Traz o desastre,
Traz o desastre .
Era assim que os ardinas apregoavam os jornais,
ao correr desde a Rua de O Século, até se espalha-
rem pelo Rossio e por toda a Cidade .
Traz o desastre.
Traz o desastre .
Os mais atrevidos, gritavam bem alto
Lisboa, Capital,
República, Popular .
No escuro da noite, assinalavam os quatros ves-
pertinos, que à época, se publicavam em Lisboa .
Era um grito de liberdade que ecoava pela cidade,
mas também uma pequena homenagem aos homens
e mulheres que faziam chegar as novas até às nossas
casas .
Um pequeno grande gesto de cumplicidade com
todos nós . Aquecia-nos um pouco a alma,
reclamando liberdade,
que tardava em chegar .
.