quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A MÃE

( Adaptação livre de Máximo Gorki)

Desde muito pequeno que Pavel se interessava por tudo quanto o rodeava. Era inteligente e muito bondoso. Estava sempre disposto a ajudar a resolver os problemas dos outros. Depois, quando foi trabalhar para a fábrica, ensinava os companheiros nas questões mais complicadas e a todos ouvia com atenção, dentro e fora das oficinas.
Desde cedo se começou a inteirar das injustiças sociais, tentava saber o porquê da maldade dos homens, e, como era mais culto que os demais, conseguia arranjar explicações para as coisas.
Pouco a pouco, Pavel ia-se tornando um verdadeiro líder.
A MÃE, de seu nome Pelágia, seguia com grande atenção, e alguma desconfiança, mas também com grande orgulho, a trajectória e o progresso das actividades de Pavel. Depois, à medida que as reuniões e discussões, que em regra, se realizavam em sua casa, e se prolongavam noite adentro, tornando-se cada vez mais acaloradas, a MÃE começou a temer pelo filho, sentindo que ele se expunha cada vez mais a possíveis represálias da polícia.
Passou a estar mais calada e algo temerosa, apesar do que acontecia à sua volta. Á medida que se aproximava o 1º de Maio, as preocupações da MÃE iam-se avolumando, até que o grande dia chegou.
Vinham camaradas todo o lado, traziam faixas com frases revolucionárias e bandeiras vermelhas.
A multidão foi engrossando cada vez mais.
Foi então que a polícia surgiu.
Foi cercando cada vez mais os manifestantes e começaram as provocações de parte a parte. Deram-se as primeiras escaramuças. Pavel era um alvo fácil, pois era ele que transportava a bandeira. A Mãe seguia atrás das companheiras e com os outros camaradas.
Começou a cantar-se a Internacional e a luta atingiu o auge.
A polícia carregou violentamente e muitos cairam ao chão e foram maltratados e presos.
Pavel foi um dos apanhados.
A multidão fugiu em debandada, aos gritos. Seguiu-se então um grande silêncio, e instalou-se o desalento e o desarmar das lutas operárias.
Passaram os tempos, Pavel estava preso.
A MÃE tinha entretanto ido trabalhar na fábrica. A MÃE continuou o trabalho, mas agora " o outro trabalho" era mais importante para ela.
Ia aprendendo como era importante a luta em comum e a solidariedade entre os trabalhadores.
Era já escolhida para pequenas tarefas e depois para responsabilidades cada vez mais importanres.
A MÃE rapidamente ganhou o respeito e a confiança de todos.
Afinal, reconhecia agora que eram todos camaradas e amigos, homens e mulheres simples com a mesma coragem e determinação que Pavel havia mostrado desde sempre.
Estava em preparação o julgamento dos camaradas presos no 1º deMaio. Nesse dia as pessoas foram-se juntando à porta do tribunal, mas foram impedidas de entrar. Durante vários dias esperarou-se o veredicto.
Quando saiu a sentença foi a revolta da população inteira.
Pavel havia sido condenado ao desterro, assim como todos os seus companheiros.
Com a MÃE à frente, segurando uma bandeira vermelha, insultava os guardas, clamando por justiça e invetivando contra eles, numa fúria que até então desconhecia.
Foi completamente cercada e maltratada pelas pancadas que a polícia lhe deferiu.
Caíu e jamais se levantou e alguém agarrou a bandeira e a levou para longe.
Pavel tinha sido arrastado para o desterro, mas ainda consegiu antever a figura da MÃE.
Como ele devia estar orgulhoso da MÃE Pelágia, por sentir a força e a coragem que ela havia ganho ao seguir o caminho da luta que o filho havia travado até ser preso. Pavel continuava deste modo a sonhar com a realização dos seus ideais.
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