quarta-feira, 25 de março de 2015

O MUSEU AS COISAS - 6 .

Mas a bola era apenas um pretexto .

Era toda uma filosofia de vida que nos tomava, sem apelo
nem agravo .
Cá para nós, havia sempre o antes e o depois da bola .
Que importava a escola, os professores, a merenda, os joel-
hos deitados abaixo, as reprimendas da família, os castigos
que sofríamos, com um serrar de dentes .

Que importava tudo isso .

Se não houvesse bola (havia sempre uma bola, desde que a
imaginação reinasse),
tinhamos que jogar com as caricas, fabricadas com as tampas
das garrafas, ostentando os retratos nos nossos heróis e cheios
e lastro bem pesado .
Essa tarefa era o equivalente da preparação física dos nossos
dias, eram o arranjar o equipamento, a faina da musculação,
pois só as caricas mais rijas poeriam aguentar um campeona-
to inteiro .

Havia ainda um outro desempenho, não menos importando no
contexto da modalidade, que eram as colecções de .
cromos .

Já naquele tempo, eram e quase todos, conhecidas as dificulda-
des financeiras a maioria os clubes.
Nem todos tinham a capaciade de aceder a um plantel comple-
to e bem equilibrado .

Felizmente que aparecia sempre um mecenas, gente importante
do meio, que, comprava por inteiro a lata dos cromos, que inclu-
ia, nacessáriamente o Nº da Bola, sem o qual, Ccampeonato
e aTaça e Portugal, não poderiam ter lugar .

Mas era a bola real, a bola de cachum, que nos comanda-
va o sonho .

Que se lixassem as aulas...
.