colonial
Português, contra as potências do Eixo.
Por uma vez na nossa história, Portugal teve uma atitude digna e de grande nobreza, ainda assim, uma posição contra: o nosso país foi o primeiro a VOTAR CONTRA A PENA DE MORTE. Foi um grande exemplo para o mundo. Só por isso, Portugal já valeu a pena.
Depois veio o Estado Novo e quase entregámos o jogo. Castrados, perdemos a vontade
de brincar à porrada, durante muito tempo. Era o tempo em que quase sempre
levávamos, e muito pouco dávamos.
Passámos a ser do Reviralho.
Lutámos outra vez para o contra, contra o Salazar, contra o fascismo, contra a guerra nas colónias.Contra o capitalismo e contra a guerra do Vietname.
Depois do 25 de Abril, fomos a favor da Liberdade e da Democracia, mas depressa ficámos contra os americanos, contra o capital e contra o capitalismo.
Contra Mário Soares e contra Álvaro Cunhal.
Contra o Soares Carneiro e contra o Eanes. Contra o Cavaco e o cavaquistão.
Sempre contra todos e contra tudo.
Como foi possível a um país pequeno e sem grandes riquezas mas com oito séculos de história levar a vida a lutar e a votar quase sempre CONTRA?
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